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Black Friday 2021 x Black Friday 2022: lições, dados e expectativas

Por: Cláudio Dias

Co-founder e CEO da Magis5

Co-founder e CEO do Magis5, possui vasta experiência em varejo e e-commerce. Formado em Direito e com MBA, também tem uma formação consolidada em gestão e governança de empresas tech.

A última sexta-feira do mês de novembro é aguardada pelos profissionais de e-commerce todos os anos. Afinal, é um momento propício para impulsionar o faturamento em um período no qual o consumidor está mais disposto a comprar.

Mas quem é do comércio eletrônico sabe que contar apenas com as vantagens naturais de novembro é pouco. Por isso, entender como foi a Black Friday anterior e as expectativas para 2022 é fundamental.

Existem projeções para a data e, de acordo com o comportamento do consumidor durante o ano, é possível fazer algumas apostas para a Black Friday que vem aí.

Segundo um levantamento da Nuvemshop, apenas um terço dos lojistas se sentem preparados para a Black Friday 2022. Entender o que aconteceu na data anterior e as tendências para 2022 é o começo de uma preparação assertiva.

Dados Black Friday 2021 X Projeção 2022

Black Friday 2021 x 2022: o que será que irá mudar?

Todo seller gostaria de ter o dom de prever de maneira eficaz o futuro. Dados não são uma bala de prata, mas são fundamentais para se ter um panorama melhor do cenário e traçar boas estratégias para a Black Friday 2022. O que aconteceu em 2021 traz lições e aponta tendências.

E-commerce e a experiência omnichannel

Em 2021, o comércio eletrônico foi o canal campeão de vendas na Black Friday, o que não é de surpreender, já que o setor cresceu nos anos da pandemia.

Para 2022, espera-se igualmente um bom desempenho, apesar dos fatores externos que afetam o país.

Com a volta das lojas físicas, a experiência omnichannel se torna uma tendência para a qual empreendedores devem se atentar – mesmo para aqueles com somente lojas virtuais pode ser válido fazer parcerias ou proporcionar entregas mais rápidas com os marketplaces para preencher essa lacuna.

Um levantamento do relatório de varejo de 2021 da Adyen mostra que 71% das pessoas afirmam que o omnichannel oferece uma experiência satisfatória de compra ao apontar que seriam mais fiéis a lojas que oferecessem a opção de fazer uma devolução no estabelecimento físico mesmo que tenha feito o pedido online.

Essa tendência vai ao encontro também do pickup store, quando o shopper realiza a compra pelo site ou aplicativo e retira na loja física, uma prática fundamental para aqueles que têm estratégias omnichannel e que, em 2021, obteve um crescimento de 139%, de acordo com a ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico).

Portanto, o vendedor deve preparar todos os pontos de contato para proporcionar uma boa experiência para o cliente e aumentar as vendas.

Contudo, é válido lembrar que não são todos empreendedores que necessariamente devem ser multicanal, e sim entender o comportamento de seu consumidor e estar onde ele está, que, por vezes, não será necessariamente em lojas físicas.

Qual foi o faturamento da Black Friday 2021? E a de 2022 qual é a expectativa?

A Black Friday 2021 movimentou R$5,4 bilhões, contando o período da quinta-feira às 0h até às 23h59 da sexta-feira. A cifra representou um crescimento de 5,8%, porém, ficou 2,4% abaixo da expectativa, segundo a Neotrust.

Já o ticket médio, segundo o Reclame Aqui, foi de R$654,06 em 2021, enquanto que em 2020 foi de R$612 – aumento de 7,2%.

Para 2022, a estimativa da ABComm é de que a projeção seja de R$6,05 bilhões, o que representa um crescimento de 3,5%.

Formas de pagamentos cada vez mais diversificadas?

O cartão de crédito foi o meio de pagamento mais usado na Black Friday 2021, sendo o preferido em 63,2% das compras, segundo a All In. O boleto bancário ficou em segundo, com presenças em 32,5% das compras de Black Friday.

Esperava-se que o Pix e as carteiras digitais tivessem uma participação maior, porém, foi de apenas 0,5%.

No entanto, devido à época da Black Friday ser última sexta-feira de novembro, parcelar as compras foi mais comum. Nesse período, circula menos dinheiro no país por causa das datas de pagamento usuais no Brasil. O fato de a compra ser aprovada mais rápido com o cartão também colabora para o uso predominante desse meio de pagamento.

