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Pode pular. A água está boa.

Por: Redação E-Commerce Brasil

Equipe de jornalismo E-Commerce Brasil

Por Tiê Lima, executivo de e-commerce da Abril Mídia

Desde que comecei a trabalhar na Abril Mídia, na área de e-commerce, iniciei uma diligência sobre quais frentes poderiam ter sinergia com as nossas marcas. A partir da suspeita de que havia muito a ser explorado, uma série de oportunidades foram sendo desdobradas. Iniciativas bem sucedidas focadas nos mercados Geek, Bebês, Sapatos e Vinhos, por exemplo, já dão sinais de que a especialização será uma das alavancas do crescimento do nosso mercado. Claro, não é de hoje, basta acompanhar a evolução da Netshoes e da Sacks, da interface ao pós-venda, em cada ponto da cadeia a impressão do foco é percebida.

Indo mais fundo, existe um segmento que chama ainda mais a minha atenção – moda e acessórios. Dos quase 75 milhões de internautas, 23 milhões são e-consumidores, e apenas 1,5 milhão comprou um item de moda. E do ano passado para cá o crescimento foi de mais de 100%, chegando a 5% do total do faturamento de e-commerce. Se tirarmos 10% dessa fatia, em 2016 estaremos falando de um mercado potencial próximo a R$ 6 bilhões.

Defendo a tese de que dois fatores corroboraram para esse crescimento: o primeiro ponto eu dou para os Clubes de Compra, como Privália, Brands Club, Coquelux. Meu segundo palpite vai para a entrada de novos players com alto investimento no segmento, como foi o caso da Dafiti, que investiu aproximadamente 35 milhões e o frequente investimento da NetShoes para crescer e manter sua liderança.

Evidente, não basta investimento, o cenário externo precisa colaborar, e isso também acontece. A tendência Fast Fashion, em que as lojas precisam manter alto o número de lançamentos, com troca frequente de suas araras para tirar o máximo proveito da margem composta, reflete em sobras de estoque difíceis de administrar. O que por outro lado tornou-se uma excelente oportunidade para os clubes de compra, que começaram a vender um bom volume dessas pontas de estoque, pois há clientes interessados nos dois lados, no varejo e no consumo. E ao passo que os lojistas e as marcas perceberam que isso dá certo concluíram: dá para fazer mais, e não só como ferramenta para girar estoque. A internet pode ser um forte canal de venda.

Conversando com executivos de marcas com forte presença offline nos últimos meses, e que possuem investimentos online, dá para notar o entusiasmo. Muitas vezes, a Loja Internet passa rapidamente a ser a maior loja da rede. O crescimento do consumo alavanca o faturamento e, naturalmente, os investimentos. O mercado de shopping centers mantém o ritmo acelerado e, não há escolha, o lojista precisa entrar e desembolsar luvas em um ponto, o que definitivamente não é barato. Conclusão: a ampliação do canal internet é uma saída e uma oportunidade.

Os investimentos mais altos daqueles que buscam a liderança no mercado, assim como em corridas de Fórmula 1, permitem que os com menos apetite tirem proveito do que é desbravado. O esforço empreendido para formar o mercado, e nesse ponto enfatizo os consumidores que ainda não possuem o hábito e/ou a segurança para consumirem moda online, será pago por esses pioneiros que consolidam a posição de liderança. Isso é uma boa e uma má notícia. Quem deseja entrar para ter a maior parte do bolo deve preparar os bolsos. Para aqueles que querem aumentar os seus canais de venda, o momento é bom.

Essa rodada inicial me remete ao início do mercado de e-commerce, quando a Americanas.com e o Submarino gastaram muito para ensinar o consumidor a comprar pela internet. Quem entrou depois encontrou apenas na guerra do preço. Pra quem é do varejo, a luta é conhecida.

Uma conclusão que poderia ser tirada pelos lojistas de moda seria esperar para entrar depois. Não diria que é a melhor escolha. O mercado amadurece, assim como a cultura das corporações.  Eu penso que é melhor entrar devagar. Não falo isso como aquele que mergulhou em uma piscina gelada e de dentro chama os outros dizendo para pularem, que a água está boa. Falo como quem está com os olhos muito atentos às oportunidades que estão por vir. Então digo: pule, tem pouca gente na piscina, nade de braçada.


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