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Vendas em marketplace crescem acima do total de e-commerce, diz Ebit/Nielsen

Por: Júlia Rondinelli

Editora-chefe da redação do E-Commerce Brasil

Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero e especialização em arte, literatura e filosofia pela PUC-RS. Atua no mercado de e-commerce desde 2018 com produção técnica de conteúdo e fomento à educação profissional do setor. Além do portal, é editora-chefe da revista E-Commerce Brasil.

Marcelo Osanai, Gerente comercial da Ebit/Nielsen falou hoje durante o Marketplace Conference 2021 sobre as tendências e oportunidades dos marketplaces no Brasil.

Performance do e-commerce no Brasil

E-commerce chega a marca histórica de R$ 87 bi no Brasil em vendas em 2020, o que representa um crescimento de 41% do com relação a 2019. O crescimento mais expressivo foi no primeiro semestre. “Tivemos resultados recordes, principalmente focados no B2C”, explica Osanai.

Parte deste crescimento é de responsabilidade dos novos consumidores, que correspondem a 13 milhões dos 80 milhões de consumidores registrados em 2020.

Tanto a quantidade de pedidos quanto o preço do ticket médio apresentaram crescimento expressivo. O crescimento do ticket médio é um dado interessante, segundo o executivo, por causa da queda apresentada em 2019.

“Sabemos que esses resultados são consequência da pandemia e das restrições impostas ao varejo”, ele completa.

Em 2020, a quantidade de pedidos variou em 30% de maneira positiva em relação a 2019, enquanto o ticket médio também subiu em 8%.

Para Osanai, “8% de crescimento é algo super positivo para o canal digital pensando no momento em que estamos vivendo”.

O cenário dos marketplaces no Brasil em 2020 e 2021

Marketplace cresceu 52% em 2020, acima do total do mercado, o que resultou em R$ 73, 2 bilhões para a categoria. Para comparação, como citado acima, o mercado de e-commerce como um todo cresceu 41% em 2020.

Para os marketplaces, isso significou 148,6 milhões de pedidos, crescimento de 38% com relação a 2019. O ticket médio dos marketplaces também se mantém alto, em R$ 493 (aumento de 10% em relação a 2019).

“É um crescimento super agressivo em número de pedidos e com ticket médio acima da média total do e-commerce, ou seja, são resultados super positivos para o marketplace, que se consolida cada vez mais no cenário de pandemia como uma alternativa para o varejo tradicional que está impossibilitado de vender offline”, ele diz.

A metodologia de pesquisa da Ebit/Nielsen não inclui nesta fase Mercado Livre, Elo7 e Enjoei.

Em qual marketplace os consumidores mais compram?

Americanas, Mercado Livre e Magazine Luiza continuam como os três preferidos pelo consumidor brasileiro. A Amazon, no entanto, destaca-se pelo crescimento.

28% dos consumidores afirmou ter feito compras na Amazon em 2019, enquanto o número saltou para 55% dos consumidores em 2021.

“Magazine Luiza e Amazon apresentaram os maiores crescimentos em relação a 2019”, explica o executivo, que considera os dados interessantes em relação ao crescimento dos demais.

O que é um marketplace?

De acordo com o levantamento da Ebit/Nielsen, cai o número de pessoas que não sabe o que é um marketplace.

Em 2020, 23% dos consumidores afirmaram não saber o que é um marketplace, 9 pontos percentuais abaixo dos entrevistados em 2019.

“Mesmo observando uma consolidação do mercado de marketplace, quase ¼ dos consumidores não reconhece o que é um marketplace, o que é um número alto que traz consequências: o consumidor precisa estar no centro, pois para ele não importa quem está vendendo, só precisam de uma solução para suprir sua necessidade”, alerta Osanai.

Experiência no marketplace

De acordo com os dados do Ebit/Nielsen, 90% dos consumidores afirmaram que a experiência no marketplace foi boa ou ótima. Ainda segundo levantamento da empresa, a principal motivação para comprar de um seller dentro do marketplace é a sua pontuação ou reputação dentro da plataforma.

“Um segundo fator que cresce em 2020 é a confiança no marketplace, se algo falha, isso impactará na decisão final do consumidor”, diz o executivo. “Se esses sellers não estão fazendo um bom trabalho ou se a plataforma não oferece a oportunidade de feedback, isso pode impactar negativamente as vendas do vendedor”, ele completa.

Para a escolha do marketplace em si, o preço fica em primeiro lugar.

M-commerce

O m-commerce, ou seja, as compras por dispositivos móveis, representou 57% das vendas em marketplaces em 2020 para os marketplaces.

“Hoje o meio pelo qual os consumidores mais compram já é o celular”, diz Osanai. Dessa forma, “essa experiência já precisa ser personalizada através de plataformas inteligentes”.

Para ele, alguns exemplos do varejo chinês podem ser seguidos para garantir uma experiência mais fluida e integrada, como o uso de aplicativos integrados e formas de pagamento que facilitem o checkout.

Visão dos consumidores

Moda e Acessórios é a categoria mais importante em pedidos. Em contrapartida, Casa e Decoração é a categoria que mais se destaca em crescimento.

Osanai destaca também as categorias de Perfumaria e Cosméticos, assim como Bebes e Cia, que não estão entre as principais mas mostram crescimentos significativos dentro do marketplace, mais do que o dobro com relação ao 2019.

O total de pedidos dos marketplaces cresceu em 38% de 2019 para 2020, considerando apenas produtos novos, de maneira que Mercado Livre, Elo7 e Enjoei ficam de fora dos dados computados nesta etapa da pesquisa.

Frete grátis

42% dos pedidos feitos em marketplace nesse período tiveram o frete grátis, o que significa um custo médio de R$ 33,23 para o lojista. “É um número interessante, mas que ainda está abaixo do total mercado, que é 49% no Brasil”

“Se quisermos continuar incentivando as compras nos marketplaces, é preciso bonificar o consumidor com vantagens, o que inclui o frete grátis”

Os consumidores acreditam inclusive que o custo do frete é o principal ponto de melhora em potencial para os marketplaces.

As formas de pagamento são, segundo os consumidores, os principais pontos fortes oferecidos pelos marketplaces.

Compras de fora

Os consumidores também buscam cada vez mais marketplaces internacionais para fazerem suas compras. A Shopee aparece pela primeira vez no ranking, enquanto a Wish cai uma posição.

“AliExpress continua sendo a plataforma de maior presença, com grande destaque para Amazon, que cresce de 26% para 38%, e Shopee, que já totaliza em 24% das respostas dos consumidores”.

Para comprar nos marketplaces internacionais, os consumidores acreditam que os preços devem continuar atraentes (57%). Além disso, 20% dizem que só compram nos sites estrangeiros quando não encontram os produtos desejados nos sites nacionais.

Para comprar novamente, 10% afirmaram que o valor do dólar deve ficar estável ou abaixar. 6% diz que compra por gostar de lançamentos que demoram para chegar nos sites nacionais.

“O controle da pandemia é uma coisa essencial para a recuperação econômica, que também vai fazer com que as famílias continuem comprando no e-commerce”, conclui Osanai sobre a importância do momento para o comércio eletrônico.

Para finalizar, Osanai diz que o live commerce e a venda por influenciadores digitais são duas das tendências chinesas que precisam ser melhor exploradas no Brasil.

Leia também: Proteção de dados de consumidores no Brasil é desafio para empresas.

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Por Júlia Rondinelli, da redação do E-Commerce Brasil.