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Os oito erros mais comuns de quem começa a vender no Mercado Livre

Por: Cláudio Dias

Co-founder e CEO da Magis5

Co-founder e CEO do Magis5, possui vasta experiência em varejo e e-commerce. Formado em Direito e com MBA, também tem uma formação consolidada em gestão e governança de empresas tech.

Quando alguém pensa em começar a vender no ambiente digital, o Mercado Livre é um dos marketplaces mais cogitados, já que, atualmente, é a maior plataforma de vendas online do Brasil.

Em julho, de acordo com relatório da Conversion, o marketplace liderava com mais 300 mil acessos totais (contando acesso via desktop e por seu aplicativo). A vantagem sobre o segundo colocado é de mais de 91 milhões de acessos.

O Meli também é um dos poucos marketplaces que ainda permite vendas com CPF. Essa possibilidade, para quem é iniciante, torna-se uma opção viável para começar a vender em pequenas quantidades antes de investir mais no comércio eletrônico.

A plataforma também possui outras vantagens, como subsídios para frete. No entanto, esse benefício está atrelado à reputação do vendedor que pode, também, influenciar na posição de anúncios no mecanismo de busca do Mercado Livre.

Para ter uma boa reputação no marketplace, é preciso evitar erros bastante comuns de acontecer ao começar a vender na plataforma. Uma parte dos vendedores comete esses equívocos por negligência e outros por desconhecimento. Neste artigo, citaremos alguns desses erros, com os quais os sellers devem tomar cuidado para, assim, poderem ter mais sucesso no site.

1. Proporcionar um atendimento ruim ao visitante

O bom atendimento é importante para atrair e reter clientes.

Uma boa experiência na loja virtual do Mercado Livre está intrinsecamente ligada ao atendimento. Isso significa manter uma boa comunicação com o cliente ou com quem está interessado em alguma mercadoria do seller por meio de respostas claras e completas.

Então, mesmo após a venda, é preciso manter o consumidor informado sobre todos os processos após a finalização de carrinho. O ideal é que seja uma comunicação proativa, em que o vendedor se antecipe para responder às dúvidas do cliente. Ele pode fazer um anúncio bem completo, além de transmitir informações em seus canais – redes sociais e e-mail.

As dúvidas recorrentes podem se tornar conteúdo de perfis no Instagram, blog, e-mail ou qualquer outro canal que o seller utilize.

Outro ponto importante é manter um tom de voz cordial, com paciência para sanar dúvidas. Respostas incompletas, pedir que o consumidor leia com mais atenção o anúncio ou algo similar não são indicados.

2. Falta de agilidade em respostas

Esse erro está ligado ao anterior, mas, dessa vez, estamos falando sobre tempo em responder. Há vendedores que mantêm um tom de voz adequado, fornecem informações proativamente, mas pecam no tempo de respostas.

Na internet, tudo acontece em uma velocidade maior e a concorrência pode ser mais rápida. Se os produtos forem iguais ou similares, o que é muito comum, quem demora para responder tem grandes chances de perder a preferência.

Dessa forma, é indicado dar atenção às respostas para construir reputação, de forma geral, e boa experiência para cada cliente. Quando as vendas crescerem, a equipe de atendimento também deve aumentar para conseguir manter o tempo de resposta satisfatório.

3. Precificação errada

Precificar seus produtos pode se tornar uma dor para o seller, principalmente para aqueles que estão iniciando no marketplace.

Mesmo que as vendas estejam ocorrendo, uma precificação errada pode comprometer o faturamento e o lucro de um negócio, o que impossibilita de investir, futuramente, em mais canais de venda, criar ações de marketing etc.

Para tal, é necessário saber as comissões que o Mercado Livre aplica em cada categoria de seus produtos, além de calcular o frete grátis que sai do bolso do vendedor, e demais custos que tiver.

Nem sempre utilizar preços menores do que os do concorrente pode beneficiar o lojista, assim como querer grandes margens de lucro pode afastar potenciais compradores. Portanto, para encontrar o valor ideal, devem ser levadas em conta todas essas particularidades para que não afete seu desempenho na plataforma.

A precificação errada pode impactar na saúde de um e-commerce.

4. Não criar variações de anúncios

No comércio eletrônico, tudo é questão de teste, e o Mercado Livre oferece uma possibilidade bem interessante para experimentar. É possível fazer mais de um anúncio para o mesmo produto.

Dessa forma, você pode testar qual copy (texto) tem melhor performance. Além da experimentação, anúncios diferentes atendem a mais tipos de pesquisas. Afinal, as pessoas usam termos diferentes para buscar por um mesmo item.

Há quem digite na barra de pesquisa do Meli:

“Uniforme para obra.”

E quem busque por:

“Fardamento para obra.”

O seller tem mais chances de aparecer para mais pessoas se escolher títulos, descrições e outros com sinônimos.

Também é possível realizar testes para entender qual abordagem surte mais efeito com o público da loja e entender melhor o comportamento de seu consumidor. Por exemplo, um termo mais técnico pode não funcionar, portanto, utilizar sinônimos mais coloquiais pode fazer com que ele tenha mais chances de encontrar sua loja.

5. Não analisar sua concorrência

O mercado de e-commerce é muito promissor, e os marketplaces são os espaços que mais se destacam no ambiente digital. Em 2020, esses grandes shoppings virtuais representaram 78% das vendas online, de acordo com o relatório Webshoppers – Ebit | Nielsen.

Ao pensar nisso, a concorrência está cada vez mais acirrada, já que cada vez mais pessoas têm a iniciativa de começar a vender online. Para se destacar em um marketplace grande como o Mercado Livre, é preciso estudar a concorrência, ver onde eles acertam, mas, principalmente, quais são seus erros.

