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Google, Yahoo e o fim da mídia impressa

Na esteira dos recentes acontecimentos envolvendo a frustrada tentativa de compra do Yahoo pela Microsoft, seguiram-se, nos noticiários especializados, diversas formas de “recuperação” (do Yahoo), algumas muito coerentes, outras, nem tanto.

Dentre as possíveis reações do Yahoo para retomada e expansão de seus negócios de publicidade online, a que surtiu um grande alvoroço e pavor, por parte de muitos, foi a de uma possível parceria com o Google, compartilhando algumas soluções. Dentre elas, fala-se da utilização de anúncios Google em páginas do Yahoo, o que, com certeza, causaria espanto naqueles mais habituados ao conceito tradicional de concorrência. Mesmo as possíveis acusações de truste estão longe de surtir qualquer impedimento legal, conforme noticiado aqui.

Apesar disso, o Yahoo prossegue com inovações e plataformas diferentes, concepções diferenciadas de mercado. Sendo do tamanho que é, com a importância seminal que tem, é provável que muita água ainda irá correr embaixo desta ponte. Não é uma guerra fácil de ganhar, ninguém irá facilitar as coisas para a outra parte.

Mídia impressa: fim de uma era

Sem dúvida, um título muito exagerado, digno de cartomantes e pais-de-santos dos programas de TV de fim-de-ano. Antes de tentar adivinhar qual famoso artista vai casar, ou qual político vai ganhar a eleição (para não mudar em absolutamente nada a vida das pessoas), neste caso realmente há um temor por parte da União Européia (!) e um grupo de jornais do mundo inteiro, conforme noticiado aqui.

As previsões do fim da mídia impressa, na verdade, não são novidade para ninguém. O que impressiona, aqui, é a clara manifestação de temor de quem tem muito a perder com essa história, com o penoso andamento da carruagem, rumo ao suposto precipício.

O caminho sem volta da internet, da web, da abertura da participação de todos, com milhares de novos repórteres semi-desconhecidos pelo mundo afora, juntamente com a extrema facilidade em se manter informado, a um custo cada vez menor, de maneira confortável, configuram os elementos do pior dos pesadelos das grandes corporações jornalísticas ao redor do mundo.

Quem lê tanta notícia?

Sempre assinei jornais, hábito herdado de meu pai. Quando criança, adorava pegar os cadernos, folheá-los, ler as notícias que me interessavam (gostava, especialmente, dos cadernos culturais e de política). Imaginava, divertido, como seria ótimo trabalhar numa redação, fazer o jornal, escolher todas aquelas fontes, inserir fotos, escrever textos… Sem dúvidas, um universo extremamente empolgante para mim.

O tempo passou, com ele muitas das idéias que tinha da mídia jornalística foram caindo por terra, uma a uma: independência, imparcialidade, palanque público… Vi, num certo momento, que toda aquela estrutura tinha finalidades estabelecidas, que as opiniões e comentários dos leitores (outra seção que sempre lia) eram selecionados de acordo com a conveniência.

Quando tudo parecia perdido, surgiu a web. Com seu poder replicador e multiplicador de notícias, de blogs, de gente independente falando o que pensava e assinando embaixo, sem nenhuma culpa. Visões e mais visões diferenciadas de mundo, de sociedade. Maneiras distintas de se analisar um mesmo acontecimento. A possibilidade da dialética “tese-antítese-síntese” levada às últimas consequencias, como cada síntese criando uma nova antítese ou tese. Algo sequer imaginado pela mídia impressa, por claras limitações físicas e conceituais.

Modelos incompatíveis

A questão toda gira em torno das verbas publicitárias. Com resultados comprovadamente superiores, a internet obtém, a cada dia, mais e mais verbas publicitárias, ganhando, por meio de retornos favoráveis, as verbas outrora direcionadas para as outras mídia, inclusive os jornais.

Vamos aos dados:

a) Próxima de se tornar a maior mídia do mundo: com verbas cada vez maiores e com o crescimento da banda larga em escala global, a internet está próxima de se tornar a maior mídia do mundo.

b) Crescimento de 45% em relação ao primeiro semestre de 2007: a verba tem crescido, comprovadamente, na internet, atraindo um mar de novos negócios e possibilidades, aquecendo o mercado.

c) Propaganda maior que a tv em 2009: de acordo com diversos indicadores e estimativas, 2009 será o ano em que as receitas publicitárias da internet superarão as da TV, na Inglaterra.

O outro lado

A maior preocupação dos jornais é o monopólio de toda a internet pelo Google, caso o Yahoo deixe de ser o concorrente e torne-se um parceiro comercial. De certa forma, o medo procede, já que nenhum monopólio, por mais “pop” que seja, é bom. É necessário manter a saudável competição e concorrência, a fim de manter os contrapontos ativos e efetivos.

Por outro lado, se as estratégias e competências do Google têm sido mais efetivas que as da concorrência, a empresa, em princípio, não pode ser punida por isso. Na verdade, o ataque é a melhor defesa. No território da web, o ataque deve vir em forma de novos e excitantes serviços, em novidades que sacudam o mercado, indo além de onde o Google foi.

Conclusões

Dizem que não há como uma mídia tão antiga e histórica “acabar” ou ser substituída por outra mais moderna, porém eu não teria tanta certeza. Os tempos são outros, as novas vantagens são reais e concretas. Não se trata de uma mudança do tipo rádio para tv, ou revista para livro, mas sim de uma mudança de paradigmas, de interação e de possibilidades novas, amplas, agregadoras.

Portanto, torna-se vital uma reação arquitetada, em cadeia, inteligente e de proporções consideráveis. Os jornais, ao redor do mundo, possuem grandes colunistas, excelentes analistas, mentes brilhantes e que produzem conteúdos que, por décadas, influenciam diretamente os formadores de opinião de diversas nações. Apesar de todo o cenário desfavorável, esperamos que ocorra a migração do bom conteúdo de mídias tradicionais para a internet, já que, como dizem, a mensagem é infinitamente mais importante que o meio.