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Cinco casos de uso em que os marketplaces podem ajudar

Por: Gabriel Lobitsky

Diretor de Vendas para América Latina na Mirakl

É Diretor de Vendas da Mirakl na América Latina. Executivo com mais de 25 anos de experiência em vendas, sendo 17 dedicados a vendas de enterprise software, como SAP, Oracle, Infor, DataRobot, Engagehub e agora Mirakl. Expert em digital e marketplaces, foca em ajudar empresas de todos os portes e segmentos a aumentarem suas receitas de maneira simples, com a adoção de marketplaces.

Marketplaces são uma realidade no dia a dia das empresas brasileiras. Não só B2C, como varejistas – Mercado Livre, Magazine Luiza, Casas Bahia, entre outros – como B2B também. E há dezenas de exemplos de sucesso, como Juntos Somos Mais, Bees da Ambev, Compra Agora da Unilever, entre outros.

Os marketplaces podem ter uma participação muito maior na estratégia de seus negócios do que somente aumentar o sortimento.

O que poucos executivos sabem é que os marketplaces podem ter uma participação muito maior na estratégia de seus negócios do que somente aumentar o sortimento. É bem verdade que esse é o caso de uso mais comum. A Amazon, por exemplo, começou a adicionar outras categorias à que já dominava como 1P – livros – e desde 1998, com a aquisição da Junglee Corporation, que já atuava em um modelo de marketplace, pouco a pouco foi abocanhando mercado, sendo que hoje tem praticamente tudo.

Agora, quais são os demais direcionadores estratégicos que posso ter em mente, além de aumento de sortimento?

– Evitar itens sem estoque
– Usar o marketplace como um laboratório
– Gerar tráfego nas lojas
– Cobertura geográfica
– B2B apenas – digitalização do ecossistema

Evitar itens sem estoque

Muitos varejistas adotam esse tipo de estratégia, trazendo inclusive produtos de concorrentes, para possibilitar que o consumidor sempre encontre o que busca e, assim, mantenha a fidelidade à marca. Plataformas avançadas de marketplace permitem que o consumidor final só veja a oferta de marketplace quando o item 1P está sem estoque. Por exemplo, se eu sou a ACME Retail, e sou distribuidor da marca de televisores Oshkosh, posso trazer o meu concorrente direto, Seller Eurasia Eletrônicos para o meu marketplace, deixar o catálogo escondido nas categorias que são core para mim, e somente disponibilizar o produto Eurásia quando estiver sem o Televisor Oshkosh.

Usar o marketplace como um laboratório

Esse é um outro caso de uso comum. Varejistas e distribuidores constantemente se perguntam – “O que mais posso vender aos meus consumidores?” – “Quais categorias de produtos fazem sentido para acompanhar o meu sortimento?”.

Adicionar categorias ou simplesmente novos produtos ao catálogo é uma decisão importante, pois envolve custos. Compra, armazenamento, gestão de inventário… É algo complexo.

Uma forma simples de resolver essa questão é usar o marketplace como laboratório. Novamente, citamos a Amazon aqui. Ela é conhecida nos EUA por aprender o hábito de consumo de seus consumidores finais e, ao identificar categorias ou produtos dentro de categorias que já vende, que possuem grande demanda dentro de seus sellers, passa a oferecer tais produtos como 1P, aumentando a rentabilidade, já que fica com toda a margem de lucro, em vez de coletar os dez, 20% de comissão (dependendo das categorias, pode ser menos ou mais). Dessa forma, o varejista/distribuidor faz uma adição de categoria ou produto muito mais assertiva.

Marketplace como um gerador de tráfego nas lojas

Muitos varejistas miram o tráfego em lojas como um indicador superimportante. Investem milhões e milhões de reais em propaganda, mas muitas vezes não conseguem alcançar o volume desejado.

Vários desses profissionais começaram a usar as estratégias omnicanal para melhorar o fluxo das lojas, mas, mesmo assim, o retorno nem sempre é o esperado em certas lojas, pois, como o inventário dos varejistas é limitado, acaba sendo um limitador também do quanto de consumidores pode fazer as jornadas BOPIS e BORIS (buy online pick up in store e buy online return in store).

Porém, varejistas que adotam o modelo correto de marketplace chegam a ter um fluxo muito maior em loja, pois como o sortimento do marketplace é muito maior, e sem custo para o varejista, ele acaba recebendo um fluxo extremamente maior por conta dos produtos 3P que complementam a estratégia do 1P. Muitos varejistas que adotaram a estratégia de marketplace omnicanal têm não só aumento de tráfego, como também o offline boost effect, que é a venda do produto 1P da loja para os consumidores da jornada omnicanal do marketplace, seja no BOPIS ou no BORIS.

Cobertura geográfica

Como os varejistas que possuem e-commerce que não trabalham com marketplaces fazem quando querem atender a novos mercados e oferecer uma entrega de ao menos dois dias?

Precisam pelo menos abrir um centro de distribuição, que custa mais de R$ 100 milhões, comprar SW, instalar o SW, integrar o SW em seus outros enterprise softwares, contratar equipe, treinar equipe etc. Muito esforço, certo?

E isso tudo sem ter a certeza de que o negócio vai prosperar.

Agora, uma forma simples de se testar uma nova região é usar o marketplace como estratégia de fulfillment, trazendo sellers da região, que podem fazer a entrega no mesmo dia, D+1… Isso tem ajudado a centenas de empresas no mundo todo a criarem suas marcas em regiões que ninguém os conhecia, com um baixo custo e um alto grau de satisfação dos consumidores, pois recebem os produtos rapidamente.

B2B apenas – digitalização do ecossistema

Grandes fabricantes, como ABB, Siemens e 3M, possuem uma presença digital fantástica. Ótimo tráfego, muitas vezes possuem e-commerce com ótima experiência, enquanto seus distribuidores ou revendedores possuem baixa ou nenhuma presença digital.

Isso é ruim para o ecossistema como um todo. O fabricante perde venda, pois muitas vezes o consumidor precisa de um produto que o revendedor do fabricante tem, e que está próximo a esse consumidor, porém, como esse revendedor não possui presença digital, ele não aparece na busca que o consumidor faz no Google. No final, o consumidor fica sem o produto que gostaria e tem que comprar outra marca, a revenda fica com o estoque parado e sem a venda, e o fabricante fica sem a venda também. Ou seja, um cenário perde-perde-perde.

Pensando nisso, vários fabricantes, com foco em B2B e cadeias de suprimentos calcadas em produção, distribuição, revenda e consumo, têm cada vez mais trazido os distribuidores para os seus marketplaces, ajudando a revendas encontrarem distribuidores, mesmo que não tenham bons e-commerces em um modelo B2B2. E também trazem revendas para os seus marketplaces para ajudar aos consumidores finais a encontrarem os seus produtos em um cenário B2B2C. E ainda evitam o conflito de canais, pois o fabricante não está vendendo diretamente nem para o revendedor e nem para o consumidor final, e está emprestando todo o tráfego dele para ambos os distribuidores e revendedores para ganharem em cima. E ainda… os fabricantes têm acesso aos dados de consumo para criarem novos produtos, precificar melhor, planejarem o abastecimento de maneira mais eficiente. Um verdadeiro ganha-ganha-ganha.