AliExpress mira live commerce e produtos financeiros no Brasil
O AliExpress planeja usar live commerce, serviços financeiros e cadastrar vendedores locais em seu marketplace, com o portal de comércio eletrônico do gigante chinês Alibaba buscando manter a expansão no Brasil em um ambiente de crescente concorrência, disse o principal executivo da companhia no país, Yan Di.
Com crescimento de cerca de 130% das vendas em 2020, o popular portal de compras quer usar essas iniciativas para ampliar o vínculo com clientes no Brasil, que tornou-se um dos cinco maiores mercados do AliExpress em vendas no mundo.
“Vamos investir em live commerce”, disse Di à Reuters, referindo-se a um modelo que envolve entretenimento online como ferramenta para geração de engajamento de clientes e elevar vendas.
A modalidade já representa cerca de 10% das vendas do comércio eletrônico na China e também vem ganhando popularidade em alguns mercados europeus.
Num movimento preliminar nessa direção, nos últimos meses, o AliExpress tem ampliado investimentos em marketing em reality shows de grande audiência na TV brasileira, como o “Big Brother Brasil” e “A Fazenda”. Em sua página no LinkedIn, o grupo recentemente anunciou que quer contratar um líder de marketing no Brasil.
Em outra frente, o AliExpress planeja passar a oferecer serviços financeiros no país, estendendo produtos já oferecidos, como pagamento parcelado sem juros.
A medida poderia ajudar o grupo a enfrentar também a crescente integração entre comércio eletrônico e serviços financeiros, que no Brasil tem expoentes como Mercado Livre, Magazine Luiza e B2W.
“Entrar no ecossistema de finanças no Brasil é questão de tempo”, afirmou o executivo, declinando, no entanto, mencionar um prazo sobre quando isso deve acontecer.
Para complementar o processo de “abrasileirar” mais o serviço, o AliExpress também prepara “para breve” o cadastramento de vendedores locais em seu marketplace.
Essas iniciativas são desenhadas enquanto o AliExpress também procura melhorar a eficiência logística para reduzir os prazos de entrega.
Neste mês, a empresa anunciou entregas de importados em até 12 dias para clientes na cidade de São Paulo, serviço que deve gradualmente chegar a outras cidades.
“E fazemos isso sem cobrar mensalidade”, afirmou Di, sem mencionar diretamente o “Prime”, programa de fidelidade da rival Amazon, que inclui entregas grátis aos afiliados.
Os comentários ocorrem no momento em que diversos grupos de comércio eletrônico no Brasil vêm tentando também aproveitar a demanda por importados, incluindo a Shopee, de Cingapura; o Tiendamia, com sede no Uruguai; Wish; e Shein.
A própria Amazon anunciou neste mês uma prateleira de importados com frete grátis para clientes do Prime no Brasil.
De fato, o AliExpress tem percebido que vários de seus rivais têm tentado sair na frente no Brasil com produtos e serviços já populares na China e em outros mercados, como a venda de produtos por preço de custo e o próprio live commerce.
No começo do mês, a B2W anunciou acordo com a plataforma europeia OOOOO, que usa streaming para alavancar vendas, preparando a estreia no live commerce.