A expansão do comércio eletrônico impulsionou não apenas o volume de entregas, mas também a atuação de quadrilhas que aplicam o chamado golpe da entrega. Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública apontam crescimento de 17% nesse tipo de crime apenas em 2024.

O golpe começa com o envio de mensagens por SMS, WhatsApp ou e-mail que simulam comunicações de transportadoras ou grandes varejistas, informando uma suposta pendência na entrega. Em seguida, as vítimas são direcionadas a links falsos, cobranças indevidas ou aplicativos maliciosos que coletam dados pessoais e bancários.
Golpes cada vez mais sofisticados
Segundo especialistas, o crime tem se tornado mais sofisticado e difícil de identificar. O uso indevido da identidade visual de grandes marcas aumenta a credibilidade das mensagens, especialmente entre pessoas que de fato aguardam uma encomenda.
As abordagens mais comuns incluem mensagens via WhatsApp ou SMS com links suspeitos, e-mails falsos imitando empresas como Amazon, Correios e Jadlog, além de sites de rastreamento falsos e até ligações telefônicas que simulam centrais de atendimento.
Quadrilhas organizadas ampliam a operação
Embora existam golpes isolados, o que mais preocupa as autoridades é a atuação de grupos organizados. Essas quadrilhas operam com estruturas profissionais, incluindo sites falsos, perfis em redes sociais, disparos automatizados de mensagens e até call centers fraudulentos.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, o combate a esses crimes foi intensificado, com apoio de unidades especializadas como a Divisão de Crimes Cibernéticos. Desde 2020, é possível registrar boletins de ocorrência de estelionato pela Delegacia Eletrônica, o que contribuiu para reduzir a subnotificação e aumentar os registros oficiais.
Operações recentes em estados como São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul resultaram em prisões de integrantes dessas quadrilhas, muitas delas com atuação nacional e envolvimento em lavagem de dinheiro.
Empresas reforçam campanhas de alerta
Entre as companhias mais visadas está a Jadlog, alvo frequente de tentativas de phishing. Os golpistas informam falsamente que uma remessa está bloqueada e solicitam pagamento para o desbloqueio.
A transportadora tem ampliado as campanhas de conscientização em redes sociais, portais e áreas de rastreamento, alertando sobre os riscos e orientando usuários a verificar sempre os canais oficiais. Segundo a empresa, todas as comunicações legítimas ocorrem apenas por meios institucionais, e as ações seguem as normas da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
A Amazon também afirmou colaborar com autoridades e órgãos de defesa do consumidor para prevenir fraudes. A companhia reforça que nunca solicita pagamento por meio de links enviados por mensagens e recomenda que o cliente acesse diretamente sua conta no site oficial para confirmar qualquer solicitação.
Orientações ao consumidor
O Procon-SP alerta que o consumidor deve desconfiar de mensagens com pedidos de urgência, cobrança de taxas inesperadas ou solicitações de atualização de dados. A orientação é verificar o status da entrega diretamente nos canais oficiais e evitar clicar em links recebidos por aplicativos de mensagem.
Em caso de golpe, o órgão recomenda registrar boletim de ocorrência e informar o banco ou a administradora do cartão sobre qualquer movimentação suspeita.
O Procon-SP também mantém a página “Evite Esses Sites”, que lista endereços denunciados por consumidores e considerados não confiáveis. A lista pode ser consultada em sistemas.procon.sp.gov.br/evitesite.
Como se proteger
- Desconfie de mensagens que cobram valores inesperados ou exigem ação imediata;
- Não clique em links de remetentes desconhecidos;
- Confirme o status da entrega nos canais oficiais da transportadora ou loja;
- Utilize antivírus e mantenha o sistema atualizado;
- Em caso de dúvida, entre em contato direto com a empresa responsável pela entrega.