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O que não te contaram sobre o ChatGPT

Por: Rafael Rez

Fundador da agência de SEO & Conteúdo Web Estratégica e co-fundador da Nova Escola de Marketing. Autor do livro de marketing: “Marketing de Conteúdo: A Moeda do Século XXI”, publicado no Brasil pela DVS Editora e em Portugal pela Editora Marcador. Possui MBA em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em 2013.

ChatGPT é um dos assuntos do momento e não é para menos: lançado no final de 2022 pela OpenAI, a ferramenta, baseada em inteligência artificial, é bastante funcional. Mas será que é para tanto o buzz em torno dela?

ChatGPT é um dos assuntos do momento, sendo uma promessa de revolução e inovação. Mas será que é isso tudo mesmo?

De fato, o ChatGPT promove uma experiência interessante que supera a conversação com base apenas em perguntas e respostas. Com a ferramenta é possível ir bem mais além, criando conteúdos extensos como artigos.

Por isso, é natural que diversos debates coloquem a ferramenta como uma promessa de revolução e inovação, mas será que é tudo isso mesmo?

ChatGPT: herói ou vilão para o marketing de conteúdo?

Marketing de conteúdo é sinônimo, entre outros adjetivos, de pesquisa, qualidade e originalidade, certo? Para isso, é essencial ter uma “cabeça pensante” por trás dos conteúdos entregues aos usuários. E, nesse caso, não faz tanto sentido assim colocar toda essa responsabilidade em cima de um robô.

Muitas discussões cogitam que, muito em breve, a IA substituirá as pessoas. E, de fato, acredito que vá, mas não da forma como você deve estar pensando, imaginando aqueles filmes de ficção em que as máquinas estão por todos os lugares e humanos são raros e, muitas vezes, reféns dessas tecnologias.

Nesse filme, eu vejo a IA como uma figurante e o personagem principal continua sendo o ser humano. Acredito que as pessoas que utilizarem a inteligência artificial a seu favor é que irão substituir as pessoas que não a utilizarem. Deu para entender?

A forma como a IA cria um texto é muito padrão, independentemente da ferramenta. Isso acaba gerando uma série de conteúdos semelhantes, sem ponto de vista, originalidade, personalidade e autoridade. Ou seja: conteúdos genéricos. Em SEO, por exemplo, isso é um desastre, pois sabemos que o Google busca conteúdo produzido por pessoas ou empresas que possuem experiência, autoridade e confiabilidade naquilo que dizem (ou escrevem).

Conteúdo genérico não representa nada disso.

Porém, para algumas áreas pode ser que ajude: notícias sobre concursos, previsão do tempo ou bolsa de valores, por exemplo, são basicamente dados relatados em forma textual e que um robô poderia criar facilmente (aliás, em muitos sites, isso já é feito).

Mas, para mim, a grande sacada de utilizar inteligência artificial é ganhar performance em alguns processos. E, convenhamos, tem algo mais valioso do que o nosso tempo?

Tarefas extremamente manuais, que um profissional gastaria de dez a 15 minutos executando, com a IA podem ser executadas em segundos.

E é nesse ponto que o ChatGPT (ou qualquer outra ferramenta de IA) pode ser muito útil.

Em quais tarefas o Chat GPT pode ajudar?

Com uma rápida pesquisa na internet, é possível encontrar diversos relatos de pessoas fazendo experiências e testando algumas possibilidades com o ChatGPT: desde ideias de nomes para sites até uma composição musical inteira.

E quando trazemos essas experiências para o cenário de um e-commerce, a ferramenta pode auxiliar em processos que geralmente demandam bastante tempo de um profissional. Abaixo, listo algumas possibilidades:

– Escanear os 20 primeiros resultados do Google para determinada pesquisa e identificar as palavras que mais aparecem.

– Identificar palavras-chave para serem trabalhadas em H1, H2 e H3 em conteúdos focados em SEO.

– Identificar tendências de busca por determinado assunto.

– Sugerir diversas versões de títulos e metadescrição a fim de melhorar copywriting e legibilidade.

– Otimizar descrição de páginas com base em palavras-chave foco.

– Otimizar a criação de conteúdos de descritivo de produtos.

– Identificar e descrever uma imagem.

– Criação de chamadas para redes sociais e legendas para publicações.

Esses exemplos de aplicação na prática não tiram o valor do conteúdo final, mas aceleram partes do processo que, para um profissional de SEO, por exemplo, demanda boa parte de um dia de trabalho.

E, nesse sentido, a tendência para os próximos dois anos é de que várias outras ferramentas sejam lançadas usando o mecanismo GPT: transformador pré-treinado generativo.

Tecnologia x ser humano

Como mencionado anteriormente, o debate sobre a tecnologia substituir o ser humano já pode ser considerado antigo. Mas a criatividade e a originalidade são coisas extremamente humanas e insubstituíveis.

Por mais incrível que sejam as coisas que uma inteligência artificial consiga nos entregar, é essencial passar por um julgamento humano.

Não podemos confiar que a IA saiba o que está fazendo. Não é assim que funciona. Eu, por exemplo, jamais entregaria um projeto com base em resultados de uma ferramenta sem passar pela revisão de um profissional.

Isso porque não sabemos qual a base de informações que essa tecnologia está utilizando para a entrega final. A IA não tem a capacidade de criar algo novo, pois tudo o que ela gera é um “remix” de várias coisas que já existem.

Uma aplicação inteligente do ChatGPT é a geração de insights: pedir para a ferramenta listar algumas ideias de nomes para um site, por exemplo.

Provavelmente ela irá entregar dezenas de resultados que demorariam horas para um ser humano chegar ao mesmo número. Com base nisso, um profissional filtra essas ideias, seleciona as melhores e lapida, conforme a necessidade e o objetivo.

Isso queima uma etapa do processo que geralmente é bastante demorada. A IA economiza tempo, mas nunca substitui uma pessoa.

Em resumo, o que eu quero deixar bem claro nesse meu ponto de vista é que inteligência artificial veio para ficar, sim, e para nos ajudar de várias maneiras, mas definitivamente utilizá-la para produzir conteúdo é a pior escolha na atual circunstância, e o Google vem deixando cada vez mais claro o quanto valoriza conteúdos originais e que agregam valor para o usuário.

Com a popularização das IAs degenerativas, os conteúdos padronizados (como previsão do tempo e bolsa de valores, que citamos anteriormente) vão se tornar commodities, fáceis e baratos de produzir e, por isso, não serão vistos com muito valor pelos usuários.

Em algum tempo, é provável que a internet seja inundada por textos gerados por IAs, assim como hoje temos tantos sites com conteúdos duplicados e irrelevantes.

Já os conteúdos realmente úteis e que não podem ser gerados por essas tecnologias vão se tornar mais raros e, portanto, mais valiosos também.

Com a profusão de textos que está por vir, a régua da qualidade de conteúdo provavelmente vai subir. Isso é ruim para quem faz conteúdo ruim, mas para quem produz bons conteúdos é uma ótima notícia.

Use com cautela e com certeza você conseguirá ver resultados muito interessantes para o seu negócio.