A Amazon adotou um movimento massivo para desafiar o grupo chinês Alibaba no domínio do e-commerce global, a justiça chinesa, os consumidores, as marcas e a competição com a FedEx e a UPS, de uma só vez. É o seu mais novo empreendimento “Supply Chain da Amazon” (SCBA) que agora é uma realidade, com uma data de lançamento prevista para este ano. Cerca de $1 trilhão de dólares em receita estão em jogo, no e-commerce cross border até 2020.
De acordo com fontes próximas a Amazon com quem eu tenho conversado nas últimas semanas, o plano para os próximos três anos (cujo codinome é “Dragon Boat”) é construir um sistema que permite que a Amazon garanta que as empresas e indivíduos possam vender de qualquer lugar, para qualquer lugar do mundo, com um nível mínimo de suporte, frete grátis e entrega em três dias ou menos. Este é o varejo cross border em larga escala. O Alibaba tem um objetivo parecido, como eu mesmo escrevi em um artigo no ano passado intitulado: “Amazon e Alibaba são frenemies?”, agora podemos confirmar que são inimigos.
“Varejo cross border” “Consumidores chineses” “Supply chain” e “Globalização 2.0” são as quatro grandes ideias que eu tenho focado nesses três anos que eu escrevi na coluna para a Forbes, com uma boa razão.
A Globalização 2.0, como expliquei no meu livro “Os super consumidores da China” é a conclusão de que as mega-tendências de globalização 1.0, se unem em um novo paradigma mercantil global. Este é o mundo no qual os consumidores chineses, a logística global, o varejo cross border e o varejo internacional têm sido itens obrigatórios para a maioria das empresas redefinirem suas estratégias de como fazer, agir e vender para que uma revolução industrial aconteça na tecnologia de negócios, cultura e do varejo.
A Amazon e o Alibaba estão em uma “Guerra Fria” – uma corrida para se tornar a primeira e verdadeira empresa de e-commerce global. O que muitas pessoas frequentemente concluem de forma errada sobre a Amazon é que o seu objetivo primário é ser “uma loja de tudo”. A realidade é que a Amazon quer ser uma “loja de tudo/maior empreendimento comercial do mundo”. O Alibaba tem o mesmo objetivo, e não está satisfeito apenas em ser a maior empresa de e-commerce da China. As empresas têm abordagens diferentes para serem bem-sucedidas nessa jornada, mas a finalidade é a mesma.
O Alibaba investiu de forma pesada em logística global e serviços de supply chain e infraestrutura e está se expandindo rapidamente seus marketplaces (Tmall, Tao Bao, AliExpress, Tmall Global) em cada continente. Eles também investiram de forma pesada em tecnologia, computação em nuvem, serviços de streaming e sistemas de pagamento (Alipay) e ainda um setor bancário e de crédito. De várias formas, a Amazon está tentando acompanhar isso.
Veja algumas razões pelas quais a SCBA pode mudar o jogo:
- A Amazon, apesar de do que eles querem que acreditemos, ela não é focada apenas no varejo. Ela é, primeiro uma empresa de tecnologia, depois uma empresa de logística e por último uma empresa de varejo. Eles já dominam as vendas no e-commerce, a logística doméstica e a rede SCBA, projetada para expandir o modelo globalmente.
- A Amazon tentou por dez anos competir diretamente com o Alibaba na China, mas foi em vão. Então este ano, começaram a se conectar com os consumidores chineses que iniciaram suas compras na Amazon.com AMZN +1.40%, ao invés do Amazon.cn. A empresa fez isso por seleção, preço, segurança e conveniência. A SCBA vai supervisionar este novo mercado para a Amazon.
- A Amazon agora vai ser uma máquina totalmente integrada e verticalmente eficiente. Eles são um varejista, um marketplace, um distribuidor, uma marca própria, um 3PL (solução terceirizada de logística), operador de frete marítimo e agora, talvez, o próximo maior serviço de correios global, que vai incomodar UPS e o FedEx a nível local e global.
- A Amazon tem um relacionamento complicado e com frequência, contraditório, com marcas, varejistas, fornecedores, 3PLs e duas grandes empresas de correio. Este movimento poderia mudar fundamentalmente a dinâmica de todos os relacionamentos nos próximos anos (positiva ou negativamente – veremos).
Nos próximos artigos vou abordar uma comparação entre como a Amazon e o Alibaba estão competindo pela hegemonia cross border e como os consumidores chineses estão desempenhando um papel determinante no final dessa batalha.
Publicado com a autorização do autor. Originalmente disponível em: http://www.forbes.com/sites/michaelzakkour/2016/02/09/china-alibaba-spur-amazon-move-to-dominate-1-trillion-cross-border-commerce/#42f36ec01ff3