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Pagamentos: como reduzir custos com segurança e elevar a conversão?

Por: Gastão Mattos

Atua na liderança brasileira da IDid. Com mais de 25 anos de experiência no setor de e-commerce e meios de pagamento, foi diretor da Credicard, vice-presidente de marketing da Visa, presidente da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (câmara.e-net) e da M-Cash, CEO da Braspag e fundador da GMattos Consultoria. Graduado em Engenharia e com pós-graduação em Engenharia de Produção, ambas pela Escola Politécnica da USP.

O setor de pagamentos é um dos segmentos do varejo que mais tem passado por transformações. Tecnologias de ponta são incorporadas para criar novas formas de pagar com o intuito de trazer mais segurança e comodidade ao consumidor. Por outro lado, a entrada de novos players ampliou fortemente a competição neste mercado e um dos resultados é a redução acentuada da MDR (Merchant Discount Rate, ou Taxa de Desconto, em português).

Se há 15 anos a MDR chegava a 3,5% e há 10 anos atingia 2,54%, hoje não passa dos 2%. Segundo dados da ABECS (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços), em 2017 a MDR era 2,60%, passando por 1,97% em 2018 e chegando a 1,84% no terceiro trimestre de 2019.

Por outro lado, de acordo com pesquisa da GMattos Gestão Empresarial, o gasto médio das lojas online com a prevenção de fraudes somado às perdas geradas por chargebacks chega a 1,9% das vendas. Ou seja, a loja online gasta mais com questões relacionadas à segurança do que a própria aceitação dos cartões. No composto, MDR + Custo Médio de Fraude, o custo dos lojistas se mantém no patamar de 3,7%, superior ao custo de 15 anos atrás.

Prevenção à fraude

Segundo relatório da Fortune Business Insights, o mercado global de prevenção à fraude arrecadou US$ 19,27 bilhões em 2018 e possui projeção anual de 25,5%, atingindo US$ 110,04 bilhões em 2026. Além disso, segundo pesquisa recente da Visa, o Brasil é o segundo país da América Latina com o maior número de fraudes no cartão em compras online. Inclusive, a pesquisa “Perfil de Compra em 2019”, realizada pela Social Miner em parceria com a Opinion Box, aponta que 18,6% dos consumidores não compram online. Destes, 46,3% evitam esta atividade por medo de fraudes.

Todo este cenário faz com que os todos agentes do setor de pagamentos online, tais como bancos emissores, adquirentes e subadquirentes, realizem um esforço “maior” para investir em novas plataformas para vendas online. Inclusive em mecanismos de segurança, tão necessárias para manter sua credibilidade junto ao lojista e ao consumidor — além de precisarem se diferenciar perante à forte concorrência, apresentando novos produtos e serviços. Ao mesmo tempo, isso reforçou a oferta dos serviços de subadquirentes, onde o risco da transação não é do lojista contratante, mas sim do próprio subdaquirente, na oferta de transação garantida. Entretanto, esta proposta tem como resultado uma taxa de conversão menor, devido aos critérios dos subadquirentes para se protegerem.

O fato é que as tentativas de fraude continuarão a ocorrer, assim como o mercado superaquecido dos meios de pagamento seguirá evoluindo para outros patamares, aumentando ainda mais a concorrência. E a pergunta que fica é: como reduzir os custos do lojista com plataformas antirrisco, sem abrir mão da segurança e da conversão de vendas? E, ao mesmo tempo, como garantir o recebimento da maior variedade de cartões nas vendas online por meio da sólida credibilidade que os bancos e adquirentes fornecem?

Cartão presente

Embora pareça impossível, a solução é bastante evidente: trazer para as transações online, conhecidas como “Cartão Não Presente” (CNP), o mesmo processo de autorização para as compras com Cartão Presente — até então realizadas no mundo físico, onde o portador do cartão (consumidor) está sempre presente. Dados de mercado apontam que apenas 70% das compras CNP são autorizadas. Com cartão presente, o índice supera 95%. Este é o desafio a enfrentar para uma nova abordagem vencedora e decisiva para as compras online.

Saindo do conceitual e partindo para a prática, uma vez que o consumidor online seja direcionado para o sistema do banco para digitação de senha ou uso de biometria, esta compra terá as mesmas chances de autorização de uma compra em loja física — mas mantendo o nível de usabilidade como o processo de pagamentos online jamais atingiu.

Para isso, é necessário o envolvimento dos bancos e adquirentes com este tipo de plataforma. Soma-se a isso a eliminação de processo como digitar o número do cartão e o armazenamento de dados sensíveis no sistema da loja e a transação torna-se totalmente segura para todos os envolvidos na cadeia. E, ainda, garante que o momento de pagar traga total comodidade ao usuário final. Este tipo de tecnologia já existe e pode ser a grande solução para reduzir custos dos lojistas e possibilitar novos ganhos para adquirentes e bancos como uma oferta inédita e complementar para o grande mercado de vendas online.