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De Magazine Luiza a Netshoes, todas querem ser marketplace

Por: Eduardo Mustafa

Graduado em 'Comunicação Social - Jornalismo' com experiência em negócios, comunicação, marketing e comércio eletrônico e pós-graduado em 'Jornalismo Esportivo e Gestão de Negócios'. Foi editor do portal E-Commerce Brasil, do Grupo iMasters (2015 /2016), e atualmente é executivo sênior de contas na Gume

Em um shopping center do mundo real, você sabe que encontrará uma grande variedade de ofertas, com preços, marcas e qualidades díspares que garantam a concorrência. No mundo virtual, no entanto, esses grandes centros comerciais estão sendo criados dentro do espaço de algumas das maiores varejistas do país a internet.

Há alguns meses é possível comprar batom na Netshoes ou encontrar uma guitarra ou um suplemento alimentar no site do Magazine Luiza.

Ultrafarma, Cnova e Extra, do Grupo Pão de Açúcar, e Submarino são outras que seguem pelo mesmo caminho – o de se tornarem um grande marketplace online.

A ideia do negócio é simples: ofertar para outras empresas menores e com menos visibilidade a oportunidade de usar o site de varejistas de renome como vitrine.

A vantagem para as parcerias é poder ofertar seus produtos em um espaço bem visitado e com credibilidade, sem pagar o custo fixo básico que teriam ao investir em uma loja física ou online.

Para as grandes empresas, o custo de manutenção do site é diluído e a oportunidade de atingir e fidelizar um público novo é maior.

Negócio alternativo
A tendência é a mesma seguida pelo varejo mundial para atender a geração do milênio, os jovens que preferem comprar online a preços competitivos e buscam tudo em um só lugar.

No Brasil, há ainda um outro incentivo para a maioria das empresas investir na área quase que na mesma hora: a crise econômica.

“É uma maneira de um pequeno varejista expor produtos e testar sua marca sem gastar tanto e das varejistas maiores conseguirem um público novo”, diz Patricia Cotti, diretora do Ibevar.

O custo fixo de manutenção do site, armazenamento e logística das grandes varejistas também é distribuído entre todos, nesta modalidade de varejo.

“Trata-se de um jeito mais simples de rentabilizar e manter a operação de um comércio, além de uma maneira das grandes trazerem para perto delas potenciais rivais do futuro”, acredita Patricia Prado, especialista de varejo e consumo da PwC Brasil.

A convergência do varejo de lojas únicas para espaços compartilhados já pode, inclusive, ser vista no mundo físico, com cafeterias da Stabucks na Saraiva, por exemplo.

Quem é quem
Os riscos de misturar sua marca já consolidada a outra pouco conhecida é inerente ao negócio.

Primeiro porque para os brasileiros a ideia de comprar o produto de alguém na loja de outra pessoa e, ainda, muito nova. Segundo, a iniciativa é realmente nova até para os varejistas.

“A maturação desse novo formato só vira com o tempo, mas a tendência é da economia compartilhada veio para ficar e será comum vê-la em outras áreas”, diz Prado.

Como referência nesse sentido, o maior e melhor exemplo do mundo é a Amazon. Para se proteger, a varejista deixa claro quem são os parceiros que, por sua vez, são avaliados pelas pessoas que compram.

Por aqui, as varejistas terão de pensar em algo semelhante porque há um risco de se prejudicar por um atraso de entrega de um parceiro, por exemplo, acredita Cotti.

A crença é que os menores farão tudo certo porque eles são os que mais ganham com isso.

“Os varejos parceiros sabem que essa é uma grande chance de maturar o negócio e ganhar independência em dois anos, já com uma marca forte e clientes féis”, diz ela.

Fonte: Exame