Uma prática que pode ajudar nessa análise é avaliar os processos de concorrentes do mesmo nicho que o seu, como atendimento, qualidade de entrega, uma estratégia chamada benchmarking. Porém, além de analisar a concorrência, os lojistas não devem cair no erro de fazer isso esporadicamente, pois é preciso ser feito constantemente e com objetivos claros de estudo.

Dessa maneira, o lojista pode criar diferenciações de outras lojas para atrair mais clientes que não estão satisfeitos com outras marcas do mercado.

Analisar a concorrência também fazer parte do método SWOT (ou FOFA), comum em estratégias de marketing, que se baseia nas forças, oportunidades, fraquezas e ameaças de sua empresa, a qual analisa o ambiente interno e externo e formas de crescer perante diversas situações do mercado e na constante melhoria de seus processos internos.

6. Não pesquisar o nicho e o comportamento de seu consumidor

Aliado à prática de analisar a concorrência, ter conhecimento sobre o seu nicho de mercado, ou seja, conhecer comportamento, idade, região, preferências, linguagem, entre outros aspectos, é necessário para entender como seguir com estratégias, escolha de produtos, ações em redes sociais etc.

Para isso, estudar o mercado de comércio eletrônico como um todo fará o lojista ver novas oportunidades para, futuramente, ter mais lojas de outros setores e segmentos, caso queira se expandir.

Acompanhar canais no YouTube sobre e-commerce, podcasts, ler blogs e livros, e estar em eventos ajudarão você a entender não só o nicho, como também o consumidor e desenvolver a sua persona (cliente) ideal.

Porém, é válido lembrarmos que tão importante quanto estudar o mercado é saber que cada negócio é único e o que funciona para um pode não funcionar para outro, e será a partir da experiência prática que o empreendedor conseguirá ter uma visão analítica sobre seu e-commerce.

Desde o início, o empreendedor deve se basear nos dados para comprovar a teoria e fazer os ajustes necessários para a melhor performance. O mais recomendável é:

Ciclo contínuo de aprendizagem e aperfeiçoamento.

7. Não controlar o estoque

O estoque é um dos setores do e-commerce que geram mais dúvidas. Mesmo que o empreendedor já atue com vendas tradicionais, no online as demandas são diferentes, pois é preciso uma gestão ainda mais assertiva para que não se venda um produto que já não esteja mais estoque e gere dor de cabeça ao consumidor e problemas com o marketplace.

Vamos começar pelos tipos de estoque, cada um com seus desafios e oportunidades.

Estoque único ou próprio

Todos os produtos são armazenados pelo seller e os itens serão vendidos exclusivamente para o e-commerce. A grande vantagem desse tipo de estoque é o controle, já que não há uma loja física, o que reduz as chances de erros.

No Meli, torna-se mais simples gerenciar as quantidades, já que não é preciso fazer um cálculo conjunto do que está disponível no estoque da loja física e na do marketplace.

O desafio é entender qual quantidade de produto produzir ou armazenar para não faltar nem ficar com a mercadoria parada por muito tempo. Apesar da exclusividade para o e-commerce, pode ser adotada por quem atua no comércio tradicional também.

Estoque compartilhado

Consiste em um só estoque para o negócio físico e a loja no Mercado Livre. Assim, o seller não precisa se preocupar em ter mais estoque para as vendas online. É uma boa opção para quem está digitalizando as vendas, em um modelo híbrido. Diminui a necessidade de espaço para armazenamento e ajuda na gestão das duas frentes do negócio, digital e física.

O desafio está em gerir o estoque da parte tradicional e no Mercado Livre. O ideal é realizar a integração com um sistema que gerencie automaticamente as quantidades dos produtos disponíveis. Caso não seja possível, trabalhar com planilhas de estoque e ter muita atenção a esse ponto são essenciais para evitar erros.

Estoque descentralizado

Nesse caso, o seller não precisa ter um espaço para armazenamento dos produtos. Isso porque as mercadorias são enviadas para centros de distribuição espalhados pelo país. Através do serviço de fulfillment do Mercado Livre, isso se torna possível, o que torna as entregas mais rápidas, O marketplace possui grande investimento nessa área para assegurar sua qualidade.

Contudo, há custos para deixar o produto no centro de distribuição e nos processos decorrentes. Além disso, é necessário manter um bom histórico no marketplace para que seja possível participar desse serviço.

O controle de estoque correto é uma das maiores dificuldades para gestores de um e-commerce.

8. Demorar a investir em tecnologia para e-commerce

Testar e caminhar de acordo com a evolução do e-commerce é fundamental nas vendas on-line. No entanto, é necessário entender quando o negócio já pede mais investimentos.

Atualmente, todas as empresas que querem escalar precisam investir em tecnologias para melhorar seu desempenho, aumentar produtividade e diminuir custos extras.

Seja ferramentas de marketing, logísticas, de gestão, entre outras. Para marketplaces, em especial o Mercado Livre, há hubs de integração e automação focados em auxiliar os lojistas a otimizar seu tempo, automatizar tarefas manuais, entre outras vantagens.

Com essas ferramentas, a possibilidade de atrair mais clientes e lhes dar uma experiência de consumo melhor são aumentadas, o que fará uma loja crescer no Mercado Livre e se tornar mais relevante.

Contudo, é válido lembrar que o Meli é uma das portas de entradas aos empreendedores no ambiente digital, mas, ao crescer, é necessário expandir seus canais de vendas, seja em uma loja virtual própria ou entrar em outros marketplaces. Tudo dependerá do negócio, e cabe ao gestor analisar onde terá mais oportunidades para crescer seu e-commerce.