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Relatório mostra responsabilidade da Amazon na poluição dos oceanos

Por: Dinalva Fernandes

Jornalista

Jornalista na E-Commerce Brasil. Graduada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada em Política e Relações Internacionais pela FESPSP. Tem experiência em televisão, internet e mídia impressa.

O plástico é bastante popular no mundo das embalagens, já que o material é relativamente barato e eficaz para proteger e preservar produtos. Porém, muito desse plástico acaba em rios e oceanos, causando um grande impacto ambiental. A ONG Oceana produziu um relatório para tentar medir o tamanho da responsabilidade da Amazon nesse problema.

A empresa é uma das maiores varejistas do mundo e grande usuária de plástico. Apesar da pressão pública da empresa pela sustentabilidade, a Amazon não revela sua pegada de plástico.

Em 2019, diz o relatório, a Amazon foi responsável pelo uso de cerca de 210 milhões de kg de embalagens plásticas. Desse volume, 23 milhões de kg podem ter acabado em rios, lagos ou no oceano. Isso é quase o mesmo que despejar o conteúdo de uma van de entrega cheia de plástico na água a cada 70 minutos, diz a ONG.

A Oceana fez estimativas com base em dados de mercado sobre embalagens de plástico nos países onde a Amazon opera e sua participação de mercado em cada país, incluindo a de seus fornecedores. A empresa teria despachado mais de 7 bilhões de pacotes em 2019.

Com base em um estudo recente da Science que estima quantos resíduos plásticos vão para os cursos d’água — até 11% — a Oceana estima que até 23 milhões de kg de resíduos plásticos da Amazon tiveram as águas como destino.

Quantidade pode ser maior

A quantidade total de resíduos de pedidos da Amazon é potencialmente maior do que a estimativa conservadora da Oceana, pois não considera a pegada da embalagem original dos fabricantes, explica Matt Littlejohn, vice-presidente sênior de iniciativas estratégicas da Oceana, que estuda o impacto do plástico na vida marinha.

Em um comunicado, a Amazon contestou a estimativa, dizendo que usa cerca de um quarto da quantidade de plástico em suas embalagens e que reduziu o total de embalagens nos últimos cinco anos, embora grande parte dessa redução venha do uso de menos caixas de papelão, não necessariamente menos plástico.

A Amazon também contestou quanto de suas embalagens chegam aos canais, dizendo que o relatório superestimou o plástico oceânico de países como os EUA, ainda que os Estados Unidos sejam um dos maiores contribuintes mundiais para o problema.

Já a Oceana defendeu sua pesquisa, dizendo que até que a Amazon compartilhe dados de forma transparente, a ONG mantém sua estimativa. Ainda segundo a ONG, se o uso geral de plástico da Amazon é, na verdade, um quarto do estimado — ou cerca de 52,5 milhões de kg — isso ainda é uma quantidade considerável de plástico.

Amazon se defende

A varejista parece estar tentando reduzir esse volume. Uma mala direta de papel da Amazon, por exemplo, é acolchoada sem plástico-bolha e pode ser reciclada como uma caixa de papelão.

Na Índia, após a pressão dos consumidores, os centros de distribuição mudaram de almofadas de ar de plástico e plástico bolha para almofadas de papel; alguns pedidos em Bangalore também são entregues em engradados reutilizáveis, em vez de caixas descartáveis. Alguns fabricantes redesenharam suas embalagens para pedidos online para reduzir o uso de plástico.

Mas tudo isso ainda ocorre em pequena escala em relação ao enorme tamanho da empresa. “Acho que esse esforço precisa ser implementado de forma muito mais agressiva”, disse Littlejohn à Época Negócios. “Como a produção de plástico está aumentando tão rápido, está sobrecarregando os ecossistemas de uma forma que não é boa para o futuro do oceano”, afirma. “Nesse caso, com a Amazon, é uma coisa evitável. A empresa tem soluções tão inovadoras. Achamos que eles podem sair mais rápido das embalagens de plástico”, conclui o VP da Oceana.

Além da pressão dos ambientalistas, a mudança é algo que os clientes desejam. Mais de 660.000 pessoas assinaram uma petição da Change.org pedindo para a Amazon oferecer opções de embalagens sem plástico. Em uma pesquisa realizada pela Oceana com milhares de clientes da Amazon, 87% disseram que também queriam essa opção.

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Fonte: Época Negócios