O futuro do varejo de luxo foi o tema de uma das palestras do segundo dia do Fórum E-Commerce Brasil – Global Edition. Mesmo com a crise ocasionada pelo coronavírus em 2020, este setor do mercado se viu cercado por oportunidades e conseguiu se manter funcionando a partir do ambiente digital.
Foram chamados para discutir esse assunto a Natalie Klein, fundadora da NK Stores, e Ricardo Almeida, fundador e CEO da marca de mesmo nome. Tratam-se de duas figuras que coordenam empresas de moda de luxo e que vivenciaram diversas mudanças do mercado nos últimos anos, além de terem muito a contar sobre as adaptações que sofreram durante a pandemia.
Para Natalie Klein, que já tinha certa familiaridade com o e-commerce, a pandemia foi o fator impulsionador que faltava para mudar a forma como as operações eram integradas: “da noite para o dia minha pirâmide de vendas virou, as vendas online passaram as da loja física e nós entendemos a necessidade de fato ser omnichannel”.
Já no caso de Ricardo Almeida, que atua no ramo de grifes masculinas desde 1983, o e-commerce é uma novidade, mas já é visto com bons olhos. Em menos de 100 dias, a empresa iniciou uma loja virtual e sentiu a necessidade de diversificar o catálogo de produtos para atender a atual demanda do consumidor.Nos casos, no entanto, a principal preocupação foi com a qualidade do atendimento e em manter a proposta diferenciada para os clientes.
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Propósito e cultura das marcas
Em 1991, quando além de vender sua marca para outras lojas, Ricardo inaugurou sua primeira loja física, ele começou a diversificar procurando tecidos importados e novas modelagens, encontrando na sua frustração um nicho de mercado disposto a pagar mais caro por produtos com maior atenção aos detalhes.
Em 1999, Natalie então com 21 anos, viu uma oportunidade de vender no Brasil grifes internacionais, porém complementando com produtos próprios com propostas diferenciadas. Os produtos próprios, que a princípio eram minoria nas vendas, hoje representam 80% das vendas da NK Store, segundo a executiva.
Os dois concordam que a moda é mais do que o uso de roupas, que constroem um estilo de vida. Natalie inclusive compara a construção de um guarda-roupa de luxo à decoração de uma casa: leva-se tempo, personalização e os elementos não são descartáveis, eles precisam significar algo para o consumidor.
Proposta diferenciada
Além do combate à fast fashion, ou seja, à produção de roupas em massa, a moda de luxo na opinião dos executivos deve ter várias formas de serem combinadas. Portanto viram peças atemporais quando são feitas com qualidade. A moda “lenta” também incentiva o consumo consciente e tenta se alinhar à uma posição mais sustentável de produção.
Sobre isso, Ricardo Almeida explica: “não é só escolher o tecido que tem menos impacto, reciclável, mas o de melhor qualidade, que vai durar mais com o consumidor”. Para Ricardo, ainda, “mais importante do que a roupa que se recicla é a roupa que não precisa ser descartada”. Natalie Klein completa que ao aderir à proposta sustentável, a empresa procurou modelos para se espelhar e tenta se aliar a parceiros que ofereçam alternativas com o menor impacto negativo à sociedade e ao meio ambiente.
Uma nova experiência
No caso da NK Store, o principal desafio ao potencializar a experiência omnichannel no consumidor durante a pandemia foi conseguir transmitir os valores da marca e a experiência digital através do digital. Tal necessidade “foi uma grande lição de casa”, explica a executiva, mas completa: “se estamos passando a mensagem verdadeira, é fácil transmitir os valores”. Dessa forma, o ponto que fez a grife se destacar foi o fortalecimento da cultura, centrada na inovação e experiência do consumidor.
“A moda não é roupa, ela é uma expressão”, diz Natalie. Ela enfatiza que, mesmo durante a pandemia, as pessoas procuraram novas formas de dar um significado às suas roupas e continuaram comprando. “O futuro é integrado, quebramos todos os muros das lojas”, ela completa.
Para Ricardo Almeida, o que garantiu o sucesso do e-commerce da marca em tão pouco tempo foi o comprometimento com a experiência de compra. “Quem escolhe onde é melhor comprar é o consumidor”, de maneira que o canal digital precisa estar disponível, mas com a mesma proposta da loja física. “O serviço é mais importante que o produto”, ele conclui.
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Por Júlia Rondinelli, da redação E-Commerce Brasil.