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Ligadas para espalhar o conhecimento: a história de A Liga Digital

Por: Redação E-Commerce Brasil

Equipe de jornalismo E-Commerce Brasil

A etimologia da palavra “humildade” vem do latim “humilitas”, cujo significado é “pouca elevação”. Trazendo isso para nossa sociedade, podemos relacionar tal palavra como um adjetivo a pessoas que se colocam no mesmo nível das demais, mostrando-se acessíveis e receptíveis. E, sem sombra de dúvidas, essa qualidade cabe muito bem para Helenice Moura e Edilaine Godoi, protagonistas do projeto A Liga Digital. Afinal, entre as “coincidências” de suas vidas, ambas vieram de famílias humildes e tiveram como primeira experiência profissional o cargo de empacotadoras de supermercado. Como elas mesmas dizem, “A Liga Digital nasceu da força do nosso coração. Nos vemos em cada um desses jovens, com a mesma determinação, brilho nos olhos e desejo de crescer na vida”. 

Se a ideia de Helena e Edilaine era a de transformar a vida de pessoas carentes por conhecimento, pode-se dizer que a missão vem sendo cumprida com louvor. “O e-commerce nos deu a oportunidade de sonhar com uma vida melhor, e esse sonho é o que compartilhamos hoje com nossos jovens”, contou Edilaine, Head of Digital, Diretora da ABComm e cofundadora de A Liga Digital. Por meio dessa plataforma de conhecimento, as profissionais têm a oportunidade de inserir os jovens no universo do marketing digital, do e-commerce e da programação.

Captação dos alunos

Para entender a determinação de Helenice e Edilaine em espalhar suas sementes de conhecimento, a captação dos alunos é feita (como elas mesmas dizem) “na unha”. Para tanto, se utilizam de ONGs, rádios comunitárias, escolas e comunidades. “O time de recrutadores entra em favelas onde ninguém vai e apresenta uma perspectiva real de mudança de vida”, conta Helenice, presidente do Comitê de Líderes de e-commerce SP e cofundadora de A Liga Digital.

O processo batizado de “autosseleção” confere oportunidades aos jovens que fazem por merecê-las. Isso porque ele exige o cumprimento de três etapas. Na primeira, A Liga Digital promove alguns webinars a fim de esclarecer, a alunos e familiares, todo o processo. Aqui é deixado claro que o curso é 100% gratuito e não tem qualquer custo adicional com material didático, formatura, apoio dos professores etc.

Na segunda etapa, ocorre um “aulão” com as fundadoras e orientadoras pedagógicas que explicam em detalhes os três cursos: E-commerce, Programação e Marketing Digital, assim como a apresentação do mercado digital como um todo. Após a explicação, os interessados precisam escolher o curso, pesquisar na Internet sobre o conteúdo e responder a algumas perguntas – dentre elas, como acreditam que aquele conhecimento pode ajudar a si e à sua comunidade. “Não há certo ou errado nesta fase. Avaliamos o empenho em pesquisar, entender e responder às perguntas”, diz Edilaine. 

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Por fim, na terceira etapa da autosseleção, acontecem quatro aulas de “acolhimento”. Nelas, os jovens são apresentados ao método de A Liga Digital, e entendem o quanto é importante a adaptação às mudanças e estarem preparados para uma jornada rumo ao digital. “Por meio de lendas, pequenos vídeos e histórias de sucesso de outros ex-alunos do curso, mostramos que é possível conquistar uma vida melhor. É nesta fase que revelamos a eles que haverá o suporte dos melhores profissionais do mercado digital, e por isso exigimos o melhor de cada um em termos de empenho, dedicação e atenção”, pontuou Helenice. Ao final do processo de autosseleção, os jovens são desafiados a se expressarem em vídeos e nas redes sociais.

Guardiões do conhecimento

O método de ensino é bastante curioso, diferente do aplicado nas escolas. Os professores dos cursos, por exemplo, são chamados pelos alunos de “heróis”, enquanto os estudantes já formados recebem o título de “guardiões” (do conhecimento, no caso). Um pouco dessa estratégia visa a conquistar suas atenções, questão complexa atualmente. A fim de evitar dispersões, A Liga Digital promove atividades do tipo “aprender fazendo”. Para isso, as trilhas de conteúdos mixam teorias e mão na massa, o que exige engajamento de todos.

