Logo E-Commerce Brasil

Redes sociais são as novas inimigas das grandes varejistas de moda

Por: Eduardo Mustafa

Graduado em 'Comunicação Social - Jornalismo' com experiência em negócios, comunicação, marketing e comércio eletrônico e pós-graduado em 'Jornalismo Esportivo e Gestão de Negócios'. Foi editor do portal E-Commerce Brasil, do Grupo iMasters (2015 /2016), e atualmente é executivo sênior de contas na Gume

Os mais jovens querem comprar experiências e não mais apenas peças de vestuário. Essa é a principal constatação de uma análise feita por Marcie Merriman, diretora executiva de estratégias de crescimento da consultoria Erns & Young, ao falar sobre as mudanças nos hábitos de consumo dos adolescentes. Para ela e tantos outros especialistas, os tempos de afirmar que o e-commerce está matando as lojas convencionais acabou. Agora, quem está fazendo isso são as redes sociais.

Agora, a ideia não é mais apenas investir em roupas bonitas ou que sejam parecidas com as das celebridades. Essa tendência ainda existe, sim, mas precisa estar sempre acompanhada de uma noção de que tudo aquilo pode ser compartilhado. Em busca de mais fotos no Instagram e novas histórias para contar no Snapchat, por exemplo, os jovens precisam de mais roupas, afinal de contas, ninguém quer repetir o figurino.

E como a mesada é curta, marcas mais baratas, como Zara e Forever 21, estão ganhando espaço sobre nomes tradicionais como Gap e Abercrombie & Fitch. Uma segunda tendência está surgindo com essa onda e ela se relaciona à maneira como os jovens consomem a moda. Pelo Pinterest, por exemplo, uma adolescente pode ter ideias de look para as festas de um final de semana, e em uma grande varejista, com peças variadas e diferentes, montar essa combinação rapidamente, algo que não acontece em estabelecimentos de marca, que são restritos a coleções.

O acesso rápido à moda também estaria acabando com o varejo tradicional e os especialistas apontam para praticamente todas as lojas. Ao verem as últimas tendências, os jovens querem ir às lojas para consumir exatamente isso, mas muitas vezes acabam não encontrando nada, fruto de uma dificuldade e um tradicionalismo das marcas. Quem não se importa tanto com isso e consegue trazer as peças das passarelas para as prateleiras mais rápido, acaba tendo vantagem e vendendo mais.

Mais um fator pode ser inserido aqui, e também vai contra o tradicionalismo citado. Para os adolescentes e jovens adultos de hoje, a moda não está apenas nos desfiles, mas também nas telas. São roupas e looks inspirados em personagens do cinema e da televisão, e eles podem, literalmente, sair de uma sessão diretamente para a loja adquirir peças semelhantes às do personagem que acabaram de ver.

Quem estiver ligado nessas tendências e souber entregar o que os clientes querem acaba ganhando ainda mais vantagem. Trata-se, para os analistas, de uma questão de modelo de negócio. Enquanto a Zara, por exemplo, tem uma produção em massa de peças de diferentes tipos, outros nomes, como a Abercrombie, têm um ritmo de atualização muito menor e precisariam mudar toda sua estrutura para atender a essas novas necessidades. Ou seja, é fazer isso ou morrer ao longo dos próximos anos.

Isso quase aconteceu com a Banana Republic, que, em crise, soube modificar sua estratégia e agora é bem vista por especialistas. Neste ano, a empresa pretende adotar uma nova abordagem e colocar as peças de desfiles à venda assim que a modelo sair da passarela, mesmo que só online, como uma forma de permitir que os jovens transformem em realidade aquele look sonhado da maneira mais imediata possível.

Fonte: CanalTech