O uso de meios de pagamentos digitais vem crescendo exponencialmente no Brasil. Com a tecnologia habilitando a rápida migração para o trabalho remoto, o comércio eletrônico e os pagamentos digitais, o que não falta são oportunidades para os criminosos criarem novos meios de fraudar os pagamentos. Segundo Edson Ortega, vice-presidente de Riscos da Visa do Brasil, este ano haverá uma proliferação de práticas de segurança extraordinariamente eficazes — que, consequentemente, mudarão o jogo na luta contra os fraudadores.
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Vale lembrar que, de acordo com balanço da Abecs publicado no E-Commerce Brasil, os brasileiros continuam aumentando o uso dos cartões na internet, em aplicativos e outros tipos de compras não presenciais. Tais modalidades de compra movimentaram quase R$ 570 bilhões em 2021, o que representa uma alta de quase 31%.
Acompanhe a seguir as cinco tendências principais previstas para 2022 sob o olhar do especialista:
1 – A biometria se tornará a forma padrão de autenticação selecionada por fintechs, emissores e estabelecimentos comerciais
A biometria já ensaiou um crescimento no passado. Porém, alguns pontos estão criando as condições perfeitas para que ela finalmente decole em 2022. São eles:
- a confluência da pandemia;
- o aumento na precisão do reconhecimento biométrico;
- o surgimento de novas modalidades (biometria comportamental);
- o crescente número de consumidores que gostam de tecnologia e se sentem à vontade com esse formato.
2 – Os métodos manuais deixam de ser uma opção adequada frente ao aumento dos ataques de enumeração
O comércio eletrônico tem sido uma tábua de salvação para empresas de todos os portes durante a pandemia — e isso não mudará. O que veremos será uma evolução na maneira como os consumidores querem pagar.
Os ataques de enumeração (possibilidades de um fraudador conseguir visualizar se um usuário existe ou não), as fraudes de identidade e as invasões de conta estão aumentando e atingindo canais de comércio eletrônico do mundo todo. Afinal, fraudadores se aproveitam do fato de que muitos canais online não dispõem de recursos de prevenção de fraude adequados e do anonimato proporcionado pela internet para atuar. Este é um desafio emergente para emissores e estabelecimentos comerciais e que essas duas partes terão de enfrentar juntas.
3 – Interesse em criptomoedas continuará e o setor amadurecerá com o surgimento de regulamentação nas áreas de KYC (Know Your Customer/ Client)/ AML (Anti-Money Laundering) e segurança cibernética
Com a alta no interesse em criptomoedas por parte do consumidor, os fraudadores estão seguindo o dinheiro. Segundo o estudo global “The Crypto Phenomenon: Consumer Attitudes & Usage” (O fenômeno cripto: atitudes e usos do consumidor, em tradução livre), 97% dos brasileiros conhecem as criptomoedas. Além disso, cerca de um terço dos pesquisados estão diretamente engajados com elas. A maioria dos proprietários ativos e passivos (80% e 81% respectivamente), bem como os consumidores curiosos (77%), consideram as criptomoedas uma inovação nas finanças.
Entretanto, os brasileiros ativos e passivos que já têm criptomoedas são os que têm maior probabilidade de serem motivados a participar desse mercado. Afinal, as consideram o meio financeiro do futuro (38% e 44%) e uma forma de construir um patrimônio (35% e 44%). Proprietários ativos também consideram mais vantajoso investir em criptomoedas do que em ações (71%).
A quantidade de manchetes diárias dá a entender que as criptomoedas estão se tornando uma moeda convencional. Entretanto, a verdade é que elas continuam nos estágios iniciais de desenvolvimento, o que cria oportunidades para os fraudadores. Para o setor crescer de forma sustentada e responsável, será preciso construir confiança — o que inclui trabalhar a segurança de pagamentos e cumprir requisitos regulatórios.
4 – Emissores e comerciantes se unirão para combater o uso indevido de credenciais de pagamento por terceiros ligados aos portadores de conta
O uso indevido de credenciais de pagamento por terceiros diretamente ligados aos seus reais portadores aumentou junto à adoção do comércio eletrônico. Isso ocorreu na forma de transação não reconhecida, fraude amigável (como, por exemplo, crianças comprando um aplicativo no smartphone dos pais sem consentimento) ou algo mais intencional.
As soluções tradicionais de autenticação são apenas metade da equação, visto que há portadores de conta que perpetuam o uso indevido de suas credenciais. O custo dessa prática sobrecarrega os emissores e os estabelecimentos comerciais com despesas extras, como:
- custos de processamento de disputas;
- degradação do modelo de fraude;
- e aumento dos perfis de risco de fraude.
Por consequência, isso pode diminuir o número de transações aprovadas. Vale lembrar que é possível resolver esse problema antes que ele fique maior. Porém, será preciso que todas as partes envolvidas contribuam e compartilhem informações.
5 – Empresas investirão mais dinheiro em estratégias de continuidade dos negócios e gestão de risco investigando melhor os terceiros que contratam para reduzir sua exposição
Um elemento da gestão de risco que costuma ser negligenciado e subestimado é a continuidade dos negócios. A pandemia mostrou que as organizações precisam estar preparadas para evitar que clientes e funcionários enfrentem interrupções de serviço. Aliás, isso é ainda mais válido se elas forem uma empresa global exposta a riscos regionais específicos. Esses riscos podem ser cibernéticos ou relacionados à saúde pública, mudanças climáticas, desastres naturais e vários outros.
Além disso, a exposição ao risco vai além das quatro paredes da empresa e inclui os parceiros do ecossistema e os prestadores de serviços. Fica claro que a pandemia foi um teste de fogo para muitos planos de continuidade dos negócios. Portanto, as empresas precisarão rever e auditar regularmente seus planos para terem certeza de que eles cumprem todas as normas aplicáveis e são relevantes.