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A fascinante digitalização do varejo em saúde

Por: Marilia Nagata

Gerente executiva de E-commerce na RaiaDrogasil

Marilia Nagata é publicitária formada pela USP e possui mais de 10 anos de experiência nas áreas de Digital e Marketing. Em sua trajetória profissional, atuou em e-commerces líderes de mercado e, atualmente, é gerente executiva de e-commerce na RaiaDrogasil, onde promove a digitalização dos clientes da companhia.

Desde que as expressões “transformação digital” e “metodologias ágeis” surgiram, o mundo dos negócios nunca mais foi o mesmo. Dos primeiros passos ao aperfeiçoamento contínuo, todas as áreas de uma empresa foram convidadas a abraçar competências, hábitos e comportamentos capazes de dialogar com a nova realidade. Do ponto de vista dos consumidores, especificamente, estamos falando em todos os benefícios que passaram a fazer parte de sua rotina, como o tempo cada vez menor para receber uma compra via delivery, as indicações automáticas mais precisas e a praticidade para fazer buscas nos apps das marcas favoritas.

Quando empresa e colaborador compartilham uma sintonia profunda nos valores corporativos, a incorporação natural de novos conceitos e recursos digitais se traduz em projetos impactantes, tanto interna quanto externamente ao negócio.

Revolução além de novas tecnologias

Do outro lado da mesa, das pessoas que idealizam e desenvolvem as soluções que chegam às ruas para dar match com as expectativas dos clientes, houve uma revolução que vai muito além das novas tecnologias. E, de alguma forma, uma das maiores foi a certeza de que as áreas de negócio – do marketing à logística – e as áreas ditas “tech” deveriam adotar uma linguagem comum. A sincronicidade é fundamental, especialmente em negócios que atuam em mercados como o de varejo da saúde, em que há muitas áreas de interesse que são de responsabilidade compartilhada dentro das equipes.

Ouvíamos falar sobre questões como a horizontalidade das relações e a cultura dos protótipos há muito tempo. Mas, de fato, o movimento que dá vida às várias ondas da transformação digital fez aterrissar, de vez, uma série de conceitos que, antes, só estavam nos livros de sucesso. Quer mais um exemplo? No cenário atual do varejo digital, não há espaço para uma liderança que não se proponha a ser um agente da mudança. Afinal, o mundo fora das paredes da empresa está mudando em uma velocidade absurda. Aquela figura que centralizava o conhecimento e a capacidade de tomada de decisão só atrapalharia os times que trabalham de uma forma contemporânea. Aliás, centralizar hoje, em qualquer sentido, é sinônimo de represar, e isso afeta a velocidade com que conseguimos progredir.

Liderança

O próprio mercado tem recompensado as empresas que conseguiram evoluir o seu estilo de liderança na direção da disseminação do conhecimento, da busca pela eliminação de barreiras e fricções e do desejo real em promover uma cultura de inovação. Isso fica claro para os negócios que conseguem acompanhar seus indicadores de resultado e associá-los às atualizações em sua maneira de abordar os desafios pertinentes ao negócio.

Hoje, é interessante e possível que a alta liderança esteja envolvida nos processos de cocriação e de inovação que vão desencadear, por exemplo, no lançamento das tão desejadas novas features em nossos sites e apps. Ainda que não tenham conhecimento técnico, estamos falando de pessoas que vivem a cultura da empresa e que podem contribuir muito com insights e, em outras situações, com aquele empurrão tão necessário para que tenhamos recursos – tempo, pessoas e dinheiro, em especial.

Criatividade e intraempreendedorismo

Outro acontecimento que tem me chamado a atenção e me deixa muito feliz é a oportunidade de encorajarmos a criatividade e o intraempreendedorismo em nossas comunidades. E olha que interessante: não estamos falando de algo que é novo. Pelo contrário, a vocação de contribuir com o negócio já era uma realidade desejada desde quando as empresas apostavam nas antigas caixinhas de sugestão, que podiam ser vistas até em áreas fabris. O que muda, com a digitalização, são a forma e a velocidade com que podemos fazer isso.

Graças aos aprendizados que as metodologias ágeis nos trazem, temos a mentalidade e o ferramental para promovermos rodas de ideação que conectam todos os níveis hierárquicos da empresa, do mais novo contratado ao CEO e seu board. Como na cultura tech, em que as boas ideias se sobressaem não em função de um marcador social, mas pela eficiência e potencialidade, a transformação digital permite que bons insights tenham vida em qualquer ponto da nossa teia de talentos. E é papel da liderança criar caminhos para que esses insights, quando pertinentes, ganhem voz e tenham a oportunidade de passar pelo crivo de quem está à frente do negócio.

Para fechar essa conversa, queria chamar a atenção para o fato de que tudo isso que foi dito antes – e o que poderíamos falar em muitas outras oportunidades – só tem efeito quando conseguimos ter as pessoas certas nas posições certas. É elementar que o time abrace a cultura da empresa e, de alguma forma, viva seus valores, experiencie o que, de outra forma, ficaria apenas no nível do discurso. Quando empresa e colaborador entram em tal sintonia que os valores corporativos são entendidos e vivenciados, passa a ser natural que os novos conceitos e recursos oriundos da digitalização sejam convertidos em projetos que mudam o jogo: dentro e fora do negócio.