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Com o Apple Pay, mobile payments ganha força

Evangelistas da tecnologia previram por anos um mundo no qual as pessoas pagariam por produtos e serviços dos varejistas através dos smartphones ou do push de algum botão de seus smartphones. Por algum longo tempo essa moda da mobile wallet demorou pra pegar.

Agora, o maior player de tecnologia de todos – a Apple – pensa ter a fórmula para fazer isso acontecer.

Na terça-feira, a Apple anunciou que planeja oferecer sua própria versão da mobile wallet, em parceria com varejistas como Target e restaurantes como Mc Donald’s, bem como as três maiores companhias de cartão de crédito.

Isso significa que o consumidor logo poderá comprar um Big Mac ou um sabão em pó com poucos cliques usando o novo iPhone ou o smartwatch, produto novo da Apple, também anunciado na terça-feira.

A mobile wallet, batizada de Apple Pay, certamente dará à Apple uma boa vantagem no mobile payment, que segundo a Forrester Research deve alcançar $100 bilhões nos Estados Unidos nos próximos cinco anos. Mas a dúvida continua: será que se as pessoas estão prontas para transformar seu pagamento em uma ação digital, e será que a Apple vai conseguir manter isso por muito tempo?

A nova solução da Apple é um pouco diferente da anterior. Mas a empresa espera que as expectativas sobre segurança, incluindo o fato da informação do cartão de crédito não ficar armazenada nos smartphones ou dispositivos ou nos servidores da Apple convença os consumidores que é mais seguro usar um cartão de crédito. “Nós sempre ficamos totalmente dependentes dos números expostos e da tarja magnética que é vulnerável”, diz o chefe executivo da Apple, Timothy D. Cook. “Por isso nenhum de nós está tão seguro”.

A hora também é apropriada. Muitos varejistas são contra a obrigatoriedade de trocar seu terminal de pagamento e relutam em aceitar uma forma de chip mais seguro de transação. Se mais pessoas quiserem usar o Apple Pay, eles terão incentivo suficiente para instalar o hardware e processar transações mobile.

Essa tendência tem implicações que vão além da Apple e seus dispositivos. Se o Apple Pay fizer mais pessoas usarem seus smartphones para pagar por produtos e serviços, isso poderia dar mais força à empresas como Google, Amazon e Microsoft para alcançar objetivos parecidos junto aos varejistas e empresas de cartão de crédito, fazendo com que o mobile payments seja amplamente difundido.

“Muitas empresas já tentaram fazer isso antes, mas a segurança e a experiência de pagamento da Apple serão grandes norteadores”, diz Charles W. Scharf, chefe executivo da Visa, que está se unindo à Apple nessa iniciativa, assim como MarterCard e American Express.

O aplicativo do Passbook permite aos usuários armazenarem cupons tickets e cartões de fidelidade digitais. Usando um cartão de crédito, os clientes poderão colocar seus aparelhos de telefone em frente ao terminal para pagar. O pagamento é entregue no terminal usando a tecnologia do Near Field Communication (NFC), via um chip incorporado nos novos iPhones da Apple.

Centenas de varejistas nos Estados Unidos, incluindo o Whole Foods Market e o Macy’s vão começar a aceitá-lo. Por causa da parceria com o Stripe, startup de pagamentos, a Apple Pay pode ajudar os pequenos desenvolvedores de apps a usarem o serviço e viabilizar suas transações.

Outras empresas de tecnologia já testaram as mobile wallets e fracassaram. O Google, por exemplo, criou em 2011, sua wallet, que também usa a tecnologia NFC. Outra iniciativa foi a de um consórcio americano de operadoras de telefonia móvel que financiaram a Softcard, outro aplicativo-wallet para smartphone.

Ambas opções têm sido prejudicadas por serem um pouco complicadas. O Google Wallet funciona apenas em determinados aparelhos, usando redes específicas de celular e com emissores de cartão de crédito específicos. E pagar com um smartphone não tem sido tão fácil quanto passar o cartão no caixa.

“O erro que muitos provedores de carteira virtual tem cometido no passado é focar muito na tecnologia e não no valor ao consumidor”, diz Denée Carrington, analista da Forrester Research. “O consumidor não liga se é NFC ou bar code. Eles só querem que seja fácil e rápido”.

A privacidade e segurança também estão entre os maiores índices de reclamação. Os recentes ataques hackers à Target e à Home Depot entre outros, deixaram expostos milhões de dados de consumidores. E até mesmo a Apple teve problemas com armazenamento de dados na iCloud, no episódio, celebridades e tiveram suas contas pessoas hackeadas e tiveram suas fotos espalhadas pela internet.

Tom Pageler, chefe de segurança da informação na DocuSign, empresa que gerencia transações digitais, disse que o sistema de pagamento da Apple é mais seguro que o sistema atual. Ele disse que a tecnologia de NFC também pode ajudar as empresas de pagamento a identificar compras incomuns, usando dados de smartphone, será mais fácil identificar uma compra feita de um lugar estranho, por exemplo.

Fato é que se o novo produto da Apple aumenta o “apetite” do consumidor por carteiras virtuais móveis, o varejista precisará se atualizar.

O valor ainda não está claro hoje. Mas no futuro, as mobile wallets podem tornar isso mais atraente para varejista e consumidor, talvez através de ofertas especiais, descontos e cupons de fidelidade.

Por hora, analistas acreditam que se existe uma empresa que possa persuadir seus consumidores a usarem as mobile wallets, essa empresa é a Apple. “A Apple é capaz de criar um ambiente harmonioso e confiável, mais que o Google poderia,” diz Ms. Carrington da Forrester.