Logo E-Commerce Brasil

Pequenos e médios no tamanho, gigantes na agilidade

Por: Vaner Teixeira

Gerente Executivo de Capítulo

Gerente Executivo de Capítulo na RD Saúde, é especialista em Transformação Ágil, Consultor em Processo, Projetos e Instrutor Agile. Trabalhou transformando empresas, construindo parcerias e inovando através do desenvolvimento de produtos digitais que transformem o negócio e a vida das pessoas. Acredita que conhecimento é para ser compartilhado. Tem domínio das ferramentas Jira, Confluence, Bamboo e Bitbuket. E também possui inúmeras certificações ágeis, como KCP®, KMM®, KSI®, KSD®, PACC®, PSPO®, PSM®, PSK®, DEPC® e SFPC®.

Diferentemente do que se possa imaginar, quando o assunto é agilidade, os pequenos e médios negócios têm um enorme potencial para aplicarem o que há de melhor em termos de boas práticas. Afinal, estamos falando de uma mentalidade, uma maneira propositiva de encarar os fatos, o que demanda, de muitas formas, mais atitude do que investimentos, especialmente se levarmos em conta as despesas com os serviços que atualmente compõem o portfólio de tecnologia das grandes empresas. O sucesso das startups ao redor do mundo é o maior indicador de que, para ser ágil, nós precisamos estar dispostos – e preparados, claro – a deixar os caminhos tradicionais para trás.

Com base nos conceitos mais fundamentais da agilidade, temos a capacidade de explorar as lacunas que, na maior parte das vezes, os grandes players não conseguem enfrentar.

Inclusive, uma ótima dica para os pequenos e médios é exatamente esta: não tentem apenas copiar os passos dos grandes! No lugar disso, atentem-se à primeira premissa da agilidade: errar, corrigir rápido e acertar. Ou seja, atrevam-se à experimentação e colham frutos positivos ao fugir de fórmulas prontas. Ainda que os números divulgados na imprensa e nas redes sociais funcionem como um convite para replicarmos práticas bem-sucedidas, isso é, na verdade, uma armadilha, já que nem sempre o que funciona para as grandes tem o mesmo efeito entre as pequenas e médias empresas.

Com base nos conceitos mais fundamentais da agilidade, temos a capacidade de explorar as lacunas que, na maior parte das vezes, os grandes players não conseguem enfrentar por questões como burocracia, longas cadeias para a tomada de decisão e lentidão no uso das tecnologias mais recentes. De forma prática: uma mesma receita pode dar errado a depender de quem cozinha, dos ingredientes ou dos equipamentos. Todos os problemas que podemos apontar quando analisamos a operação de marcas já consagradas podem ser entendidos como oportunidades.

Vale sempre se perguntar: “o que o nosso time pode fazer para entregar uma experiência melhor nas situações em que as grandes falham?”. É preciso mapear as brigas que valem a pena e escolher aquelas em que há vantagens, não o contrário. Por exemplo: quando você trabalha com produtos customizáveis ou exclusivos, não há razões para tentar competir no fator prazo de entrega. Em vez disso, prefira apostar em um atendimento personalizado e mais próximo para cativar seus clientes. Por vezes, ele está até disposto a esperar mais pela entrega, desde que isso seja anunciado de maneira transparente e que ele possa confiar nas condições que você estabelece na hora da venda.

Nesse sentido, compartilhando a minha visão após muitos anos de trabalho no universo da agilidade, acredito que há um elemento essencial que os pequenos e médios negócios podem trabalhar com maestria: a comunicação com o cliente. Hoje, com o emprego de soluções à disposição de qualquer empresa, é possível criar um ambiente em que a comunicação e o bom relacionamento superam, em diferentes contextos, o peso das marcas. Dos textos escolhidos para as mensagens automáticas à quantidade de estímulos ao longo da jornada de compra, é possível gerar nos clientes a sensação de que eles são únicos, especiais e que estão sendo ouvidos.

Em certa medida, isso é óbvio, mas quantos de nós não tivemos uma série de experiências ruins com centrais de atendimento totalmente desumanizadas, sites que não nos dizem nada e chatbots incapazes de endereçar dúvidas e ações? Se eu te desse cinco minutos para pensar, a lista de decepções seria grande. Do outro lado da mesa, dos empreendedores, essa mesma lista pode servir de ponto de partida para a criação de ótimos produtos e serviços. É preciso acreditar, visualizar e agir.

Para sermos ágeis, é preciso praticar a escuta ativa

A escuta ativa é fundamental para criarmos uma cultura ágil e, nesse contexto, devemos dar atenção para todos os públicos, quer sejam internos ou externos. Crie oportunidades para falar com as pessoas-chave para o seu negócio, elaborando caminhos para identificar até as nuances de percepção em torno de produtos, serviços, resultado e tudo mais que possa ser melhorado. Muitas vezes, isso significa colher críticas, que podem ser transformadas em um insumo valioso para quem gosta de solucionar problemas. Se o cliente tem uma reclamação, é nosso papel conhecê-la e tratá-la com o nível de urgência que ela merece.

Agilidade tem tudo a ver com comunidade

Por isso, crie conexões, faça benchmark! Quanto mais nós conhecemos o que já foi feito, mais rápido podemos entender o que vai ou não funcionar para solucionar os desafios específicos do nosso negócio. Esse racional também se aplica ao sentido inverso: os nossos aprendizados podem encurtar caminhos para outras pessoas e empresas. Em outras palavras, boas conversas podem gerar economia de tempo, dinheiro e frustrações.

Aos poucos, com consistência, paciência e dedicação ao que realmente importa, sem gastar tempo, dinheiro e energia com distrações, a agilidade se torna um hábito, um estilo de pensar e agir. Essa filosofia nos empodera na hora de criarmos respostas aos erros, que passam a ser vistos como etapas de uma progressão contínua e mais realista. Nenhuma grande ideia nasceu pronta, pelo contrário, é fruto da soma dos esforços positivos que sucederam os erros. Por isso, ouse implementar os valores e os princípios da agilidade, que podem ser encontrados no famoso Manifesto Ágil, publicado em 2001. De forma bem objetiva, os desenvolvedores responsáveis pelo documento deixaram claro o que entendem por agilidade, permitindo que qualquer profissional possa se apoderar dessa visão que trouxe novos ares para o mundo corporativo, tão apegado às tradições.

A agilidade pode estar em todas as áreas do seu negócio

Senta que lá vem história! Você sabia a origem do que nós chamamos hoje de agilidade se deu há mais de 20 anos? E tudo começou de uma forma bastante organizada, com a divulgação de um documento batizado de Manifesto Ágil. Em plena virada de século, um grupo de 17 desenvolvedores de software elaborou um manifesto que reuniu de maneira objetiva e de fácil compreensão as premissas e os valores do que, então, definiriam o modo de pensar e trabalhar de acordo com a agilidade.

Duas décadas depois, o movimento que ganhou vida no campo da tecnologia, as ideias que norteiam a agilidade permeiam todas as frentes de um negócio moderno e preparado para responder às demandas de um mundo em transformação e não há tamanho mínimo ou tipo de negócio ou mercado, serve para todos. E eu garanto que vai ser uma jornada cheia de adrenalina, aprendizados para uma vida toda e resultados capazes de mudar o destino de todos, dentro e fora do seu negócio.