O Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs) de janeiro mostra queda na movimentação das pequenas e médias empresas (PMEs) do Brasil. Em linha com o a retração de 0,9% de dezembro, a atividade no primeiro mês do ano caiu 1,5%.

De acordo com Felipe Beraldi, economista e gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, plataforma de gestão (ERP) na nuvem, a resiliência do mercado de trabalho não têm sido o suficiente. O cenário com desemprego em níveis baixos e rendimentos reais elevados, no final das contas, perde parte de sua relevância ao olhar para a macroeconomia.
“Os números acendem um sinal de alerta para o ano. Os empreendedores enfrentam um cenário econômico adverso de pressões de custos, altas taxas de juros e menor propensão das famílias ao consumo, mas esses fatores não devem restringir o crescimento. A expansão tende a ocorrer de forma mais moderada e alinhada ao ritmo da economia, puxada por segmentos mais dependentes da renda do que do crédito”, pontua.

Ele continua, comentando que o índice Sondagem do Consumidor, da FGV-IBRE, mostra uma perda de confiança nos últimos meses. “Isso é reflexo tanto da piora da situação atual, quanto da percepção financeira futura, que reforça um panorama mais desafiador para o consumo das famílias no curto prazo”, comenta.
Ainda segundo com o especialista, os setores mais atingidos pela desaceleração econômica foram Indústria e Serviços.
Análise setorial
O Comércio foi o único setor com desempenho positivo em janeiro de 2025 – avanço de 7,8% no faturamento real em relação ao mesmo período do ano anterior. O crescimento foi sustentado pelo segmento atacadista. As atividades de ‘comércio de fios e fibras beneficiados’, ‘comércio de resinas e elastômeros’ e ‘comércio de suprimentos para informática’ se destacam. No entanto, há sinais de alerta para o setor, como a queda na margem nos últimos dois meses, de -1,6% ao mês em relação a novembro de 2024, e a recente perda de fôlego do segmento varejista dentro deste segmento (-2,1% YoY em janeiro de 2025).
Em Serviços, os dados do IODE-PMEs mostram um faturamento 2,7% menor em janeiro, após retração de 1,9% em dezembro de 2024, concentrada nos segmentos de ‘alojamento e alimentação’, ‘educação’ e ‘atividades jurídicas, contábeis e de auditoria’. ‘Informação e comunicação’ e ‘atividades financeiras’ cresceram e evitaram um pior desempenho do mercado.
Já as PMEs da Indústria apresentaram perda de 3,4% no faturamento no período, após queda de 5,4% em dezembro. Dos 23 subsegmentos monitorados pelo IODE-PMEs, dez apresentaram retração no faturamento real em janeiro, com ênfase para as atividades de ‘confecção de artigos do vestuário e acessórios’ e ‘metalurgia’. Registraram avanço ‘impressão e reprodução de gravações’, ‘fabricação de móveis’ e ‘fabricação de produtos têxteis’.
As PMEs de Infraestrutura também apresentaram queda: 6,8% YoY em janeiro de 2025, mesmo depois de resultados positivos no quarto trimestre de 2024 (+9,7% YoY). Beraldi lembra que as taxas de juros e a menor confiança dos consumidores impactam a evolução das atividades da construção civil, que recuaram 8,5% YoY em janeiro.