Com dois anos de existência completados em 16 de novembro de 2022, pode acontecer de o Pix aparecer mais nas estatísticas deste ano.

De toda forma, o seller deve se preparar para receber de todas essas formas e estar atento aos meios de pagamento nos marketplaces em que está inserido ou em sua própria loja virtual.

Quais produtos foram os mais vendidos em 2021?

Os produtos mais vendidos tiveram alterações em 2021 em relação a 2020.

Em 2021, segundo a Neotrust, as categorias de produtos mais vendidos na Black Friday foram:

    Já o Reclame Aqui fez um comparativo de produtos mais procurados em 2020 e 2021, e como as promoções (ou a falta delas) e reclamações afetaram essa procura, destacando itens com preços menores em 2021.

      Assim, o vendedor deve se planejar para oferecer bons descontos e vantagens ao comprador para que ele não somente procure produtos com ticket médio menor, que podem não ser de seu segmento, mas sim de concorrentes indiretos.

      Já a lista para 2022, da ABComm, é parecida com a do ano anterior:

        Para quem trabalha com essas categorias, aconselha-se reforçar o estoque e, em caso de também ter lojas físicas, estudar se é necessário contratar funcionários temporários para atender bem à demanda extra ou mesmo ter ferramentas de automação para ajudar com suas operações.

        O aumento do público +50 na Black Friday

        Segundo o Reclame Aqui, houve um aumento considerável de pessoas com mais de 51 anos nas compras de Black Friday em 2021. O canal não cita comparativo com anos anteriores, mas consumidores nessa faixa etária representaram quase 15% de clientes no período de Black Friday.

        Clientes entre 26 e 50 anos foram os que mais compraram em 2021. As explicações são o fato de serem economicamente ativos e a confiança maior no e-commerce das pessoas mais jovens.

        No entanto, como mostrado antes, esse cenário tende a mudar. Então, é preciso pensar no público 50+ para ter uma conversão ainda maior entre eles. A seguir, podemos ver detalhes desses dados apontados pela organização:

          Quais foram os problemas mais comuns da Black Friday 2021?

          Os erros na Black Friday vão além de falta de descontos.

          Ainda baseado nos dados informados pelo Reclame Aqui de 2021, o número de queixas em 2021 cresceu 19%. Eles justificam que o aumento é normal pelo fato de que as vendas também cresceram.

          No entanto, os erros passados são excelentes para mostrar quais pontos precisam de mais atenção na Black Friday 2022:

            Os dados indicam que é preciso planejar melhor a logística, além de preparar o e-commerce para receber as demandas. Realizar testes simulando toda jornada de compra na loja virtual e melhorar seus canais de atendimento, seja em marketplaces ou fora deles, são fundamentais.

            Também é recomendado treinamento para mostrar como agir em possíveis problemas, como estorno, devolução, trocas, além de testes da parte tecnológica da plataforma.

            Sobre a propaganda enganosa, segunda maior reclamação, todo seller deve colaborar para deixar a fama de Black Fraude no passado de vez, pois falsas ofertas prejudicam a todos do setor.

            Ser transparente é fundamental para que a segurança do consumidor aumente na Black Friday e, consequentemente, deixe a data ainda mais forte no Brasil.

            O que há de novidade para a Black Friday 2022?

            Há tendências que podem vir com força na próxima Black Friday. Aliadas aos dados da edição passada, são informações importantes para os empreendedores que desejam fazer estratégias assertivas para ter mais sucesso este ano.

            Experiência figital: online + presencial

            Como já citamos, a Black Friday 2021 foi marcada pela reabertura do comércio, já que em 2020 havia muitas restrições. Em 2022, estamos diante de um cenário com 100% das lojas físicas abertas.

            Se por um lado o consumidor tem a oportunidade de comprar nos moldes tradicionais, muitos experimentaram o digital. O contexto terá impacto no comportamento e nos resultados de várias formas.

            A mistura de possibilidades beneficia quem tem um modelo de formato híbrido.

            Dessa forma, o figital vai além do omnichannel ao desenvolver novas experiências e formatos virtuais e presenciais ao consumidor, que podem começar com a jornada online e terminar na loja, seja ao adquirir o produto por lá, para experimentar e ver pessoalmente ou apenas para retirada, fazer self-checkout etc.