Um bom exemplo é o desafio de cada aluno a marcar sua presença no digital (principalmente na rede social LinkedIn). Nesse caso, todos são incentivados a trabalhar em rede de forma colaborativa, já utilizando sistemas organizacionais de gestão de atividades e tempo. Os “heróis” (especialistas em cada área) são convidados a ensinar os alunos na prática. No módulo de “Excelência em Atendimento”, por exemplo, líderes de grandes operações de e-commerce são os convidados-responsáveis para ministrar os ensinamento. 

É dentro desse método de “aprender fazendo” que os jovens desenvolvem um projeto de conclusão de curso – que pode ser um plano de marketing digital ou um e-commerce, por exemplo. O projeto é uma oportunidade para eles colocarem o aprendizado em prática e, consequentemente, acreditarem em suas capacidades. “É nesse momento que eles percebem que, sim, são capazes de executar tudo o que aprenderam”, vibra Edilaine.

Cada um dos três cursos (Marketing Digital, E-commerce e Introdução à Programação) tem uma grade estruturada: de duas ou quatro aulas, com 60 minutos para cada aula.

Semear e colher

Dentro desse compartilhamento de conhecimento, Helenice e Edilaine já colheram mais de 200 alunos. Para Helenice, a meta para 2021 é formar mil jovens de todo Brasil. “Muito mais do que um curso, estamos levando uma perspectiva real de carreira e oportunidade de empreendedorismo. Muitos dos nossos alunos começam a desenvolver lojas virtuais para o comércio local nas comunidades onde vivem. Isso é transformação digital na prática!”.

Assim como a tecnologia se transforma constantemente, A Liga Digital promete evoluir muito nos próximos meses. Além dos cursos online, o programa terá uma turma presencial em São Paulo e outra em Porto Alegre, em parceria com ARP (Associação Riograndense de Propaganda). Outra parceria acaba de ser conquistada com o Sebrae, Senac e todo sistema S.

E não para por aí: em 2021, as protagonistas do projeto irão oferecer cursos para pessoas acima de 60 anos. “A Liga Digital 60+ terá como objetivo ensinar esse público a tocar seus negócios no mundo digital. Além disso, fará a ponte com empresas com projetos de inclusão que possam encontrar grandes talentos com experiência e também já imersos no mundo digital”, explicou Edilaine.

Para concretizar esses projetos, entretanto, Helenice e Edilaine reforçam a necessidade de apoio de marcas que queiram somar esses sonhos. “Precisamos de empresas que, assim como nós, topam se desafiar e nos ajudar a formar o futuro do e-commerce no Brasil”, convidaram.

Frutos da Liga Digital

Gabriel Oliveira de Sousa, 18 anos, é um dos “guardiões” formados por A Liga Digital. Graças ao programa, hoje ele trabalha como assistente de E-Commerce desse programa e já faz freelas de projetos de e-commerce para lojistas. “No meu dia a dia, utilizo praticamente tudo o que aprendi no curso. Quem se forma em A Liga Digital é capaz de montar um negócio sem precisar recorrer a uma agência, por exemplo. Sem contar o repertório que você coloca em seu portfólio para apresentar em entrevistas”. Gabriel tem planos para o futuro de atuar na área de programação e, em torno dos 50 anos, abrir a sua própria agência. “O curso expandiu minha visão profissional. Como no futuro terei mais tempo hábil e experiência, será o momento de ter o meu próprio negócio sem medo”.

Assim como Gabriel, Elias Moreira Alves Monteiro, 20 anos, é outro guardião de A Liga Digital que saiu pronto para o mercado de trabalho. Hoje, inclusive, ele atua em um e-commerce de enxoval como responsável da área de marketplace. “Eu aprendi muito sobre a dinâmica de comportamento dentro das empresas. À época do curso, eu trabalhava em uma clínica de ortopedia, onde pude aplicar minhas técnicas aprendidas. O resultado foi uma turbinada no engajamento do público nas redes sociais”, brincou. Como projeto futuro, Elias diz estar ansioso para fazer uma faculdade de marketing e criar a sua própria marca para ajudar outros negócios. “Quero estar cada vez mais dentro desse mercado, pois sei que nos próximos 4, 5 anos o crescimento será de 50% a 54%”, prevê.

Por Giuliano Gonçalves, da Redação do E-Commerce Brasil – matéria publicada na revista E-Commerce Brasil – edição 60 – Dez.2020