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Just do D2C: como a Nike está vencendo esse jogo

Por: Lourival Júnior

Diretor de Ongoing e Comercial

Comerciante de natureza, curioso e um digital player não tão nato assim, afinal a minha geração X tá ai pra me entregar! São 25 anos de carreira, sendo 13 deles, focados em liderar e inspirar pessoas, construídos em empresas diversas, de multinacionais à startups, com passagem no varejo de bens e serviços, com sólida experiência nos setores comercial, marketing, desenvolvimento de negócios, planejamento e execução estratégica e nos últimos anos, transformação digital de empresas, pessoas e segmentos inteiros. Entendendo não só como fazer o online e off-line coexistirem mas também se retroalimentarem.

A Nike, que todos nós conhecemos, está liderando o caminho rumo à próxima era das vendas diretas ao consumidor (D2C) com um movimento ousado. A empresa está se posicionando como pioneira nesse cenário, buscando oferecer uma experiência consistente e conexões mais profundas com seus consumidores.

Para atingir esse objetivo, ela fez uma mudança estratégica, deixando de depender de parceiros atacadistas e passando a cuidar de sua própria distribuição. Essa transformação exigiu a construção de um ecossistema de tecnologia que apoiasse essa transição para as vendas diretas ao consumidor. A Nike investiu em tecnologia e distribuição, além de adquirir start-ups especializadas em criação de conteúdo para análise de dados.

As vendas D2C oferecem insights mais profundos sobre os dados do cliente que podem ser usados para aprimorar a experiência dele. Ao se tornarem diretas, marcas como a Nike têm maior acesso a seus clientes, e as análises desses dados permitem que elas comercializem, promovam, aprimorem e lancem novos produtos de maneira eficaz para atender às demandas dos clientes.

E como é esse ecossistema? Abaixo, vemos como as empresas estão desmembrando a Nike, desde plataformas de dados de clientes até atendimento e logística.

Ecossistema robusto.

Nike Direct

O Nike Direct está liderando o crescimento na empresa, com alta de 18% em relação ao ano anterior no quarto trimestre: ”Para o ano inteiro, esperamos que a receita reportada no ano fiscal de 2024 cresça meio dígito, liderada pelo Nike Direct, que continuará liderando nosso crescimento… Nosso negócio direto continuará a crescer rapidamente”, disse o CFO da companhia.

A receita reportada pelo Nike Direct para o quarto trimestre foi de US$ 5,5 bilhões, um aumento de 15% em relação ao ano anterior e de 18% em uma base de moedas neutras. Impressiona.

Em 2017, a empresa anunciou a estratégia “Consumer Direct Offense” – um alinhamento para atender melhor os consumidores. Eles decidiram aproveitar o poder do digital para permitir que sua marca crescesse por meio da aceleração da inovação e da produção.

”O futuro do esporte será decidido pela empresa obcecada pelas necessidades do consumidor em evolução”, disse Mark Parker, presidente do conselho, presidente e CEO da Nike, Inc. “Através do Consumer Direct Offense, estamos ficando ainda mais agressivos no mercado digital, visando mercados-chave e entregando produtos mais rápido do que nunca.”

O Direct representa agora 47% do total de vendas da Nike, um aumento de 37% em apenas dois anos. Nesse período, o Nike Direct adicionou US$ 1,5 bilhão em vendas, enquanto que as vendas no atacado caíram US$ 1 bilhão.

Estamos falando aqui que quase metade das vendas já está na relação direta com o consumidor, sem intermediários.

Crescimento consistente.

O Nike Consumer Direct Offense está intimamente relacionado a equipes integradas de categoria, geografia, mercado, produto, merchandising, digital e direto ao consumidor.

Eles o chamaram de Triplo Duplo da Nike:

– 2x inovação
– 2x velocidade
– 2x conexões dDiretas com os consumidores.

Usando inclusive lojas imersivas e canais digitais, como seu aplicativo Nike SNKRS.

Online e offline não só coexistindo, mas também se retroalimentando.

O tão famoso “JUST DO IT”, que por anos acompanhou seu Swoosh, continua fazendo muito sentido.

Mudança na indústria

O modelo D2C da Nike é apenas o começo de todo um pivô na indústria. A empresa pretende que as vendas diretas representem cerca de 60% de seus negócios até o ano de 2025. A magnitude por trás dessa mudança é obviamente algo que outros reconheceram.

A Adidas anunciou recentemente sua estratégia “Own the Game” com uma iniciativa semelhante. A Adidas também planeja atingir um aumento de 50% nas vendas diretas ao consumidor até 2025.

Não são as empresas mais fortes que sobrevivem, mas aquelas que respondem melhor às mudanças.

Numa era em que os dados são o novo petróleo, ter acesso direto às informações de comportamento do consumidor, transformar esses dados em insights, e insights em ações direcionadas não só podem, como de fato irão fazer a diferença no varejo.

Aqui no Brasil, estamos vivenciando uma mudança de jogo no varejo como nunca vimos antes, e ter a leitura de que as coisas já estão mudando drasticamente é o primeiro passo para sobreviver.

E você, como está vendo essas movimentações de fora e de dentro aqui no Brasil? Divida com a gente. Abraços!