Logo E-Commerce Brasil

Alta na inflação e baixa na economia - como não perder vendas?

Por: Gabriel Lacombe

Gabriel Lacombe é COO da Koin desde outubro de 2020. O executivo conta com mais de 24 anos de experiência no mercado, sendo que os últimos 18 foram liderando companhias como fintechs, e-commerces, BPOs, indústrias e empresas de logística. Com formação acadêmica e de educação executiva na FAAP, Insper e Saint Paul Escola de Negócios, Lacombe também possui sólida experiência na estruturação, crescimento e consolidação de startups. Sua trajetória profissional inclui passagem por companhias como ProPay Brasil, Proton Granite e América Latina Logística (ALL). O executivo se destaca por sua visão sistêmica e estratégica de negócios, combinada a sólidas habilidades de análise e gestão.

Em função do cenário brasileiro macro e microeconômico, a inflação está alta e subindo cada vez mais. Segundo a matéria publicada pela CNN, a projeção do mercado financeiro para a inflação em 2022 avançou de 7,65% para 7,89%.  Esses dados são previsões para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), sendo que a expectativa para o indicador em 2023 também subiu, de 4% para 4,1%.

A inflação tem impacto no orçamento das pessoas, principalmente quando ela sobe mais rápido do que o aumento da renda.

A inflação tem um impacto grande no orçamento das pessoas, principalmente quando ela sobe mais rápido do que o aumento da renda, o que vem acontecendo nos últimos meses. Segundo o estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), os rendimentos habituais reais médios dos brasileiros caíram 8,7% no primeiro trimestre de 2022 em comparação ao mesmo período de 2021, chegando a um valor de R$ 2.548. Essa combinação de pressão sobre os gastos com renda estável faz com que haja uma compressão ainda maior no orçamento.

Menos poder de compra e adaptação do comércio

Em linhas gerais, nesse tipo de cenário, o consumidor tende a comprar menos, pesquisar mais e optar por opções com maior custo-benefício. De acordo com o estudo da Fronte Pesquisa, 93% dos brasileiros já perceberam o aumento de preço, e 89% das pessoas mostraram adaptações nos hábitos de compra ao novo contexto, em todas as camadas sociais, sendo: de renda média alta, foram 76%, enquanto entre os de classe média baixa, 85% fizeram algumas mudanças e nas classes de renda baixa, foram 90%.

Com esse panorama, o comércio – físico e eletrônico – deve se adaptar para não perder vendas. Apesar do momento, também existem oportunidades quando se trata de formas alternativas de pagamento. Uma vez que o consumo tende a ser menor e sofrer alterações, a predisposição é de que o comércio ofereça condições diferenciadas para driblar as adversidades do período e permitir que o consumidor ainda tenha acesso a bens e serviços. Isso porque boa parte da população não pode arcar com valores à vista ou até em poucas parcelas, o que torna outros meios de pagamento essenciais.

Parcelamento continua sendo a saída

Os hábitos de parcelamento são comuns entre brasileiros. Segundo uma pesquisa do SPC Brasil, 79% dos consumidores costumam parcelar suas compras e seis em cada dez entrevistados possuem parcelas pendentes. Mas além de um favoritismo, a existência de mais formas de pagamento a prazo de produtos e serviços é importante para tornar o consumo mais viável em cenários de alta inflação. Dentre os meios de pagamento, existem as soluções Buy Now Pay Later (ou compre agora, pague depois), que envolvem parcelamentos de compras sem a necessidade de cartão de crédito ou conta bancária, e vêm se mostrando uma forte tendência dentro do varejo, uma vez que ela aparece como uma solução dentro da perspectiva atual.

O parcelamento permite que os consumidores com orçamento impactado e reduzido ainda possam ter acesso a bens e serviços. E, uma vez que a renda total fica comprometida, é ainda mais importante que empresas do varejo busquem alternativas de pagamento que facilitem a compra dos consumidores, de forma consciente para não se endividarem, e que eles recebam o produto hoje e paguem parcelado.

Em linhas gerais, para o consumidor final, passa a ser ainda mais importante as fontes alternativas que permitam comprar e pagar em parcelas de forma que as parcelas caibam no orçamento mais comprimido. E para o comércio, é ainda mais importante incorporar no seu portfólio meios de pagamento que permitam a esse cliente, com sua renda reduzida, pagar em parcelas, como as soluções compre agora, pague depois.

Desafio do varejo

Por mais que o cenário brasileiro atual seja de instabilidade, o desafio do varejo é olhar e entender a necessidade do cliente a fundo, como os seus novos hábitos de consumo e quais são os seus movimentos quando se trata de compras, além de também possui um portfólio de produtos mais apurado, preços mais atrativos e oferecer soluções de pagamento alternativas.

Apesar do panorama, é dentro de situações como essa que ideias brilhantes de negócios surgem e transformam o ecossistema do comércio e dos meios de pagamento.

Leia também: Inflação – diminuindo o poder de compra do consumidor