De alguns anos para cá, só se fala em Inteligência Artificial. Nas últimas semanas, no entanto, parece que o assunto ganhou ainda mais notoriedade com o lançamento da DeepSeek novos anúncios de mais assistentes virtuais.
Em entrevista para o E-Commerce Brasil, Diego Aristides, cofundador da Stellula, startup provedora de tecnologia profunda dedicada ao desenvolvimento de novas plataformas, negócios e produtos, falou sobre o impacto de novas IAs voltadas ao consumidor final e também ao varejo.

Para ele, é evidente que a IA tem o potencial de transformar a experiência de compra e transoformar a decisão em algo mais ágil e intuitivo. Ferramentas como ChatGPT, DeepSeek e Gemini permitem que os consumidores comparem produtos e preços rapidamente, sem precisar navegar por múltiplas fontes. Além disso, a personalização avançada e a integração entre canais físicos e digitais proporcionam uma experiência de compra mais fluida, desde que as empresas tenham uma estrutura de dados bem organizada.
Confira a entrevista na íntegra
ECBR: Nos últimos anos vemos um avanço exponencial de tecnologias, entre elas as Inteligências Artificiais voltadas para os usuários finais, e não programadores ou empresas. Como essa nova realidade vem afetando as relações dos consumidores com as empresas, principalmente com o varejo?
Diego Aristides: O consumidor hoje tem muito mais canais e dados para comparar produtos e serviços, e isso mudou completamente a dinâmica do varejo. Antes, a pesquisa era mais demorada – era preciso dar um ‘Google’, navegar por vários sites, ler fóruns de discussão, assistir a vídeos de análise… Agora, com poucas perguntas para uma inteligência artificial generativa, como o ChatGPT, o DeepSeek ou o Gemini do Google, ele recebe um resumo direto, comparando preços, características e avaliações de diferentes opções. Ou seja, a tomada de decisão ficou muito mais rápida e embasada.
Além disso, a inteligência artificial permite uma personalização avançada, recomendando produtos e ofertas sob medida para cada cliente, e integra a experiência de compra entre canais físicos e digitais, tornando a jornada mais fluida e conectada – desde que a empresa tenha uma estrutura de dados bem organizada.
ECBR: Sobre o lançamento do DeepSeek: logo após a divulgação do fenômeno outras pautas foram levantadas sobre a assertividade das respostas das assistentes virtuais. Como o mercado pode aproveitar essas tecnologias tão recentes (sem histórico de eficácia a longo prazo) sem comprometer suas operações com algo que pode não ser tão confiável assim?
Diego Aristides: O mercado pode aproveitar essas inovações de forma estratégica, utilizando a IA como um suporte para agilizar processos e melhorar a experiência do cliente, mas sempre mantendo supervisão humana, garantindo a LGPD e segurança dos dados.
Empresas que adotam IA precisam ter uma estrutura robusta de validação de dados e protocolos para garantir que as informações fornecidas sejam precisas e alinhadas ao negócio. Além disso, o uso dessas ferramentas deve ser progressivo e adaptável, testando sua eficácia em diferentes aplicações antes de depender totalmente delas para decisões críticas. Dessa forma, é possível aproveitar o potencial da IA sem comprometer a confiabilidade das operações.
Estamos vivendo um superciclo tecnológico e precisamos entrar nesse momento com muita atenção à tecnologia e principalmente criando espaços para que ela potencialize as capacidades humanas.
ECBR: Ainda essa semana ficamos sabendo que outras IAs estão sendo desenvolvidas e lançadas, como a do Alibaba. Haverá uma banalização da IA, ou essa expansão de possibilidades é positiva tanto para empresas quanto para usuários finais?
Diego Aristides: A expansão da inteligência artificial não significa uma banalização, e sim uma evolução do mercado. Estamos vendo um movimento global no qual empresas estão investindo em plataformas para a execução de modelos mais especializados, como os SLMs (Small Language Models), que são menores e mais eficientes. Em vez de termos um monopólio de grandes modelos generalistas, agora as empresas podem escolher a IA que melhor se adapta às suas necessidades. Essa é uma boa aposta da IBM e da AWS.
Essa diversificação é extremamente positiva porque permite que negócios adotem a IA de forma mais estratégica, reduzindo dependências de um único fornecedor e garantindo mais controle sobre a tecnologia. Modelos menores, personalização, segurança e uma integração mais fácil com operações empresariais.
ECBR: Por fim, quais são as suas expectativas para o desenvolvimento de novas tecnologias e o impacto delas no varejo em 2025?
Diego Aristides: A grande transformação que veremos em 2025 não será apenas tecnológica, mas comportamental. O consumidor, munido de IAs generativas que fazem comparações instantâneas, analisam avaliações e até negociam preços, se tornará ainda mais exigente. Isso significa que varejistas precisarão ser mais transparentes, ágeis e estratégicos para se diferenciar nesse novo cenário.
Os agentes autônomos de IA serão um dos maiores diferenciais no varejo em 2025. Veremos uma ascensão no uso de agentes virtuais, que, diferente dos chatbots tradicionais, poderão atuar de forma proativa e autônoma, negociando preços, respondendo clientes de maneira mais natural e até gerenciando partes da operação sem intervenção humana. No atendimento ao consumidor, por exemplo, esses agentes poderão personalizar interações em tempo real, ajudando na tomada de decisão do cliente e até realizando compras automáticas baseadas em preferências e padrões de consumo.
Fica evidente que a inteligência artificial não é apenas uma tendência passageira, mas um pilar
essencial para o futuro do varejo e dos negócios como um todo. No entanto, para que essa revolução traga resultados reais e seguros, as empresas precisam estar preparadas. Isso significa ter uma visão centrada no cliente, baseada no mapeamento de jornadas, dados estruturados e uma entrega de experiência UAU.
A IA só será realmente eficaz se for alimentada por informações bem organizadas, garantindo que as recomendações e interações sejam precisas e relevantes. Além disso, o cumprimento das leis de proteção de dados deve ser prioridade, não apenas para evitar penalidades, mas para criar uma relação de confiança com os consumidores. Estamos entrando em uma nova fase da inovação, onde as Deep Techs se tornam um diferencial competitivo real.