As mulheres brasileiras estão esperando mais para ter filhos e assumindo mais o comando da casa. Em comparação com os homens, elas continuam estudando mais, e em regiões como o Nordeste, chegam a colocar mais dinheiro em casa.
As informações estão em estudo divulgado hoje pelo IBGE e foram organizadas com base no Censo 2010. Os dados mostram avanços importantes, mas também apontam pontos de desigualdade.
O rendimento delas, por exemplo, continua menor que o deles, mesmo quando ambos trabalham na mesma área. No setor de serviços, as mulheres ganham pouco mais da metade do que ganham os homens.
Outra dificuldade que permanece é a falta de creches. O estudo mostra que as mães que têm seus filhos na creche têm muito mais chance de continuar no mercado de trabalho.
Veja a seguir cinco pontos que ajudam a entender o perfil das mulheres brasileiras e que permitem traçar a linha entre o que já foi conquistado por elas e o que ainda precisa ser alcançado.
1 – Filhos só depois dos 30 anos
A proporção de mulheres entre 15 e 34 anos com filhos diminuiu consideravelmente. Entre as adolescentes (de 15 a 19 anos), o número caiu de 14,8% em 2000 para 11,8% em 2010 ( menos 3 pontos percentuais).
Porém, a maior queda aparece no grupo das jovens adultas entre 25 e 29 anos. Nesta faixa etária, o número de mães caiu de 69,2% em 2000 para 60,1% em 2010 (menos 9 pontos percentuais). Veja o gráfico:

2 – Nordestinas do campo são as que mais colocam dinheiro em casa
Em média, as mulheres brasileiras são responsáveis por 40,9% da renda familiar total. No entanto, os dados podem variar bastante de acordo com as regiões do país e a situação do município.
O mapa a seguir mostra a proporção da renda da mulher de acordo com o município. Os locais mais escuros são aqueles em que as mulheres participam com uma fatia maior do rendimento familiar.
É possível ver uma diferença grande entre Nordeste e Centro-Oeste, por exemplo. Essa diferença é puxada principalmente pelas mulheres que vivem na zona rural.
No Nordeste elas respondem em média por 51% da renda familiar, ou seja, contribuem mais que os homens. Enquanto isso, no Centro-Oeste, elas contribuem com 26,8%.
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Proporção dos domicílios com responsável do sexo feminino em 2000[/caption]
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Proporção dos domicílios com responsável do sexo feminino em 2010[/caption]
4 – Elas continuam estudando mais e ganhando menos
Não é novidade que as mulheres estudam mais do que os homens. Essa é uma tendência verificada há anos e não é diferente agora: segundos dados IBGE, a proporção de mulheres com idade entre 18 e 24 que estavam no ensino superior em 2010 é de 15,1%, contra 11,3% dos homens.
Apesar disso, elas continuam recebendo menos do que eles, mesmo quando atuam na mesma área.
De acordo com o IBGE, os homens que trabalhavam no setor de serviços em 2010 tinham rendimento médio de R$ 4.078,00. As mulheres que atuavam no mesmo setor ganhavam em média R$ 2.171,20, ou seja, pouco mais da metade do que eles ganhavam (53,2%).
A tabela abaixo mostra a diferença de salário para esse e outros setores:
| Áreas de formação |
Rendimento médio total |
Rendimento médio dos homens |
Rendimento médio das mulheres |
Rendimento das mulheres em relação ao dos homens (%) |
| Educação |
R$ 1.810,50 |
R$ 2.340,70 |
R$ 1.687,40 |
72,1 |
| Humanidades e artes |
R$ 2.223,90 |
R$ 2.629,90 |
R$ 2.064,30 |
78,5 |
| Ciências sociais, negócios e direito |
R$ 3.912,10 |
R$ 4.650,90 |
R$ 3.081,40 |
66,3 |
| Ciências, matemática e computação |
R$ 3.038,60 |
R$ 3.578,20 |
R$ 2.339,60 |
65,4 |
| Engenharia, produção e construção |
R$ 5.565,10 |
R$ 5.985,60 |
R$ 3.976,10 |
66,4 |
| Agricultura e veterinária |
R$ 4.310,60 |
R$ 4.756,20 |
R$ 2.972,00 |
62,5 |
| Saúde e bem estar social |
R$ 3.774,30 |
R$ 5.341,70 |
R$ 2.972,20 |
55,6 |
| Serviços |
R$ 3.067,00 |
R$ 4.078,00 |
R$ 2.171,20 |
53,2 |
5 – Falta de creches ainda impede a mãe de trabalhar
O estudo também mostra que, na hora de se inserir no mercado de trabalho, uma das principais dificuldades para a mulher é ter onde deixar os filhos pequenos.
Segundo o IBGE, as mulheres que conseguem vagas para seus filhos em creches têm nível de ocupação muito maior do que aquelas que não conseguem.
Nas cidades, esse número despenca de 66,9% (mulheres com os filhos na creche) para 41% (nenhum filho na creche), como mostra o gráfico:
Fonte: Exame