            De acordo com uma pesquisa da Salesforce, 67% dos consumidores no mundo todo têm esses tipos de comportamentos. No Brasil, as pessoas listaram três motivos para essa preferência:

              O levantamento, da líder global em CRMs, ouviu dez mil shoppers em todo planeta, inclusive no Brasil.

              Aplicativos cada vez mais presentes no dia a dia do consumidor

              Os aplicativos crescem e se tornam parte da jornada de compra dos consumidores.

              De acordo com a já citada pesquisa da Salesforce, 62% dos internautas realizam compras com marcas específicas em mente. Dessa forma, a tendência é de que essas pessoas não pesquisem entre as opções disponíveis, mas que acessem os canais das lojas para fechar a compra.

              Assim, o uso dos apps próprios das lojas é interessante. O seller consegue diminuir o impacto da concorrência quando fideliza o consumidor e reduz custos com publicidade paga, mas sabemos como o desenvolvimento de um aplicativo pode ser difícil, então vender em marketplaces, que já possuem apps ou superapps, é um dos benefícios para o seller.

              O uso de aplicativos também está crescendo. A Câmara Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) afirma que o salto foi de 18% de 2019 para 2021. 79% já utilizaram aplicativos de lojas para suas compras, um percentual expressivo.

              A tendência é de que os apps sejam cada vez mais utilizados. As empresas podem trabalhar com estratégias específicas para compras via aplicativo. Oferecer descontos especiais e outras vantagens, especialmente na Black Friday, são um grande diferencial para o cliente.

              Compras pelas redes sociais

              A mesma pesquisa da CNDL mostrou que 40% dos consumidores realizaram compras pelas redes sociais entre 2019 e 2021.

              Eles procuram por rapidez e praticidade (42%), além de tirar dúvidas com o vendedor (42%) e encontrar os melhores preços e descontos (39%).

              Entre os consumidores que compraram pelas redes sociais, 36% também afirmaram que são impactados pela publicidade de grandes players.

              Ou seja, para somar com esse canal, é preciso estar atento a todos esses pontos. Os anúncios têm peso para atrair os possíveis compradores, e os preços e as ofertas são importantes na decisão de compra.

              Ter uma equipe preparada para tirar dúvidas também é essencial, principalmente durante a Black Friday, já que a demanda tende a ser maior. Demora nas respostas e um atendimento ruim farão o comprador ir para a concorrência.

              Participação maior da classe C

              De acordo com uma pesquisa do Google, a participação da classe C nas compras de Black Friday neste ano será de 68%.

              Esse percentual representa 17% a mais do que em 2021. Dessa forma, sellers que vendem para clientes da classe C devem se preparar para o período e caprichar nas estratégias.

              Já a intenção de compras do público A e B é de 78%.

              O empreendedor saber a classe predominante de seu público pode lhe dar mais oportunidades para diferentes tipos de promoções.

              Copa do Mundo como propulsora para Black Friday?

              Novembro chega com dois eventos importantes para as vendas: a Black Friday e a Copa do Mundo. O Brasil estreia dia 24, às 16h, na véspera da sexta mais esperada pelos comerciantes e consumidores.

              56% dos consumidores pretendem comprar algum produto durante a Copa do Mundo, e 72% deles têm planos de consumo para a Black Friday 2022. Os produtos em alta, durante o torneio no Catar, de acordo com dados da Behup de maio de 2022 e divulgados pela Globo, são:

              Intenção de compra na Copa do Mundo 2022. Reprodução: Globo.

              O empreendedor deve aproveitar a data comemorativa e utilizar os elementos do evento para melhor se comunicar com seu consumidor, além de estar preparado para ter mais demanda e diminuir a possibilidade de erros com sua expedição, estoque etc.

              Promoções de novembro + Copa 2022: conjuntura inédita

              Além de reunir a família, a Copa pode se tornar um propulsor a mais para a Black Friday 2022.

              O histórico da Black Friday no Brasil mostra que ela acontece a partir do dia primeiro de novembro. As marcas aproveitam para lançar campanhas como Black November, com promoções durante todo mês, e a Cyber Monday, que também dá continuidade às ações de vendas.

              Neste ano, o que nunca se repetirá será a Copa do Mundo, que começa no mês mais movimentado do comércio. Afinal, o torneio só será realizado no fim do ano por causa do clima no Catar. É improvável que aconteça novamente ou, pelo menos, com frequência.

              Então, o seller deve aproveitar ao máximo as oportunidades únicas, além de ficar atento ao que as Black Friday anteriores têm ensinado e às tendências mais atuais.