Um verão curto, somado à grave crise econômica que reduziu o poder aquisitivo das famílias e, como consequência, a alimentação fora de casa, prejudicou um segmento que já vinha sentindo a retração por meio da saturação na oferta: o de sorvetes.
O mercado começou a encolher já no ano passado, quando o consumo do produto foi de 1,1 bilhão de litros no Brasil, contra 1,3 bilhão em 2014. Na perspectiva mais otimista, a Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes (ABIS) projeta a manutenção deste índice até o fim de 2016. Segundo a associação, o faturamento anual está em torno de R$ 12 bilhões.
Esse reflexo chegou a empresas como a Los Paleteros, precursora da febre das paletas mexicanas, produto que, além de sofrer com a retração, viu o consumo despencar em decorrência da saturação do mercado. A moda dos picolés de até 120 gramas, que se intensificou a partir de 2014, não sobreviveu a dois verões chuvosos e ao excesso de marcas e ofertas semelhantes. A saída, para o sócio-fundador e diretor executivo da marca, Gean Chu, foi deixar no passado os ‘sombreros’, chapéus típicos do México, e agregar outros valores à marca.
Pela primeira vez depois de três anos de atuação, a empresa lançou uma opção de doce com formato diferente. A linha de pequenas sobremesas pöese foi o primeiro passo rumo ao reposicionamento. “Quando percebemos players despreparados entrando no mercado e mudando muito o conceito que tentávamos trabalhar, que era o de produto premium, passamos à diversificação”, conta Chu.
A nova formatação chegou à tempo. A Los Paleteros fechou 2015 com 100 unidades franqueadas, número que foi reduzido a 70. O crescimento da marca, que no início foi exponencial, agora precisa ser sustentável. Para se ter uma ideia da aderência do público à moda lançada por Chu, em 2014, a Los Paleteros viveu um salto de 12 unidades para 71. No ano seguinte, esse número escalou para 102. “Foi um período de crescimento muito rápido, mesmo. Naturalmente alcançávamos dois dígitos em aumento de vendas para o consumidor final”, pontua o empresário. “Um número absurdo de concorrentes despreparados, porém, estragou nosso mercado.”
Para 2016, a grande aposta da Los Paleteros é o chamado cobranding, ou a parceria entre marcas para a criação de um novo produto. “Isso vem trazendo um aumento de vendas bem significativo”, comemora Chu, que lança, em média, 10 novos sabores de picolés por ano. “O mercado de sorvetes funciona baseado nas novidades.”