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Envelhecimento da população pressiona mercado de saúde

Por: Alice Wakai

Jornalista, atuou como repórter no interior de São Paulo, redatora na Wirecard, editora do Portal E-Commerce Brasil e copywriter na HostGator. Atualmente é Analista de Marketing Sênior na B2W Marketplace.

O mercado de saúde no Brasil vive um momento de crescimento de demanda e de gastos.Tal tendência deve se perpetuar nos próximos anos com o aumento da renda doméstica, o crescente número de fusões e aquisições no setor, além da entrada de investidores institucionais.

Segundo pesquisa feita pela Accenture sobre os maiores desafios do setor no Brasil, o mercado de saúde no país já atingiu tamanho próximo de países desenvolvidos, mas ainda precisa dar saltos importantes de qualidade.

Do total do PIB brasileiro, 10% são investidos hoje em saúde, segundo cálculo de René Parente, líder da prática de Saúde do Brasil da Accenture. O número é comparável ao do Reino Unido e da Espanha, mas muito abaixo do que é gasto nos Estados Unidos, que já atinge os 18%.

No entanto, se olharmos o gasto per capita no país (de mais ou menos mil dólares por ano), o Brasil fica atrás não só de Reino Unido e Espanha, mas também dos vizinhos Argentina e Chile.

“Isso significa que gastamos muito, mas a qualidade do serviço entregue à população não é boa”, afirmou Parente. Segundo ele, o gasto com saúde no Brasil deve chegar a 15% do PIB nos próximos anos.

O envelhecimento da população é um dos fatores para isso. Há 33 anos, a expectativa de vida ao nascer era de 62,5 anos no Brasil. Hoje o número chega a 74,9 anos, segundo dados do IBGE que acabam de ser divulgados.

Além disso, a maior prevalência de doenças crônicas, a chegada das classes mais baixas ao mercado privado e o aumento da complexidade das doenças com tratamentos mais longos, mais caros e mais especializados – além da própria inflação da saúde – colocam uma pressão financeira muito grande sobre o setor.

Como as empresas estão se preparando

Na pesquisa feita pela Accenture, executivos do setor foram consultados sobre os principais desafios da saúde no Brasil e sobre os investimentos de suas empresas. O resultado mostra que as empresas já estão se preparando para este futuro de mais gastos.

Envelhecimento da população, compartilhamento de dados do paciente e a gestão e planejamento da rede de saúde são os 3 principais desafios da saúde no Brasil para os próximos anos, segundo mais da metade dos executivos consultados.

Ao mesmo tempo, a maior parte afirmou que suas empresas investirão no próximo ano em áreas relacionadas à gestão de casos crônicos (75%), em tecnologia da informação (71%) e medicina preventiva (67%).

“No futuro, o mercado de saúde será mais integrado e com um grau maior de eficiência”, afirma René Parente.

Segundo ele, para encarar esses desafios no futuro, as empresas precisam começar a se preparar desde já por meio da gestão populacional – ou seja, analisando como a população está se comportando, o que quer e para onde está indo.

Com essa análise em mãos, é possível fazer o cálculo de previsão de demanda e a prevenção de custos. Por exemplo, o investimento na prevenção de doenças relacionadas ao envelhecimento da população evitará que daqui há alguns anos haja um gargalo no atendimento deste público.

O investimento em novas tecnologias também é fundamental para encarar as novas demandas do mercado. Segundo Parente, a integração de informações na cadeia do atendimento é uma das soluções para otimizar o serviço.

De acordo com estudo, acesso e mais conectividade já são uma demanda dos usuários. Com isso, além de render mais produtividade e eficiência no atendimento, as novas tecnologias também podem trazer mais segurança e satisfação do paciente.

Fonte: Exame