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E-commerce brasileiro cresceu 20% em 2022, mostra novo painel do MDIC

Por: Júlia Rondinelli

Editora-chefe da redação do E-Commerce Brasil

Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero e especialização em arte, literatura e filosofia pela PUC-RS. Atua no mercado de e-commerce desde 2018 com produção técnica de conteúdo e fomento à educação profissional do setor. Além do portal, é editora-chefe da revista E-Commerce Brasil.

O Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio (MDIC) anunciou ontem, 11 de maio, um novo painel pelo qual será possível acompanhar o desenvolvimento do comércio eletrônico brasileiro com dados oficiais da Receita Federal.

Painel do Observatório do Comércio Eletrônico Nacional

De acordo com as informações divulgadas, o e-commerce cresceu 20% em 2022 quando comparado a 2021, com uma soma de R$ 187 bilhões em transações contra R$ 155 bilhões do ano anterior.

Para computar os valores, o MDIC usou dados das notas fiscais eletrônicas declaradas em compras online e a plataforma por onde as informações estão disponíveis foi batizada de Observatório do Comércio Eletrônico. É possível acessá-la por aqui.

Contribuição por estado

Do total, R$ 123 bilhões (65%) das compras online de 2022 foram resultado de operações entre estados (interestaduais), contra R$ 64 bilhões (35%) dentro do próprio estado de origem.

Em 2021, R$ 96 bilhões (61,5%) foram resultado de compras entre estados e R$ 60 bilhões (38,5%) no estado de origem.

São Paulo lidera como o estado que mais emitiu notas em 2022, R$ 83,5 bilhões, alta de 14% contra R$ 73 bilhões do ano anterior. Além disso, também aparece como o estado com mais operações de destino, com crescimento de 17% ante 2021: de R$ 53 bilhões para R$ 62 bilhões.

Observatório do Comércio Eletrônico

Uma das principais motivações para a criação do painel foi o grande crescimento do segmento, impulsionado pela pandemia de Covid-19 em 2020. Com o isolamento social, as vendas online tiveram um grande salto.

O painel analisa dados de transações realizadas pela internet com emissão de nota fiscal em um histórico de seis anos (de 2016 a 2022). Entre esses anos, o crescimento do setor foi de 32%, saindo de R$ 36 bilhões para R$ 187 bilhões.

Boa parte deste crescimento se deu de 2020 para cá: as vendas online saíram de R$ 57 bilhões para R$ 107 bilhões, entre 2019 e 2020.

Visão geral/dashboard do Observatório do Comércio Eletrônico Nacional

Categorias

Além de disponibilizar uma visão geral sobre as vendas online no país, o painel também dá acesso aos dados das categorias de produtos mais vendidos, bem como os valores das transações e as especificidades por estados de origem e destinatários.

Através desses dados é possível traçar estratégias e identificar tendências de cada segmento.

Ao consultar a ferramenta, é possível verificar, por exemplo, que entre 2016 e 2022 o produto que movimentou o maior montante foi o telefone celular, com 11,5% do total de vendas ou o equivalente a R$ 72,1 bilhões em dinheiro, incluindo smartphones.

Na sequência vêm os televisores (4,5%, ou R$ 28 bilhões) e os notebooks, tablets e similares (R$ 21 bilhões em vendas). A venda de livros, brochuras e impressos semelhantes respondeu por 2,6% do total, totalizando R$ 16,8 bilhões (2,6%) – percentual e valor superior à venda de máquinas de lavar roupas.

“Termos uma plataforma como esta, com acesso a informações, é extremamente importante para analisarmos o mercado, as oportunidades e os desafios, proporcionando aos atores que compõem este ecossistema indicativos que possam promover o aumento das vendas ou até mesmo reduzir os custos de transações”, afirmou o secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do ministério, Uallace Moreira Lima.

Plataforma pública

A diretora do Departamento de Comércio e Serviço da pasta, Adriana Azevedo, destacou que o painel do Observatório do Comércio Eletrônico é a primeira plataforma pública de acesso irrestrito e gratuito a detalhar a dinâmica do comércio eletrônico no país. “As atuais fontes de informação sobre o comércio eletrônico são, na maioria das vezes, privadas, pagas e feitas na forma de pesquisas. No painel, os dados são [aferidos] em uma base mais censitária”, explicou Adriana.

Segundo a diretora, a ferramenta ministerial vai complementar as já existentes. “Acreditamos que, além de nortear políticas públicas, o dashboard [painel] poderá trazer informações gerenciais relevantes para que gestores privados tomem decisões.”

O chefe da Divisão de Comércio Digital do ministério, Marcos Lamacchia Carvalho, reforçou o argumento de que a divulgação de informações atualizadas sobre o comércio eletrônico irá subsidiar os empresários do setor.

“Um produtor de vinhos do Rio Grande do Sul, por exemplo, pode verificar como está a venda do produto [pela internet] no Acre, em Roraima ou Rondônia”, disse. Ele destacou que a ferramenta também tornará mais fácil identificar se as desigualdades regionais verificadas no comércio tradicional se repetem quando as vendas são fechadas pela internet.

Segundo dados apresentados por Carvalho, apesar de um “crescimento acentuado”, as regiões Norte e Nordeste, juntas, responderam por apenas R$ 18,16 bi dos R$ 187 bi que o e-commerce movimentou no Brasil, em 2022. Na primeira, a quantia movimentada saltou de R$ 360 milhões para R$ 1,86 bi entre 2016 e o ano passado. No Nordeste, as transações passaram de R$ 2 bi para R$ 16,3 bi no período.

Em meados de 2022, a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad) alertaram para a necessidade dos governos nacionais apoiarem as empresas a se adaptarem ao contexto de transformação digital a fim de aproveitarem as oportunidades digitais.

Para os especialistas da organização que faz parte do secretariado da Organização das Nações Unidas (ONU), países que não dispõem de estatísticas fidedignas sobre o uso das tecnologias da informação e comunicação (TIC) pelas empresas e sobre o ambiente de negócios na internet “enfrentam barreiras na implementação das políticas necessárias para apoiar as empresas na adaptação e no benefício das ferramentas e tecnologias digitais”.

Com dados da Agência Brasil e do Mobile Time.