Seria essa a hora e a vez dos super aplicativos? Para Daniel Nepomuceno, palestrante e apresentador do Congresso Grocery&Drinks, realizado nesta quinta-feira, 22, pelo E-Commerce Brasil, o momento favorece o potencial deles. Daniel Nepomuceno é diretor de e-commerce do Tenda Atacado.
“O que estamos vivendo é uma fase e nós devemos atravessá-la”, ele explica sobre a pandemia do coronavírus. Neste ano, o comércio eletrônico superou as previsões de crescimento devido ao isolamento social. Além disso, já cresceu 4 vezes mais a média do ano passado, segundo a Ebit/Nielsen. E o ano nem acabou ainda.
Para Nepomuceno, os super apps tem um papel relevante neste cenário, principalmente pelas novas exigências dos consumidores. Atualmente, as entregas em menor tempo e em novas categorias têm favorecido empresas que conseguem oferecer agilidade.
Mesmo os aplicativos de entrega estando entre os principais usados para fazer compra, a partir de abril de 2020 podemos ver que os aplicativos das lojas próprias começaram a competir com mais veemência. Isso porque neste período muitas marcas perceberam a importância da entrega no mesmo dia. Ainda ficam para trás, porém, aplicativos de supermercado e farmácias. Por que?
De acordo com executivo, tem tudo a ver com a entrega.
Mas o fato de estarem aos poucos migrando para os aplicativos das marcas acendeu uma luz de alerta para o varejo. Se o consumidor está mais disposto a comprar direto da marca, os lojistas precisam estar atentos para aproveitarem as vendas.
Neste período de pandemia, os aplicativos de supermercado tiveram um aumento significativo de procura, porém pelo menos 63% dos consumidores ainda não os utiliza para fazer compras. Para Nepomuceno, esta é uma grande oportunidade para o lojista do ramo de alimentos.
O que o consumidor quer?
Para aproveitar o momento de crescimento e usar a oportunidade a seu favor, é preciso saber o que o consumidor quer e o que deve ser oferecido pelo supermercado.
Neste momento, os super apps fazem sucesso justamente pela entrega no mesmo dia, realizada em algumas horas.
Essa mesma vantagem está possibilitando o crescimento das vendas para quem atua em marketplaces, que muitas vezes assumem a responsabilidade pelo frete.
Por que usar super aplicativos?
De acordo com Nepomuceno, existem vantagens e desvantagens em vender nos super apps que devem ser consideradas. “O timing é muito importante e a principal proposta de valor dos super apps é a entrega rápida, o que é um diferencial que as grandes varejistas sentem dificuldade em executar”.
Confira as demais vantagens:
- O lojista pega carona no aumento de vendas do aplicativo;
- Mais exibição e divulgação da sua marca;
- Aumento de conhecimento de mercado por atuar de maneira maior;
- Ajuda a criar na empresa a cultura do nicho online;
- Dilui o risco de investimento em mídia, já que as vendas são realizadas pelo app;
- Eficiência logística do app aproveitada.
Desvantagens de vender pelos super aplicativos
Segundo o executivo, algumas categorias de vendas acabam não tendo alternativa senão aderir aos super aplicativos. Mesmo assim, existem desvantagens que devem ser consideradas:
- Cria-se o risco de perda de contato com o cliente final;
- Cria-se a dependência e perda do share das vendas(exemplo booking, alguns setores de comércio na china, que só atuam hoje por terceiros).
Mas vale a pena?
Tudo depende da estratégia de vendas e do setor da empresa. Para auxiliar nas contas, o executivo montou a tabela acima. De maneira comparativa, é possível perceber quais margens fazem sentido e quais serão os benefícios de usar os super apps, sobretudo ao analisarmos chargeback, análise de risco, custo com a plataforma, custo do frete e taxa de cartão, que são zerados.
O que o super app precisa para ser competitivo?
- Capilaridade (pontos físicos que consigam atender às lojas e à alta demanda);
- Estoque das lojas físicas;
- Para produtos perecíveis não pode ter CD geral centralizado;
- Mix regional;
- Entrega no mesmo dia.
Uma das dicas de Nepomuceno para conseguir vender pelo super app é digitalizar o estoque e a loja, com informações em tempo real para conseguir alimentar mais rapidamente o app.
Sobretudo para os supermercados, mesmo que não se opte por usar o super app, o executivo recomenda aprender com eles para vender online: “o modelo tradicional de transportadora não atende ao supermercado online”.
Dessa forma, a principal lição é usar o mesmo modelo de entrega das novas soluções: roteirização diferente, veículos específicos e melhores, além de entregas direcionadas para aumentar a eficiência.
Leia também: Com a aceleração dos supermercados online, como ficam os planos futuros?
Por Júlia Rondinelli, da redação do E-Commerce Brasil.