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Beabá do e-commerce no Brasil

Olá, meu nome é Marlene Dualiby, atuo no mercado de e-commerce há 4 anos, fui sócia-proprietária, entusiasta e desenvolvedora do e-commerce Sexchic (Loja de produtos sensuais para mulheres).

Em 2009 quando o site foi lançado quase não existiam sex-shops com linguagem sutil, eram todos bem parecidos e voltados para o público masculino, senti uma necessidade do mercado de um site onde mulheres poderiam comprar seus brinquedos e cosméticos no conforto/sigilo da sua casa e, além disso, ficar por dentro das novidades do mercado. Toda a linguagem do site era estilo pinup (o que depois virou uma tendência nesse mercado) com cores pastéis e imagens bem humoradas.

O site foi descontinuado em 2011 e hoje ainda aguarda um relançamento.

Mas porque parou?

Infelizmente no Brasil não há muito incentivo para pequenos empresários e brigar com quem é maior acaba sendo injusto e desanimador.

Começando pelos Correios, que cobram uma taxa caríssima de frete para a mesma cidade que pode variar de 10 a 20 reais por produto. O cliente se sente desmotivado a efetuar a compra.

Ah, mas existe o E-Sedex!

E-Sedex é um serviço dos Correios para ajudar os comerciantes virtuais, é o serviço de entrega parecido com o Sedex mas cobra bem menos que o valor convencional. Mas para ter um contrato com eles, você tem que gastar cerca de 2mil reais somente de custos de entrega. Qual empreendedor iniciante tem esse custo/investimento logo no início?

Juntando toda experiência e perrengues que acumulei na bagagem sendo como proprietária de e-commerce ou como desenvolvedora, resolvi fazer um guia para eliminar as principais dúvidas de quem está começando no e-commerce.

Pagseguro, Moip, Paypal, o que é isso?

São plataformas de pagamento online, intermediadores de pagamento. Seu cliente paga para eles e eles te repassam o dinheiro. A vantagem é que eles assumem o risco total de vendas. Portanto se eles confirmam que a venda está como aprovada, você irá receber seu dinheiro.

A desvantagem é a porcentagem que cobram sobre a sua venda, que pode variar de 4,99% a 7,4%, mais a tarifa de transação.

O PagSeguro por muito tempo liderou o mercado, mas agora os concorrentes estão começando a mexer.

Veja a tabela abaixo com a comparação de alguns meios de pagamento:
comparacao_meiosdepagamento_2013-1

Porque o Moip está centralizando tudo? Atualmente ele é o único que permite checkout Split – ele permite que num mesmo carrinho seja fechado o pedido de várias lojas diferentes. Por exemplo:

Você pode comprar a calça da loja A, a blusa da loja B e o colar da loja C no mesmo carrinho de compras, isso facilita muito para o cliente final, pois não precisa realizar 3 compras diferentes, com 3 carrinhos de compras diferentes.

Porque tanta resistência com o Moip?

Os usuários já possuem muitos cadastros e a maioria não quer se cadastrar de novo, por isso preferem o Pagseguro, possuem resistência com o Moip, até mesmo porque o Moip não é tão divulgado quanto o Pagseguro para o consumidor final, acredito que ele seja mais focado para os lojistas.

Novidade: Quem está chegando nesse mercado é o Google, com o Google Wallet, já está funcionando e disponível em alguns sites.

Plataformas de e-commerce

Se você não está disposto a investir muita grana no início da sua loja virtual, essa pode ser uma boa alternativa.

São sistemas prontos para você criar e administrar sua loja virtual, você consegue inserir o logo, mudar as cores, cadastrar produtos e vender os produtos da sua loja fazendo tudo isso sozinho.

A mensalidade varia de planos grátis a 300 reais mensais, dependendo da plataforma de e-commerce e recursos escolhidos. Entre as mais conhecidas estão a Nuvem Shop, Rakuten, Dotstore e o Megafashion (voltado somente para moda).

Observação: Fique muito atenta com as plataformas que cobram por Pageviews, porque essa contagem é muito relativa e o barato pode sair bem caro depois.

Market Place

São lugares onde você cadastra os produtos da sua loja e eles são exibidos dentro de um shopping online.

Por exemplo, se o consumidor final busca por uma “Blusa preta”, ele faz essa busca no shopping e aparecerá todas as lojas que possuem a blusa preta.

