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Amazon.com lança serviço de vídeo que concorre com YouTube

Por: Eduardo Mustafa

Graduado em 'Comunicação Social - Jornalismo' com experiência em negócios, comunicação, marketing e comércio eletrônico e pós-graduado em 'Jornalismo Esportivo e Gestão de Negócios'. Foi editor do portal E-Commerce Brasil, do Grupo iMasters (2015 /2016), e atualmente é executivo sênior de contas na Gume

A Amazon lançou nesta terça-feira, 10, uma plataforma de vídeo similar ao YouTube. O Video Direct permite que os usuários publiquem seu próprio material, uma medida que pode gerar dinheiro para a empresa e atrair cineastas, da mesma forma que o site de vídeos da Google criou uma comunidade de celebridades “nascidas” na internet.

Quem postar vídeos vai poder ganhar dinheiro com anúncios, royalties e outras fontes, deixando a Amazon em uma competição mais direta com o YouTube. Na mira dos dois estão as pessoas que trocaram a TV a cabo por serviços de streaming ou que nunca tiveram TV por assinatura.

Atualmente, a Amazon já oferece filmes e programas de televisão, além de produções originais, mediante uma assinatura mensal numa plataforma que concorre com a Netflix. A novidade do Video Direct é que os usuários terão mais opções para assistir sem ter de pagar uma taxa antecipadamente, já que muitos dos produtores de conteúdo serão pagos de acordo com a performance dos vídeos.

Longe do Brasil
Os vídeos enviados para a plataforma ficarão disponíveis para aluguel ou compra, para visualização gratuita com anúncios ou reunidos em um pacote e oferecidos por meio de assinatura.

A Amazon já usou uma estratégia similar antes, mas na área de livros. Para incrementar seu inventário de livros eletrônicos, a empresa explorou o Kindle Direct Publishing, que permite aos autores dispensar editoras tradicionais e chegar aos leitores diretamente, ao postar e vender suas obras online.

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No Video Direct, a Amazon reparte com os produtores o dinheiro gerado pelo vídeo com o método escolhido por quem postou o material: receita com anúncios, vendas, aluguéis, ou pelo número de horas transmitidas para os milhões de assinantes do Amazon Prime — programa que oferece benefícios como entrega em dois dias, programas originais e serviços de música e vídeo mediante pagamento anual de US$ 99.

A Amazon fica com cerca de metade da receita gerada, ou, se o vídeo for restrito aos assinantes do Amazon Prime, a gigante paga uma tarifa de US$ 15 por hora assistida nos Estados Unidos. A empresa também vai distribuir US$ 1 milhão por mês para os criadores dos cem programas mais vistos pelos usuários do Prime naquele mês.

Muitas grandes empresas já disponibilizaram vídeos ontem, incluindo Condé Nast Entertainment, Pro Guitar Lessons e HowStuffWorks — que tem mais de 450 mil seguidores no YouTube. A lista de países onde os vídeos da plataforma Amazon podem ser vistos não inclui o Brasil, mas apenas Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Japão e Áustria.

A gigante do e-commerce disse que o serviço foi feito para “produtores de vídeo profissionais”, mas que as únicas exigências são que os vídeos estejam em alta definição e tenham legendas no idioma original, para pessoas com deficiência auditiva.

Rivalidade em jogo
A Amazon está atrasada na competição com o YouTube, que tem mais de 1 bilhão de espectadores gerando bilhões de dólares por ano com anúncios e alçando pessoas comuns ao status de astros. O site de vídeos da Google tem buscado diversificar as fontes de receita. Além do serviço gratuito mantido por anúncios, o site oferece o YouTube Red, com assinatura mensal de US$ 10 e conteúdos exclusivos. Há, ainda, o Unplugged, que deve começar a funcionar em 2017 transmitindo canais da TV a cabo na internet.

Apesar de o Amazon Prime estar crescendo rapidamente, a empresa ainda tem um longo caminho até alcançar e poder competir de igual para igual com o YouTube, destino de quem quer assistir a vídeos on-line desde 2005.

“Não vejo 50 milhões de usuários do Prime fazendo uma redução grande no ecossistema de 2 bilhões de usuários do YouTube”, disse à Reuters, Michael Pachter, analista da Wedbush Securities.

Para Ivan Feinseth, da Tigress Financial Partners, a Amazon tem os meios tecnológicos e os recursos financeiros para ser um concorrente em qualquer negócio, mas também foi cauteloso:

“Eu não sei se isso vai quebrar totalmente o YouTube, ou mesmo algum dos outros serviços, mas, para aqueles que usam intensamente a Amazon, isso vai ter um apelo”, afirmou Feinseth à Reuters.

Amazon e YouTube também duelam pelo streaming de videogames. A companhia de e-commerce comprou o site Twitch, que transmite ao vivo disputas nos games, enquanto o YouTube oferece acesso on demand a vídeos postados. Agora as duas estão em rota de colisão, com o Twitch permitindo upload de vídeos, e o YouTube acrescentando funções ao vivo.

Fonte: O Globo