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Pequenos varejistas tentam se rebelar contra gigantes virtuais

Por: Redação E-Commerce Brasil

Equipe de jornalismo E-Commerce Brasil

Harold Pollack costumava gastar cerca de US $ 1 mil por ano na Amazon, mas neste outono ele começou a comprar de lojas menores online. Os preços são mais caros, mas Pollack diz que quando faz compras hoje em dia, fica com a consciência limpa.

“Eu não acredito que eles se comportam de uma maneira que eu como consumidor me sinta confortável em apoiar”, diz Pollack, professor em Chicago, sobre as grandes lojas da internet.

Grandes empresas de comércio eletrônico como a Amazon estão agindo cada vez mais de acordo com grandes corporações ao extinguir pequenos concorrentes com descontos nos preços, frete grátis e aplicativos de fácil manuseio. As grandes lojas virtuais tiveram aumento de 19% em sua receita durante o período de festas de fim de ano em comparação a 2010, enquanto o crescimento das pequenas lojas virtuas foi de apenas 7%.

Os pequenos varejistas estão retaliando com algumas táticas próprias, como a de prevenir comparações de preços ou oferecer brindes que as grandes lojas virtuais não oferecem. Numa nova reviravolta, eles também estão explorando a simpatia de compradores como Pollack, incentivando os clientes a pensar neles como a versão virtual de uma loja de pequeno porte enfrentando o Walmart: se você não faz compras nas lojas perto de sua casa, pelo menos, faça suas compras nas pequenas lojas virtuais.

“As pessoas estão exercendo seu desejo de apoiar lojas locais e isso não significa que tenham que estar apenas em sua cidade, mas em qualquer lugar do país”, diz o professor Michael Walden, que estuda economia regional na Universidade Estadual da Carolina do Norte. “Um grande número de americanos têm uma noção geral de que grandeza no mundo da economia equivale a grandeza de poder monopolizar”.

Lacy Simons, dona da livraria Hello Hello Books, no Maine, uma pequena loja com um site de comércio eletrônico, diz que está vendo seus clientes “cimentarem sua determinação de comprar em lojas locais” – que na internet, significa fazer compras com fornecedores menores – mesmo quando as grandes lojas oferecem preços mais baixos.

“Sabemos que não que podemos fazer muita coisa para competir contra eles e por isso você acaba contando com o que esperamos que seja uma conexão emocional ou pessoal com as pequenas lojas virtuais”, disse Simons.

A batalha entre as grandes lojas virtuais e as pequenas lojas virtuais ficou bem explícita durante esta temporada de férias, aonde as grandes lojas arrecadaram a maioria do lucro. Em novembro e dezembro, as 25 maiores lojas virtuais, incluindo a Amazon.com, Target.com e Walmart.com, receberam 70% do dinheiro gasto em compras pela internet, aumento de 3 pontos percentuais em relação ao ano passado, segundo a comScore.

A Amazon, a maior loja virtual do mundo, tem sido a líder em promoções agressivas que as pequenas lojas não têm condições de competir- e foi a mais criticada.

Nesta temporada de férias, a Amazon ofereceu descontos em quase todos os presentes de Natal, e pode fazer isso em parte por causa de seu tamanho e por conseguir lucrar também com outros negócios, como o de computação na nuvem, dizem analistas. A empresa ofereceu frete grátis para milhares de itens, e anunciou o seu aplicativo de verificação de preço, dando aos compradores 5% de desconto nos itens que eles digitalizarem em uma loja física.

A Amazon diz que está dando aos consumidores o que eles querem. Mas a promoção do aplicativo de verificar preços causou o descontentamento da senadora Olympia Snowe, que chamou a promoção de “um ataque aos pequenos comércios”.

Isso contribui para que grande lojas virtuais tenham uma “reputação de ser um bully”, disse Sucharita Mulpuru, analista de comércio eletrônico da Forrester Research.

Refletindo que, em uma reação semelhante ao que ocorre quando o Walmart abre lojas em cidades pequenas, alguns consumidores dizem que não apoiarão mais estes grandes varejistas. Mas o efeito econômico desta decisão nem sempre é positivo, disse Walden da NC State. Se um site de pequeno porte vende produtos de um fabricante nacional, por exemplo, para pessoas que estão em outros locais do país, isto tem pouco efeito sobre a vitalidade local, ele disse.

Pollack, o professor de Chicago, diz que ele mesmo não está apoiando as grandes lojas virtuais de Chicago com as suas compras online, ele não está apoiando o que ele chama de maneiras das grandes lojas “fazerem bullying”.