Vantagem: Esses shoppings geralmente tem uma relevância enorme no Google, portanto seu produto pode ser facilmente indexado.

Desvantagem: As taxas estão cada vez mais caras e a política de serviço cada vez mais restrita. Eles cobram uma mensalidade/anuidade + porcentagem sobre a venda + taxa de intermediação.

Como o Moip é o único intermediador que permite Checkout Split, a maioria dos Market Places estão restringindo outras formas de pagamento e deixando somente o Moip como opção de pagamento, o que acaba limitando muito as opções de formas de pagamento para o consumidor final.

Exemplos de Market Place: Mercado LivreElo7 e Tanlup.

Loja dentro do Facebook

Você pode integrar sua fanpage no Facebook com uma loja virtual. Dessa forma você consegue integrar o relacionamento com o cliente com suas vendas.

Num mesmo ambiente você consegue postar lançamentos, novidades e vender os produtos, mantendo seus clientes todos por perto.

Vantagem: Não precisa criar outro site, ou outro canal para vender seus produtos.

Desvantagem: O usuário precisa ter uma conta no Facebook para conseguir comprar. O que acaba limitando um pouco os consumidores finais.

Exemplo: Likestore

Blogs com plug-ins de e-commerce

Sem dúvidas uma grande tendência no e-commerce, loja integrada com o blog.

Assim você consegue postar fotos de uma atriz da novela usando um colar que você vende na sua loja. E tudo isso no mesmo ambiente, então ela vê a foto da atriz junto com a notícia do seu blog e já compra na sua loja virtual.

Vantagem: Ambiente integrado, texto, artigos ajudam a divulgar sua loja.

Desvantagem: Os módulos de e-commerce ainda estão em aperfeiçoamento, são bem difíceis de implantar.

Exemplo: WordPress

Desenvolver uma loja do zero

Você pode contratar uma agência ou uma equipe de programadores, front-end e designer para montar sua loja.

Assim você cria a loja exatamente como você quer, somente com os recursos que você irá utilizar. Totalmente customizada e não possui limitações de layout.

Vantagem: Loja diferenciada do mercado, feita exclusivamente para seu público.

Desvantagem: Tempo e custo de desenvolvimento que costumam ser bem maiores.

Resumindo

O mercado de e-commerce não pára de crescer no Brasil, no primeiro semestre de 2013 faturou mais de R$12,74 bilhões. 24% a mais do que registrado no ano passado. (E-bit, WebShoppers). É sim um mercado em expansão, mas não existe nenhum facilitador real para quem está entrando no mercado.

As plataformas de pagamento online possuem as informações confusas e perdidas. Para encontrar informações sobre prazo de recebimento, taxas, como implantar, é necessário virar o site de ponta cabeça. Parece que é um padrão, todos desenvolvem o site igual. “Para quem quer comprar”, “Para quem quer vender”, e as informações jogadas de forma desordenada – nem os meios de pagamentos aceitos são claros no site.

Porém ainda é a forma que mais recomendo para quem está começando, porque eles assumem o risco total da venda e não é necessário contratar outra empresa de segurança para validar os dados do cartão do cliente, o que seria outro gasto extra para o lojista.
As plataformas de e-commerce estão muito cruas, todas possuem praticamente os mesmos recursos, são complexas e possuem muita dificuldade para cadastrar os produtos. Quem já teve que cadastrar mais de 1000 produtos num sistema destes, sabe muito bem disso. Porém, seu valor de investimento é barato.

O mercado é tentador, existem muitas possibilidades e ferramentas para ajudar os lojistas, porém como tudo ainda é muito recente no Brasil, pois por muito tempo só as grandes empresas conseguiam montar uma equipe ou contratar uma agência para desenvolver seu e-commerce. E hoje qualquer pessoa pode vender online, com o tempo acredito que o mercado será amadurecido, mas por enquanto temos que encontrar a forma que mais se adeque com a nossa realidade.

E todas as ferramentas do mercado que querem ser um diferencial para o empreendedor devem olhar para eles e entender quais são suas “dores”, o que realmente faz sentido e entender de uma vez por todas que (quase) ninguém que tem uma lojinha é desenvolvedor, e tão pouco quer aprender, pois só querem vender seu produto sem ter que desenvolver o sistema inteiro e muito menos dividir os lucros com qualquer empresa facilitadora.

Não é só por 5%.

Foto: Caden Crawford via Compfight cc