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A figura da cultura inventada das start-ups

Quando se fala em cultura de start-ups é fácil imaginar ambientes descontraídos, pessoas jogando video-game, mesas de ping-pong e gente andando de patinete pelos escritórios. Pelo menos é essa a cara que muitas empresas tentam vender. E pelo que dá para notar funciona: até reportagem meia-boca da Globo News se vê só focando nisso daí.

O problema é que essas figuras — as salas de descanso, os ambientes temáticos e as mesas de ping-pong — não dizem muito sobre a cultura de uma start-up. Não leve a mal, essas coisas todas são bem legais de se ter em um escritório; mas elas são simplesmente… superficiais demais. Não dá para saber como é a cultura de uma empresa simplesmente olhando para essas coisas.

A cultura trata dos valores e os comportamentos compartilhados entre os funcionários da empresa. Não é se você tem cara de start-up hype ou de multinacional quadrada, e também não é algo que é escrito numa letra bonita e emoldurada na parede do escritório. Ela é algo em constante evolução, e se mostra de verdade quando as pessoas estão lá, focadas trabalhando: é sobre o que as impulsionam, e sobre o compromisso de realizar o trabalho direito.

E para que isso aconteça, é bom esperar que haja uma boa comunicação entre você e seu chefe e colegas de trabalho, que exista espaço para desafios e experimentação. E também, por que não, que a jornada de trabalho não seja infinita e que exista uma política definida de férias.

Quando tudo o que se ouve sobre a cultura de uma start-up são suas regalias, as pessoas se esquecem que se trabalha demais, que as horas dentro da empresa são longas, que as coisas nem sempre dão certo. E que start-ups estão todas lutando para se destacar no meio da multidão, e que farão de tudo para que isso aconteça. Porque não existe essa coisa de almoço grátis.

Da próxima vez que você lamentar não ter Super Mario Kart para jogar no escritório, pense na cultura que o rodeia, e não nas regalias que anunciam para você. Você pode descobrir que está numa posição melhor do que imagina. Trabalhar em uma start-up é, sim, interessante, você aprende muita coisa e consegue se desenvolver profissionalmente em uma maneira que, talvez, não fosse possível em outro tipo de empresa. Mas é preciso lembrar que, mesmo com a mesa de ping-pong, o trabalho existe. E às vezes o tempo para usar os benefícios pode nem existir.