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Pix se consolida no varejo online, mas experiência do usuário ainda é um desafio

Por: Alex Oshika

Director of Business Unit na Iteris

Possui graduação em Engenharia da Computação pela USP e desde 2009 atua na Iteris, multinacional brasileira de consultoria em tecnologia, onde começou sua carreira como estagiário. Atualmente, ocupa a posição de Director of Business Unit.

Estamos testemunhando um aumento no uso do Pix como meio de pagamento no setor de e-commerce. Esse avanço representa uma transformação significativa na forma como as pessoas realizam transações online e se relacionam com o dinheiro.

Mais do que garantir novas camadas de segurança para o Pix, varejo e instituições financeiras ainda precisam trabalhar na relação de confiança com a população.

Isso acontece porque o modelo bancário tradicional, muitas vezes, impõe requisitos rigorosos e burocráticos para a concessão de crédito, excluindo uma parcela significativa da população que não atende a esses critérios. Por sua vez, cria uma barreira e impede que pessoas e empresas aproveitem oportunidades.

É aqui que o Pix entra para mudar toda a história

Ao utilizá-lo como meio de pagamento, ele oferece uma alternativa acessível e eficaz para aqueles que enfrentam dificuldades em obter crédito, atendendo às necessidades imediatas de transações, mas também traz uma forma de inclusão financeira que anteriormente estava fora do alcance para muitos.

De acordo como o relatório The Global Payments Report 2023, da Worldpay, no Brasil, o Pix se mostra consolidado como o meio preferido para pagamento dos consumidores, representando 24% das transações do país em 2022.

O número de transações via Pix de pessoas para empresas cresceu 209% entre outubro de 2021 e outubro de 2022, passando de 152 bilhões para 472 bilhões, e a expectativa é de que, até 2026, cerca de 35% das transações no e-commerce no Brasil sejam finalizadas com o meio de pagamento.

Isso porque uma das principais vantagens é a velocidade das transações. Com o Pix, o pagamento é processado instantaneamente, eliminando os atrasos associados a transferências bancárias ou pagamentos por boleto. Isso leva a uma experiência de compra mais fluida e satisfatória para os clientes, reduzindo o abandono de carrinho e aumentando as taxas de conversão.

Outro ponto que considero importante é a redução dos custos operacionais. Comparado a outros métodos de pagamento, como cartões de crédito, ele tem taxas mais baixas, o que resulta em economias para os comerciantes. É claro que isso não impacta apenas nos lucros, mas também permite que as empresas ofereçam preços mais competitivos aos clientes.

Os vendedores podem receber os pagamentos em tempo real, eliminando a necessidade de reconciliações manuais e a espera pelo processamento bancário. Essa eficiência contribui para um gerenciamento financeiro mais eficaz e possibilita que os negócios reajam rapidamente às demandas do mercado.

Confiança no processo

Segundo a pesquisa realizada pela Fiserv, o Pix já é considerado o meio de pagamento mais confiável por parte dos brasileiros, à frente de dinheiro em espécie, código de barras, cartão com chip e outros métodos. Mas é importante olhar o outro lado. Dados levantados pelo Estadão, com informações do Banco Central e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), mostram que o método de pagamento instantâneo ainda enfrenta resistência por parte das pessoas com mais de 50 anos. O motivo? O medo de cair em golpes ou serem vítimas de fraude.

Ainda de acordo com dados do Banco Central, jovens com até 19 anos não são adeptos por conta da sua situação financeira, já que a maioria não tem renda fixa. Já com relação às pessoas com mais de 50 anos que têm renda apenas três a cada dez usam o Pix. Esse número é ainda pior quando avaliada a população com 60 anos ou mais. Nesse caso, apenas duas em cada dez pessoas usam a transferência, ou seja, só 18%.

Um outro ponto a ser considerado é que empresas de comércio eletrônico têm oferecido descontos generosos para pagamentos via Pix, o que é um atrativo poderoso para os consumidores em busca de economia. No entanto, muitos ainda se sentem desconfortáveis ao transferir grandes valores para um site online, temendo fraudes, falta de garantias ou simplesmente o desconhecido.

Por mais benefícios que a modalidade ofereça para o consumidor final, ainda há uma desconfiança por parte desse público. Mais do que garantir novas camadas de segurança para o Pix, varejo e instituições financeiras ainda precisam trabalhar na relação de confiança com a população. O Pix é, sem dúvida, algo revolucionário e com uma abordagem responsável, continuará a desempenhar um papel fundamental na economia brasileira e na vida financeira cotidiana, além de conquistar novos adeptos.