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Mulheres no e-commerce e sua longa jornada pela equidade de gênero

Por: Laís Lima

Gerente de Marketing da Signifyd para a América Latina

É Senior Marketing Manager LATAM na Signifyd. Formada pela Universidade de São Paulo e Universidad Iberoamericana, Laís tem passagens profissionais por empresas como Samsung, Deloitte e IAAPA.

O mês da mulher é importantíssimo para gerar uma reflexão sobre o papel que nós, mulheres, desempenhamos em diferentes áreas e em quais delas precisamos melhorar como sociedade. O fato de 8 de março estar enraizado em nossas mentes já é incrível por si só. Mas é ainda melhor a evolução da mensagem que essa data carrega: até pouco tempo atrás, celebrava unicamente a “beleza e a delicadeza” femininas; hoje, é um verdadeiro manifesto de empoderamento e reconhecimento da nossa voz.

Muitas mulheres abriram o caminho para que outras ocupassem o lugar de sua preferência, mas ainda há uma longa batalha até que essas conversas deixem de ser necessárias.

Para alguns, pode parecer repetitivo falar sobre injustiças e ler sobre elas em dezenas de campanhas e conteúdos, mas até que a justiça, a segurança e a equidade sejam alcançadas, continuará havendo a necessidade de revisitar essas questões. Muitas mulheres já abriram o caminho para nós podermos ocupar o lugar que quisermos, mas ainda há uma longa batalha até que essas conversas deixem de ser necessárias. Na nossa indústria, não seria diferente.

Mulheres no e-commerce

As mulheres têm desempenhado um papel importante no crescimento do e-commerce brasileiro como consumidoras, especialistas e empreendedoras. Segundo estudo do Data Nubank 2021, em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o empreendedorismo feminino é responsável por 75% do faturamento com vendas por e-commerce no Brasil, feitas por redes sociais, aplicativos ou pela web de modo geral.

Enquanto isso, em boa parte das grandes empresas, as mulheres ainda estão sub-representadas, incluindo empresas de e-commerce, nas quais o talento feminino tem se destacado por sua criatividade, inovação e poder de transformação.

Prova disso é que, no ano passado, 14 mulheres foram premiadas pela Signifyd entre as 30 Pessoas Mais Influentes do Comércio Eletrônico em 2023 (MIIE em inglês), um número diferente e mais equitativo do que o observado no mercado de trabalho e uma demonstração clara da transformação que as mulheres estão causando no setor.

Alguns exemplos de mulheres liderando grandes empresas brasileiras, todas direta ou indiretamente ligadas a e-commerces, são Luiza Helena Trajano, dona do Magazine Luiza, Bianca Andrade, influencer e fundadora do Boca Rosa Beauty, e Cristina Junqueira, cofundadora do Nubank.

E, quando elas têm o poder de decisão, isso representa um catalisador de empoderamento e equidade. Segundo estudo da Rede Mulher Empreendedora (IRME), quando elas empregam, preferem contratar pessoas do mesmo gênero. Os números mostram que, das mulheres que possuem funcionários, 29% têm maioria feminina e outros 29% possuem equipe formada apenas por mulheres. Ao darem espaço para novas funcionárias, há uma constante troca de apoio e evolução que, por sua vez, gera um efeito bola de neve com impacto social e econômico gigantescos.

As mulheres brasileiras merecem novas e melhores oportunidades, como programas de financiamento, acesso a cursos de tecnologia, programas de orientação e mais influência para atender às necessidades desse segmento da população que solidifica a base da nossa sociedade.

Como parte desse setor, sei que é minha função dar continuidade a essas conversas e promover um espaço seguro de aprendizado e desenvolvimento para mim e para outras mulheres, mas esse trabalho não pode ser deixado apenas para nós. É responsabilidade de todos incentivar as mulheres interessadas em fazer parte do comércio eletrônico brasileiro, seja defendendo a inclusão e a equidade, abrindo caminho para oportunidades de desenvolvimento profissional, facilitando sua entrada no emprego formal ou simplesmente comprando produtos de empresas lideradas por mulheres empreendedoras.

Nada disso é novidade, mas é uma situação que continua a existir. E, enquanto existir, não pode ser ignorada. Se quisermos que o comércio eletrônico brasileiro continue a crescer e, consequentemente, a economia do país, é hora de todos nós começarmos a trabalhar.