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Varejo no Brasil está em crise. E em Portugal?

Por: Eduardo Mustafa

Graduado em 'Comunicação Social - Jornalismo' com experiência em negócios, comunicação, marketing e comércio eletrônico e pós-graduado em 'Jornalismo Esportivo e Gestão de Negócios'. Foi editor do portal E-Commerce Brasil, do Grupo iMasters (2015 /2016), e atualmente é executivo sênior de contas na Gume

Segundo os últimos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o consumo das famílias brasileiras recuou 4,5% no terceiro trimestre de 2015 em comparação ao mesmo período do ano anterior. Esse cenário causa impacto geral no Varejo brasileiro, tanto em áreas como eficiência operacional e precificação à logística e soluções tecnológicas.

Mas se comparamos o nosso Varejo com o de outros países? O cenário também é desafiador? O presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, Eduardo Terra, traça um panorama no comércio em Portugal, que, apesar da mesma língua, vive hoje momentos diferentes, principalmente no que diz respeito à maturidade em infraestrutura e soluções de TI.

“Entretanto, o Brasil tem mais chances de solucionar os atuais e problemas de crise econômica e política – que ferem o Varejo como um todo – e conquistar um crescimento mais sólido. Já em Portugal, que conta com uma excelente infraestrutura sendo culturalmente mais rigoroso em processos e produtividade, ainda precisa resolver o gargalo de natalidade, pois é um país com poucos jovens e menos dinâmico. O Varejo é feito de pessoas e se não tem consumidores, não tem vendas”, aponta.

Na visão do especialista, o comércio em Portugal tem na agenda as mesmas tendências tecnológicas se comparada aos brasileiros como inteligência para entender o perfil de compra, multicanalidade e fidelização. A diferença é que a base para esse próximo nível de TI já está bem construída em Portugal. “Eles têm infraestrutura em excesso, muitos aeroportos, ótimas estradas, processos perfeitos de gestão, ou seja, a base para elevar a maturidade em soluções como analytics, por exemplo, está pronta. No Brasil, pecamos nessas coisas mais simples, o que dificulta para darmos mais um passo rumo à eficiência operacional e tecnológica”, acrescenta Terra.

De acordo com o presidente, Portugal tem um polo tecnológico muito eficaz e conta com pesquisas e desenvolvimento de diversas soluções. Seis anos atrás, ele foi visitar o país e a varejista Jerónimo Martins, que atua no ramo alimentar nos setores de Distribuição, já contava com tecnologia RFID nos centros de distribuição, enquanto que o self checkout é uma realidade há pelo menos dez anos em quase todas as redes varejistas. Isso demonstra que o Brasil precisa avançar mais nessas frentes.

“Por outro lado, os varejistas portugueses não têm perspectiva de investimentos. Eles ainda estão se recuperando de uma crise, o país está quase estagnado em termos de inovação, além do enorme desafio de trabalhar com uma população que encolhe a cada ano”, aponta Terra. Hoje, são aproximadamente 11 milhões de habitantes e especialistas afirmam que a população portuguesa pode reduzir mais devido à emigração para outros países da Europa.

“Estamos bem atrás em termos de maturidade tecnológica, eles têm uma moeda forte e é um pais muito menor. Entretanto, o Brasil, mesmo com os desafios atuais, tem muito espaço para crescer e ser competitivo frente ao Varejo de nações desenvolvidas. E a TI tem papel fundamental para ajudar os varejistas nos processos de automação, eficiência, logística e multicanalidade”, conclui Terra.

Fonte: Decision Report