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Escassez de contêineres eleva em mais de 360% o valor dos fretes para o Brasil

Por: Dinalva Fernandes

Jornalista

Jornalista na E-Commerce Brasil. Graduada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada em Política e Relações Internacionais pela FESPSP. Tem experiência em televisão, internet e mídia impressa.

A escassez no volume de contêineres é um dos principais motivos para o aumento dos fretes de importação para o Brasil. De acordo com dados levantados pela Kestraa, startup especializada na gestão e monitoramento de cargas do comércio exterior, a mediana do frete da Ásia, um dos principais importadores do Brasil, subiu 363% entre junho de 2020 a junho deste ano, atingindo US$ 6,67 mil.

O cálculo foi feito com base nas medianas de preços envolvendo mais de 12 mil cargas transportadas entre Brasil e outros países desde 2020. No período da pesquisa, o maior valor foi registrado em fevereiro, quando chegou a custar US$ 10 mil. Mas a metodologia exclui transações muito mais caras e muito mais baixas do que a média, para evitar distorções.

No comparativo entre os anos de 2020 e 2022, a mediana do preço do frete global para o Brasil saiu de US$ 1,6 mil em janeiro de 2020 para US$ 2,6 mil em janeiro deste ano, aumento de 67%. O aumento dos preços teve início pouco antes do começo da pandemia, em março de 2020, se agravando com o lockdown, que provocou o fechamento de fronteiras e comércios.

“Uma quantidade significativa de contêineres foi retirada do mercado para uma reestruturação necessária ao período de isolamento. No entanto, mesmo após a reabertura, esse número permaneceu reduzido, aumentando a demanda por mais rotas e equipamentos, o que contrasta com a redução de ofertas, elevando os preços”, diz Marcelo Matos, sócio fundador da Kestraa.

A diferença entre os preços do frete global e do frete da Ásia é explicada pelo modal utilizado para transportar a carga, podendo serem usados modais terrestres, entre países da América do Sul, e modais marítimos e aéreos, entre países mais distantes. Contudo, o aumento dos valores para modais iguais deve-se à alta busca para pouca oferta.

Setor primário é o mais afetado pelo aumento nos preços

Os setores de baixo valor agregado são os que mais sofrem com os valores. Como têm produtos sensíveis a preço e impacto maior na conta final, acabam sendo os mais afetados. O varejo é muito impactado, mas não por causa do frete em específico, e sim devido à forma de comércio, segundo Matos.

A indústria e empresas de eletrônicos também são afetadas, porque precisam de componentes vindos de vários países. Objetos que vêm da Ásia sofrem muito porque, embora a China consiga ter uma indústria eficiente em custos, são produtos com baixo valor agregado.

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Fonte: Broadcast Estadão