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Fórum C4 de Crédito e Cobrança: como o avanço tecnológico tem transformado o mercado

Por: Bianca da Costa Lima Aguiar

Coordenadora de Desenvolvimento de TI na ClearSale

Há 11 anos trabalhando na ClearSale, Bianca atua desde 2018 como coordenadora de desenvolvimento e agilista no time de TI - Produtos. Técnica em Informática pela ETEC e formada em Sistemas de Informação pela UNIBAN, ela também cursou Informática com Gestão em Negócios pela FATEC, é Pós-Graduada em Segurança da Informação pelo IBTA e tem MBA em Gestão de Projetos PMI e Metodologias Ágeis na FIAP. Atualmente, Bianca está cursando MBA em Liderança, Gestão de Equipes e Produtividade na PUCRS. PMP e ITIL V3 certified. Já passou por companhias como Diário do Grande ABC e TOTVS.

Nos últimos anos, o avanço tecnológico tem transformado a forma como as empresas e os consumidores lidam com o crédito. A tecnologia está mudando a maneira como as instituições financeiras avaliam o risco de conceder crédito, bem como a forma como os consumidores acessam e gerenciam suas contas e serviços.

Em abril de 2023, ocorreu o Fórum C4 de Crédito e Cobrança, que reuniu especialistas da indústria financeira para discutir essas questões e outras tendências emergentes no setor de crédito. Os participantes discutiram a importância da educação e da inclusão financeira, e os desafios e oportunidades apresentados pela tecnologia. Além disso, eles abordaram a necessidade de regulamentação apropriada para garantir que os consumidores estejam protegidos contra práticas predatórias e fraudes.

A tecnologia está mudando a maneira como o crédito é concedido e gerenciado. Embora apresente desafios, também oferece oportunidades para uma maior personalização e eficiência no setor financeiro.

Participei do evento e gostaria muito de dividir com você, leitor, algumas percepções que tive nesses dois dias de muito conteúdo e troca.

Ao avaliar o risco de conceder crédito, as instituições financeiras usam os chamados “5 Cs” como guia. Esses cinco fatores incluem: capacidade, caráter, colateral, condições e capital. A tecnologia tem sido uma grande ajuda na análise desses fatores. Por exemplo, o uso de inteligência artificial e aprendizado de máquina permite que as instituições financeiras analisem grandes quantidades de dados e identifiquem padrões que indicam se um indivíduo é um bom ou um mau candidato para receber crédito. 

Open finance e educação financeira

Voltando aos temas abordados no fórum, uma tendência importante na indústria financeira, que vem ganhando destaque e foi citada na maioria das palestras e painéis, é o open finance, que permite que os consumidores compartilhem seus dados financeiros com outras instituições financeiras ou provedores de serviços financeiros. Isso pode permitir que os consumidores acessem ofertas de crédito mais personalizadas e competitivas com base em suas necessidades financeiras únicas.

Outro tópico extremamente relevante trazido nas discussões é a questão da educação financeira como item fundamental e primordial para ajudar os consumidores a entenderem as implicações de assumir dívidas, e também de como gerenciá-las de maneira responsável.

Em um dos painéis foi abordado que hoje, por exemplo, o cartão de crédito causa um dos maiores índices de endividamento, e muitos clientes não sabem ou não percebem isso. O resultado de postergar um pagamento de fatura pode ser juros explosivos e pessoas perdendo o controle de suas vidas financeiras.

Inclusão financeira

A inclusão financeira também é uma preocupação, e foi muito citada, já que muitas pessoas ainda têm dificuldade para acessar crédito devido ao histórico financeiro ruim, gerado por momentos de vida não favoráveis ou pela simples falta de acesso a serviços bancários. Essa fotografia de um momento não deve ser algo excludente.

Antigamente, tínhamos uma visão de que uma pessoa com score baixo ou negativada perpetuava a imagem de um mau pagador. Hoje, isso mudou. Conhecer indicadores como índice de desemprego, situação da economia nacional e mundial, por exemplo, pode fazer toda a diferença na análise de um score de crédito e da validação da concessão. Pode fazer a diferença, inclusive, na fidelização de um consumidor, e até mesmo em preferência de quitação, em casos de endividamento ou escolha de instituição para transacionar.

Em alguns painéis, especialistas frisam que estamos muito mais em uma era de incentivo ao consumidor do que de punição, como antigamente. De acordo com Sandro Almeida, da Zuvia, hoje já existem cerca de cinco contas digitais para cada cliente no Brasil. Esse dado nos leva a refletir: qual será a escolha desse consumidor para cuidar de suas finanças ou a quem ele procurará em caso de necessidade de serviços financeiros, como empréstimos, financiamentos, dentre outros?

Para o cliente, parabenizá-lo por quitar uma fatura ou uma parcela, por exemplo, faz toda a diferença e gera vínculo com a instituição. Oferecer um cashback para quitação de uma dívida, ao em vez de colocá-lo numa blocklist, pode ser um fator decisivo para que esse candidato retome as rédeas de sua vida financeira e seja um parceiro da instituição, ao invés de um detrator.

Outros temas muito importantes foram também abordados, como a Web 3.0 para tangibilizar o virtual no presencial. tokens, blockchain, e o crédito como conhecemos, que ganha mais abrangência e possibilidades em um mundo no qual a nova geração já nasce digitalizada. Estamos presenciando uma onda de gamificação, pessoas jogando e interagindo em ambiente digital e ganhando “tokens”, que são a moeda desse universo. As possibilidades são inúmeras.

Em resumo, a tecnologia está mudando a maneira como o crédito é concedido e gerenciado. Embora apresente desafios, como educação financeira, inclusão financeira e segurança dos dados do consumidor, também oferece oportunidades para uma maior personalização e eficiência no setor financeiro. Eventos como o Fórum C4 de Crédito e Cobrança ajudam a promover o diálogo e a colaboração entre especialistas da indústria para abordar esses desafios e explorar essas oportunidades.