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Crossborder: "Levar a marca para fora é mais barato do que abrir uma loja em um shopping", diz executivo da NV

Por: Júlia Rondinelli

Editora-chefe da redação do E-Commerce Brasil

Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero e especialização em arte, literatura e filosofia pela PUC-RS. Atua no mercado de e-commerce desde 2018 com produção técnica de conteúdo e fomento à educação profissional do setor. Além do portal, é editora-chefe da revista E-Commerce Brasil.

Por mais que possa parecer uma tarefa complicada, a internacionalização de marcas brasileiras é uma realidade cada vez mais possível para quem vende online. Este foi um dos temas debatidos durante o VTEX DAY 2023, com a participação de Thiago Borges, Gerente de Produtos Digitais da NV, e Ingra Torezin, Gestora de Cross Border e Marketplace da VTEX.

Palestrantes: Ingra Torezin, Gestora de Cross Border e Marketplace da VTEX, Thiago Borges, Gerente de Produtos Digitais da NV. Mediadora: Sophia Heilborn, Gerente de Excellence da VTEX.
Palestrantes: Ingra Torezin, Gestora de Cross Border e Marketplace da VTEX, Thiago Borges, Gerente de Produtos Digitais da NV. Mediadora: Sophia Heilborn, Gerente de Excellence da VTEX.

A NV faz parte do Grupo Soma, conglomerado de marcas nacionais de vestuário premium. A empresa, que já tinha planos de internacionalizar os produtos, percebeu durante a pandemia uma demanda de consumidoras brasileiras vivendo no exterior que gostaria de receber as encomendas do e-commerce em países pelo mundo todo. A empresa começou a reparar, através das métricas de quem acessava o site, que muitos cliques vinham de fora do Brasil. Outro fator decisivo foi a cobrança dos consumidores nas redes sociais e até mesmo durante as lives da empresa.

Borges explicou que o momento da internacionalização da marca foi não só uma necessidade, mas realizado em um momento oportuno. Com o estudo das alternativas, a empresa compreendeu que este era um investimento que fazia sentido: “levar a marca para fora é mais barato do que abrir uma loja em um shopping”, ele explica.

Cenário brasileiro

“Falamos do cross border há anos, mas não é um tema recorrente no dia a dia de muitos lojistas”, argumentou Torezin. Segundo ela, no entanto, essa tendência está mudando e os consumidores já estão dispostos a realizar compras crossborder.

De acordo com o Webshoppers 47, 60% dos consumidores mundiais já realizam compras online de sites internacionais. Além disso, existe uma estimativa de crescimento médio em 44% do cross border na América Latina até 2027, enquanto o e-commerce nacional deve crescer na casa dos 21% até lá.

“O e-commerce está crescendo a passos largos, mais ainda há muito pela frente quando comparado a mercados mais maduros, como os Estados Unidos e a Europa”, argumenta.
“O projeto de internacionalização de uma marca é feita por muitas mãos.”

Ao mesmo tempo, ela entende que o momento da marca e as inspirações para esse projeto precisam ser analisadas antes que ele seja colocado em prática. Depois da implementação, vem o momento de expansão, de aprender com a experiência e colocar novas funcionalidades em prática.

Quem compra?

Em primeira mão, a NV expos que o principal consumidor cross border da marca são brasileiras que moram no exterior. Depois de entender os custos e “sentir o mercado”, a empresa começou a explorar novas estratégias. Para Borges, parte do sucesso da operação foi ter encontrado parceiros que cuidassem da logística, adequação fiscal e direcionamento da página, o que retira boa parte das questões burocráticas das mãos da empresa. Atualmente, a empresa entrega em até 8 dias, teve um aumento de 54% na receita de 2022 para 2023 e um aumento de 68% no valor do ticket médio em comparação às compras brasileiras.

“Muitas pessoas quando moram fora não veem o mesmo valor nos produtos do país como costumavam ver nos produtos brasileiros. Em alguns casos, nem ao menos encontram os mesmos produtos com os quais estavam acostumados devido à diversidade do novo mercado”, argumenta o executivo. Ele vê que outras empresas têm o potencial de crescimento neste cenário, uma vez que existem muitos brasileiros morando no exterior e os produtos nacionais podem oferecer pontos positivos com relação à diferenciação.

A empresa saiu do Brasil em Português, visando atender aos consumidores daqui, mas os sites podem ser traduzidos e atenderem uma gama maior de consumidores. “A prioridade hoje é a cliente brasileira, mas a estrutura cross border foi feita pensando em expandir no futuro, de maneira que a marca pode conquistar novos públicos”.

A URL, inclusive, permanece a mesma, e o sistema reconhece o IP internacional e direciona o consumidor para a página correta.

Torezin acrescenta que outras categorias além de moda podem usar a lógica da internacionalização da NV como modelo, já que existe uma demanda expressiva em produtos de beleza, cosméticos, eletrônicos e relacionados a hobbies.

“A principal vantagem do cross border é aumentar a margem e possibilitar esse sortimento para fora do país”, ela explica. Além disso, a executiva aponta que muitas vezes, quando se depara com um produto de baixa disponibilidade no mercado, o cliente tende a ignorar valores mais altos, o que costuma acontecer com produtos importados.

Como começar?

“Todo mundo que está aqui pode terminar o ano vendendo para fora”, argumenta Torezin. O primeiro passo é saber se há busca ou demanda para o produto, estudar o mercado que faz sentido entrar e pesquisar insumos para transacionar esses produtos, o que envolve estoque, logística, pagamento e até mesmo a adaptação do modelo de vendas.

A executiva entende que por mais complexo que possa parecer, é viável, desde que o lojista faça a lição de casa. Os parceiros integrados facilitam os documentos de importação pelo próprio sistema e a logística direciona as encomendas de acordo com a especificação de cada país.