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Web Summit 2020: “Problemas globais requerem soluções globais”, diz Gillian Tans, da Booking.com

Por: Júlia Rondinelli

Editora-chefe da redação do E-Commerce Brasil

Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero e especialização em arte, literatura e filosofia pela PUC-RS. Atua no mercado de e-commerce desde 2018 com produção técnica de conteúdo e fomento à educação profissional do setor. Além do portal, é editora-chefe da revista E-Commerce Brasil.

O turismo se viu diante de um dos cenários mais assustadores durante a pandemia em 2020. Com o fechamento das fronteiras e de pontos turísticos, além da rápida disseminação do coronavírus pelo mundo, as viagens ficaram impossibilitadas pela maior parte do ano. Mesmo com a reabertura gradual em alguns países, as pessoas ainda se sentem inseguras ao viajar.

Foi justamente sobre esse tema que a empresária holandesa Gillian Tans falou em uma das conversas online da edição de 2020 do Web Summit. Gillian Tans foi entre 2016 e 2019 CEO do Booking.com e hoje é parte do conselho de tomada de decisões da empresa. Para a conversa, a executiva foi entrevistada por Feliz Solomon, jornalista do Wall Street Journal.

Gillian Tans, do Booking.com, no Web Summit de 2019.

Um dos principais pontos da conversa foi sobre os desafios para o setor de turismo durante a pandemia e as medidas encontradas para amenizar seus impactos.

Para Tans, está claro que mesmo com a retomada gradual as dificuldades estão longe de acabar: “os desafios ainda estão por aí e ainda há muito o que se fazer para melhorar”, explica.

Ela defende que houve avanço nos últimos meses e que há esperança para o futuro, mas que as transformações do turismo vão além das necessidades impostas pela pandemia. Ao sair da crise do coronavírus, os profissionais do setor vão encontrar consumidores mais engajados e menos satisfeitos com “o lugar comum”.

Novas estratégias

De acordo com a executiva, o momento em que estamos vivendo fez com que as lideranças das empresas fossem mais reativas. Dessa forma, ela percebeu um movimento mais analítico, de uso consciente dos recursos e uma busca por elencar prioridades. Gastos desnecessários sendo cortados, novas estratégias de engajamento e planos para o futuro ganharam mais espaço neste cenário também.

Isso tudo, segundo ela, sem parar de pensar nos colaboradores e consumidores, que também dependiam de recursos do turismo e não podem ser deixados de fora. “A indústria do turismo é resiliente, mas ainda há muito a se fazer”, completa.

Ela defendeu ainda que uma das áreas que mais ganhou destaque nas companhias focadas em viagens foi a de marketing. Na Booking.com, por exemplo, o investimento em marketing se fez extremamente necessário para continuar engajando os consumidores mesmo enquanto não há viagens, mas também como um importante canal de comunicação para atualizá-los sobre as novas normas de segurança e mudanças constantes.

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Fechamento das fronteiras

Questionada sobre o efeito do fechamento das fronteiras, Tans explica que é difícil mensurar algumas respostas, como:

  • Quando as coisas vão voltar ao normal para o turismo?
  • Quando as pessoas se sentirão confortáveis em viajar novamente?
  • Após a vacina o turismo vai se recuperar completamente?
  • As medidas de distanciamento asseguram a volta das viagens?
  • Como o turismo pode prosperar com as fronteiras fechadas?

Para todas essas perguntas e muitas outras, a resposta da executiva é a mesma: não é possível mensurar, pois cada país está em um estágio de recuperação e as coisas podem mudar rapidamente.

Além disso, a executiva acredita que se passarão anos antes que a indústria do turismo recupere toda a segurança de antes, por vários motivos. Entre eles, ela destacou a economia, dos países e dos consumidores, que deve impactar o ritmo de retomada e intensidade das viagens; e também o tempo para vacinar grande parte da população mundial, pois antes disso as viagens grandes ainda são arriscadas.

Novas tendências

Porém, há alternativas. O setor, segundo ela, já vislumbra novas tendências e exigências dos consumidores. Durante a pandemia, a Booking.com registrou que pelo menos ⅓ dos usuários da plataforma pesquisou destinos para fazer o isolamento social e trabalhar de maneira remota em outro lugar que não a própria casa.

As pessoas passaram a procurar por acomodações que fizessem sentido para uma estadia prolongada ou para viagens individuais.

Ela acredita ainda que há um grande interesse dos governos em retomarem as atividades do turismo e alguns países estão tomando essa dianteira. “Problemas globais requerem soluções globais”, ela explica. Como exemplo, ela cita o Japão, que manifestou interesse em garantir um turismo seguro.

“É muito importante que os governos estimulem as viagens e entendam as necessidades das pessoas e das companhias”, finaliza.

Por fim, ela explica ainda que para a retomada plena do turismo, as pessoas precisam se sentir seguras, o que não vai acontecer antes de uma vacina efetiva. De acordo com Tans, as pessoas vão levar as preocupações com saúde e segurança para o futuro, mesmo depois de estarem vacinas: “por causa da pandemia as pessoas estão ainda mais cuidadosas, então as preocupações com a saúde e escolhas sustentáveis tendem a se expandir entre os consumidores”, conclui.

Por Júlia Rondinelli, da redação do E-Commerce Brasil