M-commerce ainda é tímido, mas ritmo de crescimento acelera
Com estratégias apoiadas no desenvolvimento de aplicativos e players de diferentes segmentos, o m-commerce no Brasil está pouco a pouco se consolidando, apesar dos desafios, como a realidade multiplataforma e os diferentes níveis de maturidade dos equipamentos em uso no mercado, ainda existirem.
Mesmo incipientes, os exemplos se acumulam. No Mercado Livre, 2% do acesso já vêm de dispositivos móveis. A participação ainda é pequena, mas já representa 17 milhões de visualizações de página. O serviço de compras coletivas Clube de Desconto contabiliza 15 mil cupons vendidos por meio deste tipo de equipamento desde que lançou seu aplicativo para iPhone, em outubro do ano passado – no total, são vendidos em média 200 mil cupons ao mês.
“O número não é grande, mas vem crescendo”, diz o sócio-fundador e CEO do Clube de Desconto, Isaac Ezra, que também registra acessos móveis por meio do que ele chamou de Facebook-Commerce. “O Facebook é muito usado por esse usuário. Agora estamos pensando em desenvolver aplicativo para Android, porque tem mais no Brasil.”
Ezra participou do painel “M-Commerce e a Tecnologia de Conectividade das Redes: Uma Nova Experiência dos Usuários na Arte Milenar de Comprar e Vender”, na Futurecom 2011, junto de Igor Taquehara, diretor de projetos do UOL; Helisson Lemos, diretor de operações do Mercado Livre; Matias Attwell, diretor de mídias sociais e mobile do Terra; e Ricardo Ferro, gerente de mobile e acesso do IG.
A iniciativa do Clube de Desconto ilustra o estágio atual do m-commerce no País. A adaptação de conteúdos para diferentes plataformas desafia empresas e desenvolvedores. Levantamento do Terra, cujo número de usuários únicos foi multiplicado por seis no último ano, indica 13 mil dispositivos diferentes em uso no Brasil. Segundo Matias, a cada mês cerca de mil equipamentos móveis diversos acessam o portal, mas 40 tipos representam 90% das visualizações de página. “Temos de oferecer boa experiência para todos, desde aparelhos básicos com conexão GPRS e browser de baixa capacidade até os top de linha, com muito engajamento e consumo de mídia”, diz.
Proporcionar usabilidade independente da plataforma é uma das tarefas do grupo de desenvolvimento de aplicativos para conteúdo do UOL, que agora inicia uma frente para mobile payment. Segundo Taquehara, a fraqueza da conectividade no País é uma dificuldade extra. “Pagamento é associado a disponibilidade”, diz. Nesta área, a segurança é outro quesito que exige atenção. Sistemas de pagamento móveis com NFC (near feature communication, com leitura de dados de cartões por aproximação, por rádio frequência), adotados no Japão desde 2004 para pagamentos e que aqui sustentam serviços como crachás e o Bilhete Único, exigiriam por aqui criptografia de dados para evitar a captura de dados por terceiros, observou Ricardo Ferro.
O perfil do usuário móvel também deve ser levado em conta. “Cerca de 85% de usuários de internet móvel usam diariamente o dispositivo para conexão. Mas hoje no Brasil o principal uso de dados ainda é SMS”, diz Ferro. Uma das principais características buscadas pelos usuários é a rapidez. Como no segmento mobile o consumo e as atividades são marcadas pela urgência – o tempo médio de uma sessão é de cinco minutos – o serviço deve ser reduzido à sua essência. A outra questão é a confiança. “De forma geral o e-commerce já enfrenta a barreira emocional da segurança”, diz Helisson Lemos, do Mercado Livre. “Vai se dar melhor neste segmento quem misturar experiência perfeita em tela pequena com relações de confiança”, acrescenta Matias.