Logo E-Commerce Brasil

Panorama de 2020, destino do e-commerce no Brasil e o que vem em 2021

Por: Gabriel Lima

CEO da Enext. Formado em Publicidade e Propaganda pela ESPM, com mestrado em Administração de Empresas pelo Insper. Entre os anos de 2017 e 2020, foi representante do Brasil na Unido e também é autor dos livros Comércio Eletrônico: Melhores Práticas do Mercado Brasileiro e Líderes Digitais.

Diante um ano complicado para os negócios de todos os setores, o e-commerce pode ser considerado como o mercado que mais cresceu. Podemos citar os e-commerces e os marketplaces que tiveram um crescimento de 56,8% até agosto deste ano, segundo dados de um recente relatório divulgado pela Compre&Confie. Esse resultado aponta como os consumidores estão cada vez mais confiantes em realizar compras online, cenário bom para os negócios digitais e garante um maior crescimento para 2021.

É possível citar que temos uma avaliação muito positiva, e o e-commerce tem movimentando de modo geral a economia do país ao longo dessa pandemia. Para tal crescimento, líderes digitais investiram e transformaram seus canais, que antes era apenas estratégico, em essencial para os consumidores.

Aqueles e-commerces que antes já investiam completamente nas vendas digitais e na integração de canais antes da crise, conseguiram se adaptar rapidamente — e tiveram resultados repentinos no crescimento de suas vendas. Além disso, neste ano a participação do e-commerce no Brasil chegou nos mesmo patamares de 10-12% das vendas totais do varejo em em relação a mercados mais maduros na América do Norte, Europa e Ásia.

É possível ter essa projeção de crescimento mesmo com o mundo pós-pandemia. Em uma análise feita entre nossos clientes, vimos que entre 25-35% dos consumidores nunca haviam realizado compras online — seja por falta de conhecimento do canal ou por falta de confiança. Após boas experiências de compra, esse consumidores não devem abandonar esse novo comportamento. Afinal, as compras online são excelentes do ponto de vista de conveniência para o consumidor — elas reduzem o atrito e fazem com que os clientes economizem um recurso precioso: o tempo.

Para manter este crescimento é importante que os negócios digitais mantenham os investimentos nos canais para a performance ser positiva. Por mais que o Brasil esteja em um ritmo acelerado neste quesito, existem ainda muitas dificuldades de expansão no comércio eletrônico que podem retardar um maior avanço no setor. São elas: deficiências logísticas, falta de mão de obra capacitada e solavancos econômicos.

O governo vem tentando privatizar os Correios, e as grandes empresas de e-commerce estão se preparando para reduzir de forma significativa sua dependência da estatal. Cada dia que passa ela perderá mais valor até se tornar irrelevante. Por conta disso, existem muitas oportunidades de crescimento para pequenas e médias empresas de logística e transporte, além de uma ressignificação do ponto comercial.

Outro fator é a falta de mão-de-obra qualificada. Em recente estudo da Brasscom (Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação), até 2024 a procura por profissionais de TI será de 420 mil pessoas. E, infelizmente, o país historicamente forma poucos profissionais de tecnologia e ciências exatas. Ou seja, podemos ter um apagão de conhecimento disponível e retardar o avanço da economia digital.

Por fim, nossa trajetória econômica pode ajudar na desaceleração do crescimento. Apesar da baixa correlação vista até agora neste mercado, a manutenção de crescimentos consistentes por longos períodos também depende de fatores macroeconômicos.