Emily Powell, presidente da Powell’s Books em Portland, Oregon, que montou uma loja de comércio eletrônico, diz que ela chega a atrair alguns clientes com atitudes semelhantes. “As pessoas acessam porque querem apoiar um varejista independente e se sentem bem com isso”, diz ela, mas por estarmos num período de recessão, “você não consegue depender nessa sensação de culpa por muito tempo.”

É aí que as outras estratégias entram em ação. Algumas lojas reagem através da promoção de itens exclusivos em seus sites. A Powell’s Books em Portland, por exemplo, oferece um serviço de assinatura através do qual o cliente escolhe um novo livro e inclui um item extra, como um livro com o mesmo tema ou doces – itens personalizados que ela diz que grandes lojas não conseguem reproduzir.

Outros sites jogam duro ao se recusar a fazer negócios da mesma maneira que as grandes lojas fazem, entre outras táticas.

 

Foto: Susan Stava/The New York Times

Ali Wing, fundadora do Giggle: “O que não consigo competir é quando por exemplo, a Amazon simplesmente abaixa o preço de alguns itens abaixo do custo de atacado”

“O que eu não consigo competir contra é quando por exemplo, a Amazon simplesmente abaixa o preço de alguns itens abaixo do custo de atacado”, disse Ali Wing, a fundadora da loja para bebês Giggle. Ela parou de estocar certos produtos, como por exemplo um assento para carro e certos brinquedos, quando ela viu que não iria conseguir mais competir com os preços das grandes lojas. “Não quero que o consumidor pense que a loja Giggle é cara.”

Lori Andre, proprietário da Lori Shoes, uma loja online e física com sede em Chicago, está pedindo para que os fornecedores deem aos sapatos que Lori vende nomes diferentes dos que são vendidos em outras lojas, ou para colocar uma etiqueta diferente dentro do sapato, assim os clientes não conseguem comparar os preços com os sapatos da loja Zappos por exemplo. (Isso pode não funcionar muito bem com os clientes pois a Best Buy, quando criou suas próprias etiquetas para evitar que os preços pudessem ser comparados com os de outros varejistas, recebeu muitas críticas dos consumidores.)

Lesley Tweedie, a proprietária da Roscoe Village Bikes, em Chicago, introduziu um mercado online para pequenos varejistas, o Little Independent. “Houve uma resposta de pessoas que valorizam um estilo diferente de fazer compras”, diz ela.

Tweedie estava tão irritada quando viu os consumidores utilizarem aplicativos de smartphones em sua loja que ela começou com a campanha “Compre no local que você está experimentando o produto” no Twitter e no Facebook.

“Não consigo contar quantas vezes isso aconteceu na minha loja, onde alguém está pedindo minha ajuda e, em seguida, diz em voz alta:” Eu me pergunto se eu poderia encontrar isso na Amazon”, disse ela. “Eu acho que algumas pessoas nunca realmente pensam à respeito da ética envolvida nisso.”

A Amazon informou que está ajudando pequenas lojas virtuais a se manterem vivas, permitindo-lhes vender pela Amazon, através do seu programa Marketplace e faz com que os clientes possam tirar proveito da tecnologia oferecida pela Amazon e da exposição de estar anunciando em um grande site. As lojas pagam um percentual de sua receita em troca.

“Para muitas destas pequenas e médias empresas, isso não é algo que eles seriam capazes de construír sozinhos”, disse Peter Faricy, gerente geral dos Serviços para Vendedores da Amazon. Ele acrescentou que os itens de vendedores terceirizados foram incluídos em promoções como a Price Check.

No entanto, alguns pequenos varejistas com sites de comércio eletrônico dizem que não se importam com o que os consumidores dizem, os preços dos grandes varejistas ‘são simplesmente imbatíveis’.

Foto: Josh Anderson/The New York Times

Mike Stewart, da loja de artigos esportivos Feather & Fly: “a internet é uma assassina”

Mike Stewart abriu Feather & Fly, uma loja de artigos esportivos em Chattanooga, Tennessee, oito anos atrás. Como algumas lojas online começaram a afastar seus clientes, Stewart começou a vender alguns produtos pela internet.

Online, ele viu que, “não existe nenhum jeito para que eu possa competir contra uma loja de grande porte que consegue ter estoques enormes ou fazer acordos para obter melhores preços”, disse ele.

“Nós conseguimos que alguns de nossos consumidores se mantivessem fiéis a nós”, disse Stewart, enquanto ele encaixotava os itens que sobraram após a a liquidação de fechamento da loja “, mas a internet é uma assassina.”

Com informações de Economia.iG