O início do segundo semestre de 2023 pode ser considerado positivo para pequenas e médias empresas (PMEs), de forma geral, conforme o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs) para julho. Segundo a pesquisa, a movimentação financeira média da classe cresceu 2,9% frente mesmo mês em 2022. Um ponto específico negativo, porém, foi a queda de 8,2% do Comércio, com varejo e atacado ainda buscando equilíbrio.
O desempenho dos grandes setores do mercado, aliás, foram ímpares entre si. De acordo com o estudo, os crescimentos registrado tanto na comparação entre os meses de julho quanto no acumulado do ano (2,9%), foram frutos de bons resultados para PMEs de Indústria (5,7%) e Serviços (1%).
De acordo com Felipe Beraldi, economista e gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, o crescimento da movimentação financeira real média das PMEs no início do segundo semestre reflete a melhora do ambiente econômico doméstico. Fatores como a queda das pressões inflacionárias, inversão da taxa básica de juros e avanço da confiança dos consumidores representam este cenário.
“O índice de confiança do consumidor da FGV (ICC-FGV) registrou alta de de 2,5 pontos em julho, atingindo o maior patamar desde janeiro de 2019. Apesar do contexto macroeconômico relativamente mais positivo, o alto nível de endividamento das famílias ainda segue como um limitante para o avanço do consumo, algo que tem se refletido com bastante intensidade nas PMEs que dependem da comercialização de bens”, diz o economista.
Comércio ainda pena
A queda na movimentação financeira do Comércio fez com que julho configurasse o quarto mês consecutivo de queda no ano, além do pior resultado do setor no ano neste aspecto. O recuo, conforme o levantamento da Omie, tem relação direta com três segmentos: atacado, varejo e comércio e reparação de veículos.
No segundo segmento, apesar do resultado agregado considerado abaixo, alguns subsetores cresceram nos últimos meses, como varejo de produtos alimentícios em geral e de bebidas.
Outros setores
No primeiro setor citado, por exemplo, foi o quinto crescimento consecutivo na comparação anual, com destaque para segmentos como autopeças e implementos rodoviários, metalurgia, confecção de artigos de vestuário/acessórios e fabricação de produtos alimentícios.
Para o outro lado, as PMEs voltaram a mostrar crescimento no último mês saindo de uma retração de 3,6% em junho. O avanço foi puxado por atividades de serviços pessoais, alojamento e alimentação, serviços financeiros e atividades profissionais, científicas e técnicas (jurídico, contabilidade e auditoria).
O estudo também mostra perda em Infraestrutura (6,2%), principalmente pela retração nas áreas de obras de infraestrutura e água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação.
“A previsão é que o mercado de PMEs siga em crescimento no decorrer do segundo semestre do ano, diante do ambiente macroeconômico mais positivo. Adicionalmente, destaca-se a importância do programa do governo federal Desenrola Brasil para estimular a renegociação e quitação de dívidas, diante do contexto de elevado endividamento familiar no país. Assim, para 2023 como um todo, a expectativa é de que o setor mostre crescimento de 3,2% ante 2022”, pontua Beraldi.