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Como o atleta olímpico Pedro Chiamulera criou uma das principais empresas de combate a fraudes virtuais no País

Por: Redação E-Commerce Brasil

Equipe de jornalismo E-Commerce Brasil

Matéria publicada na ISTOÉ Dinheiro por Andrea ASSEF.

Num prédio feio e sem graça da rua da Consolação, no centro de São Paulo, são investigadas 85% das informações de compras da internet brasileira. É a partir desse endereço pouco convidativo que a ClearSale, empresa especializada na detecção de fraude em comércio eletrônico no País, rastreia e checa dados para aprovar compras em empresas como Magazine Luiza, Lojas Americanas, Azul Linhas Aéreas e Saraiva, entre outras.

Num primeiro momento, a impressão é a de que se vai entrar em um ambiente severo e cinzento, como a fachada do edifício. Mas isso se dissipa logo no primeiro andar, no qual uma equipe animada de jovens analistas trabalha ao lado de um grande “mural desabafo”, espaço criado para que possam escrever o que quiserem.

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Missão cumprida: a ClearSale, de Pedro Chiamurela, atende clientes com
Magazine Luiza, Lojas Americanas, Azul e Saraiva
E basta conhecer o empresário Pedro Chiamulera, 48 anos, um dos sócios, para ter a certeza de que existe um clima diferente nessa empresa. Pode-se dizer que há um pouco do espírito olímpico, do trabalho em time em que todos são responsáveis pelo resultado final. A origem está na própria história de Chiamulera, que competiu na equipe brasileira de atletismo em duas Olimpíadas (Barcelona 1992 e Atlanta 1996). Caçula de dez irmãos, o atleta curitibano formou-se em ciências da computação pela Point Loma Nazarene College, em San Diego (EUA), graças à bolsa obtida por ser atleta.
No final de 1998, decidiu que teria seu próprio negócio na área de tecnologia da informação. Em 2001, Chiamulera conheceu Bernardo Lustosa, formado em estatística, quando trabalhavam no desenvolvimento de softwares antifraudes na rede de lojas C&A. A expansão do comércio eletrônico levou-os a abrir a própria empresa. A prova de fogo veio quatro anos depois: por conta do mercado de tecnologia aquecido, 23 dos 25 funcionários receberam propostas de trabalho e pediram demissão. “Quase quebrei, perdi os funcionários e os clientes que não conseguia mais atender”, lembra Chiamulera, que faturou R$ 3 mil naquele ano. Em 2012, a ClearSale deve faturar R$ 47 milhões.
O pulo do gato aconteceu quando os sócios perceberam que a fraude era o gargalo das empresas de comércio eletrônico. Com isso, resolveram que iriam se transformar em guerrilheiros virtuais e desenvolveram modelos estatísticos para combater esse tipo de ação. Aos poucos começaram a ser contratados pelas grandes empresas do setor no Brasil. Atualmente, das dez maiores companhias de varejo, nove são clientes da ClearSale. Ela também tem seu sistema implantado em quatro das cinco maiores de telefonia celular. Por mês, a empresa analisa um milhão de transações de 700 companhias — e 18% desse total segue para averiguação “manual” de um funcionário.
Durante um feriado, a ClearSale descobre, em média, até 40 fraudes em compras de passagens aéreas. O trabalho de seus analistas é verificar os pedidos, cruzar as informações das compras com as disponíveis num banco de dados e apontar em quais existem riscos de fraude. Apesar dessa missão, o clima policialesco dá lugar a um ambiente agradável com mesa de pingue-pongue, aulas de dança, sala de videogame e até manicure uma vez por semana. “Isso é importante, pois precisamos estar com a cabeça boa para ter sensibilidade”, diz Chiamulera. “Imagine bloquear o pagamento de um cara bom?”
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(Foto: Pedro Dias)