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Saúde mental não é frescura: como a pandemia afetou a saúde mental nas empresas

Por: Júlia Rondinelli

Editora-chefe da redação do E-Commerce Brasil

Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero e especialização em arte, literatura e filosofia pela PUC-RS. Atua no mercado de e-commerce desde 2018 com produção técnica de conteúdo e fomento à educação profissional do setor. Além do portal, é editora-chefe da revista E-Commerce Brasil.

Em 2012 Tatiana Pimenta percebeu que não estava bem. Abalada pela depressão, contou com a ajuda dos colegas de trabalho para identificar o problema e procurar por ajuda. “Quando você está com um problema de saúde, não consegue separar a pessoa física da jurídica. As duas vão para o escritório”, contou a CEO e fundadora da Vittude, startup focada em psicologia e coaching, na apresentação para o Fórum E-Commerce Brasil Grand Connection.

As primeiras experiências com atendimento psicológico não foram das melhores. Os profissionais oferecidos pelo plano de saúde não conseguiram cuidar adequadamente das demandas emocionais de Tatiana. Quando finalmente encontrou o acolhimento certo, teve a ideia de criar uma empresa focada em conectar terapeutas a pacientes que precisam de consultas.

Durante a apresentação, a empresária defendeu que saúde mental dos funcionários e sucesso empresarial caminham juntos. “Quase 80% das empresas brasileiras nunca fizeram diagnóstico dos colaboradores”, aponta. “As corporações precisam entender que pessoas que não estão saudáveis não são criativas e disruptivas”.

Os efeitos da crise sanitária na vida dos colaboradores

Dados apontam que as empresas perdem 1 trilhão de dólares por ano ao não tratar de depressão e ansiedade corretamente. Em uma perspectiva mundial, o Brasil é recordista em problemas ligados à saúde mental.

Na pandemia, 85% dos profissionais experimentaram episódios de burnout. O medo de perder um ente querido para a covi-19 assombrou 41% dos brasileiros e um terço das pessoas tiveram insônia e crises de ansiedade em algum momento.

Dentro deste cenário, os trabalhadores relataram que não tinham abertura para conversar sobre o estado de saúde dentro da empresa em que trabalhavam. Quase metade dos funcionários não se sentem à vontade para falar sobre saúde mental com o RH e 35% não confiam também nos outros colegas.

Apenas no ano passado, transtornos mentais foram as principais causas de afastamento no mercado de trabalho. “Quando eu olho para o número de afastados pelo INSS, percebo que é o maior número da curva histórica. Cada número fica ainda pior. Por que a gente não fala de saúde mental se ela impacta diretamente no negócio? Quanto custa uma pessoa afastada?”, provoca.

Tatiana defende que o primeiro passo para cuidar do estado mental dos colaboradores é entender como eles estão para então capacitar a gestão para lidar com os desafios encontrados pela equipe. Para ela, esse é o caminho para as empresas se tornarem cada vez mais saudáveis, produtivas e competitivas.

Por Larissa Darc, em cobertura especial para o Fórum E-Commerce Brasil.

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