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Santa Catarina lidera a produção industrial e têxtil do Brasil diante do desafio de digitalização

Por: Júlia Rondinelli

Editora-chefe da redação do E-Commerce Brasil

Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero e especialização em arte, literatura e filosofia pela PUC-RS. Atua no mercado de e-commerce desde 2018 com produção técnica de conteúdo e fomento à educação profissional do setor. Além do portal, é editora-chefe da revista E-Commerce Brasil.

O setor de moda e acessórios foi o terceiro de maior crescimento no comércio eletrônico em outubro de 2021 (4,06% a mais do que em setembro), segundo a Conversion. De acordo com a ABComm, será uma das categorias mais visadas para buscas e compras online na Black Friday deste ano.

No Brasil, Santa Catarina é o estado onde se concentra as operações mais importantes para a produção e distribuição de roupas, sapatos e acessórios. O estado é hoje líder nacional na produção de vestuário, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Apesar da maré boa que o setor surfa hoje, as companhias da categoria passaram por um período de redescoberta e algumas incertezas nos primeiros meses de pandemia. Uma das empresas que soube aproveitar bem a situação foi a Posthaus, que aposta no modelo fast fashion. Situada em Blumenau, Santa Catarina, a companhia conquistou consumidores por todo o País e hoje trabalha com mais de 60 mil itens no e-commerce.

Centro de distribuição da Posthaus em Blumenau, em Santa Catarina.

Desde março de 2020, a empresa tem visto um aumento nas vendas e chegou a resultados que seriam “o equivalente a uma Black Friday por mês”, conforme revela a Diretora Comercial da Posthaus, Taisa Bornhofen.

Os números atraentes chamaram ainda mais a atenção da marca para as operações digitais. A empresa enfrenta, inclusive, dificuldades para encontrar mão de obra qualificada, já que o polo têxtil de Santa Catarina contribui para o menor índice de desemprego do Brasil.

De acordo com a última divulgação trimestral da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínual (Pnadc/T), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), Santa Catarina fechou o segundo trimestre de 2021 com a menor taxa de desemprego do País, 5,8%, um recuo de 0,4 ponto percentual em relação ao trimestre anterior.

Para atrair os trabalhadores e manter a evasão dos funcionários baixa, a Posthaus passou a investir pesado na profissionalização de seus empregados, com programas de treinamentos e readequação.

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Produção industrial em SC

A média de industrialização de Santa Catarina hoje é maior do que a média nacional: 47,9%, segundo o último levantamento Produção Industrial Anual do IBGE.

A produção industrial como um todo caiu no país nos primeiros meses da pandemia, mas a retomada da produção no estado o posiciona entre os de mais rápida recuperação.

Dados do IBGE e análise da FIESC mostram que a produção industrial de Santa Catarina cresceu 36,5% em março de 2021 em comparação a março de 2020. Ainda segundo esta análise, vestuário e acessórios tiveram alta de 66,1% e produtos têxteis, de 53%.

Mulheres no comando

Diante de um cenário tão favorável, a Studio Z, que vende tanto multimarcas e fast fashions quanto marcas e coleções próprias de calçados, é uma das empresas que usam a localização para possibilitar uma produção e distribuição mais ágil para todo o País.

Com um Centro de Distribuição completo e bem organizado, 59% das operações da empresa hoje são realizadas por mulheres. Na equipe focada no e-commerce, essa proporção sobe para 90%.

“Essa procura das mulheres pela nossa empresa é orgânica. Por trabalharmos com moda, elas nos procuram mais”, explica Marcella Barbosa, gerente de canais digitais da Studio Z.

Centro de Distribuição da Studio Z em Palhoça, Santa Catarina.

Atualmente a empresa está presente em 16 estados e possui 3 centros de distribuição. A companhia, que começou como uma organização familiar, emprega 86 pessoas, somente no CD de Palhoça, também em Santa Catarina.

O estado da produção têxtil

Outro dado do IBGE mostra que de 2008 a 2018 a produtividade do setor têxtil, confecções, couro e calçados mais do que dobrou: passou de R$ 30,4 mil por trabalhador para R$ 71,7 mil.

Boa parte desta produção precisou encontrar novas formas de chegar aos consumidores diante da pandemia e das mudanças dos hábitos de consumo nos últimos anos. A Dimy, uma empresa de slow fashion com operações tradicionais há 25 anos, foi uma das companhias que adotou o e-commerce muito tempo depois de ter se consolidado no mercado físico.

Mesmo com um cenário digital promissor, uma das maiores dificuldades da companhia ao abraçar o online foi ganhar escalabilidade gradual e adaptar seus processos.

De acordo com Peterson Escobar, Head de E-commerce da Dimy, ainda há uma necessidade de “transformar o digital internamente”. O que não desanimou a empresa: além de se posicionar nas redes sociais e atuar com influenciadores digitais para aumentar a visibilidade da marca, a Dimy investe em diferenciação ao alcançar novos públicos.

Centro de operações e confecções da Dimy em Nova Trento, Santa Catarina.

Além da necessidade de incluir os consumidores da Dimy nas compras online, a marca busca também cativar um público mais jovem após a criação da Dimy Candy, focada em clientes adolescentes.

A aposta parece promissora, já que os jovens, por sua vez, têm uma participação relevante no digital: a última edição do Kantar Thermometer mostra que os Centennials e Millennials foram as gerações que mais intensificaram suas compras online e 39% deles afirmaram terem comprado mais no e-commerce em decorrência da pandemia.

Para Miriam Melo, empresária e Diretora Criativa da Dimy, “a Dimy Candy é o meio termo entre o segmento de moda premium e a moda para adolescentes. Não é uma marca infantilizada, mas um ‘chique descolado’. É uma forma também da marca se posicionar em um mercado cada vez mais jovem e digital”.

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Por Júlia Rondinelli, da redação do E-Commerce Brasil.