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Web 3.0: como a terceira onda da internet vai impactar o varejo online

Por: Anahy Zamboni

Jornalista, atua há mais de dez anos com criação de conteúdo, redação e copywriting. Já escreveu para segmentos, como: educação, saúde, beleza, nutrição, finanças e contabilidade. É especialista em Marketing Digital, Performance e SEO. Atualmente, escreve sobre Startups, SaaS, mercado de pagamentos e fintechs.

Baseada nos preceitos de descentralização, abertura e maior atuação do usuário, a próxima fase da evolução da web deve mudar o paradigma do comércio eletrônico.

A Web 3.0, também conhecida como a terceira onda da internet, se baseia em três pilares que são: descentralização, por meio da independência de bancos, órgãos governamentais, fronteiras demográficas ou tecnologias empresariais; privacidade, por meio da prevenção da exposição de dados pessoais; e virtualização, que se traduz na consolidação dos mundos digitais e na reprodução de experiências cada vez mais realistas de maneira virtual.

Neste artigo, veja como a Web 3.0 promete elevar o comércio eletrônico a um novo patamar.

Essa onda passa a ser construída com o apoio de tecnologias inovadoras, como o blockchain, que possibilita o trânsito de cadeias de dados de forma segura, anônima e independente. Além disso, tecnologias de realidade virtual (RV) e realidade aumentada (RA) promovem a consolidação do metaverso, o espaço virtual compartilhado que replica, cada vez com mais fidelidade, a realidade através de dispositivos digitais.

O conceito é cada vez mais comentado no meio corporativo e deve ser uma forte tendência para 2023, uma vez que deve gerar impactos significativos e transformar alguns paradigmas nos negócios. Além disso, deve abrir uma gama de oportunidades para as empresas ampliarem sua digitalização e aplicarem soluções e ferramentas cada vez mais assertivas e eficientes aos seus consumidores que, em contrapartida, devem ter um controle cada vez maior sobre seus dados.

Neste artigo, falaremos sobre como a Web 3.0 promete elevar o comércio eletrônico a um novo patamar, especialmente através de interfaces mais amigáveis, com a ampliação da segurança para as transações online e a otimização da experiência do cliente.

Impactos da Web 3.0 no varejo online

A tecnologia blockchain deve ser uma das principais características da Web 3.0 e a de maior impacto para o varejo online, uma vez que amplia a garantia de segurança, privacidade e confiabilidade para as transações online.

Essa tecnologia é a mesma que possibilitou a existência das criptomoedas, por isso, sua capacidade de garantir a segurança nas operações do e-commerce é enorme. Com isso, os índices de devolução, insatisfação, estornos e fraudes em cartões, problemas que afetam fortemente as lojas online, devem reduzir de forma significativa.

Avanços esses que devem ser bem-vindos para o e-commerce, já que, segundo pesquisa da ClearSale, as tentativas de fraude em sites de comércio eletrônico, vendas diretas, serviços financeiros e telecomunicações totalizaram um prejuízo de R$5,8 bilhões em 2021, 58% a mais do que em 2020.

Além disso, a estimativa do estudo da Juniper Research aponta que as perdas globais com fraudes digitais devem chegar a US$48 bilhões até 2023. Por isso, a segurança da Web 3.0 deve fortalecer os processos de pagamento das compras online, protegendo as informações mais sensíveis dos consumidores contra vazamentos e roubos, e promovendo transações mais rápidas, transparentes e menos onerosas.

De acordo com as projeções do Grand View Research, o e-commerce deve alcançar um valor de mercado de mais de US$27 trilhões até 2027, impulsionado especialmente pela popularização dos dispositivos móveis, como smartphones, bem como pelo acesso à internet de alta velocidade. Inovações possibilitadas, também, pela evolução proporcionada pela Web. 3.0.

Outra aplicação da terceira onda da internet no e-commerce que deve se popularizar nos próximos anos é o uso de NFTs nos programas de fidelização, a fim de criar recompensas mais atrativas, além de ampliar o uso de criptomoedas nos pagamentos online. Tais inovações devem se tornar comuns nos próximos cinco anos.

A Internet das Coisas (IoT) também surge como uma possibilidade de os varejistas automatizarem o atendimento, o pagamento e outros processos de venda. Compras com um clique, velhas conhecidas do e-commerce, por exemplo, devem ter um boom e se popularizar cada vez mais devido ao aumento da segurança nas transações.

De maneira geral, a experiência do cliente do e-commerce com a Web 3.0 deve evoluir cada vez mais até que aconteça completamente no metaverso, onde poderá vivenciar uma experiência imersiva de compra do produto, como se estivesse presente em uma loja física. Nesse ponto, a VR e a VA devem também se popularizar nos processos de compra, assim como as compras por voz, através de assistentes virtuais.

A Web 3.0 ainda surge como uma possibilidade para que os varejistas desenvolvam plataformas cada vez mais interativas e criem novas formas de fidelizar os clientes à sua marca, propiciando ambientes de alta imersão, transações mais seguras e transparentes, criando uma relação de mais confiança e uma jornada de compra com mais excelência.

Os principais desafios da Web 3.0

Aumentar a utilidade da internet e ampliar a autonomia dos usuários em processos de compras online são apenas algumas das possibilidades da Web 3.0, mas claro que também existem desafios que precisam ser considerados e superados pelas empresas que passarão a atuar cada vez mais imersas em seu ambiente.

A descentralização é uma das características mais latentes dessa nova onda, com sistemas menos manipuláveis que serão responsáveis por dar ao usuário esse controle maior sobre seus dados. Contudo, essa descentralização também envolve alguns riscos legais e regulatórios.

Crimes cibernéticos, discursos de ódio e disseminação de informações falsas já são elementos difíceis de controlar no ambiente da internet e devem se tornar ainda menos controláveis nessa estrutura descentralizada, sobretudo devido à ausência de monitoramento de um órgão regulatório específico.

Além disso, essa rede descentralizada poderia colocar algumas barreiras para a regulamentação e a fiscalização, por exemplo, para estabelecer leis que se aplicariam a algum site específico ou a algum conteúdo divulgado em diversos países do mundo. Encontrar culpados de crimes cibernéticos, e acioná-los juridicamente, passaria a ser ainda mais complicado. Por isso, esse é um desafio que precisa ser considerado para que os benefícios da inovação não sejam superados por seus ônus.