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Entrevista: embalagem no embalo da sustentabilidade

Por: Dinalva Fernandes

Jornalista

Jornalista na E-Commerce Brasil. Graduada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada em Política e Relações Internacionais pela FESPSP. Tem experiência em televisão, internet e mídia impressa.

“O e-commerce é um mundo à parte”. A frase, de autor desconhecido, normalmente é usada para diferenciar o varejo digital do físico. A verdade é que no comércio eletrônico também estão presentes muitas das preocupações do dia a dia em sociedade e, quando o tema é sustentabilidade, o e-commerce não pode ficar de fora. Há muita coisa por trás de uma embalagem.

Mais do que saber se é feita de papelão, plástico, de material renovável ou não, o bom uso do que embala um produto que será entregue na casa do consumidor pode fazer toda a diferença na operação, na logística, na venda e no pós-venda. Embalar de forma equivocada pode trazer prejuízos incalculáveis para os negócios.

Flávia Moreira

Flávia Moreira é gerente de marketing na Sealed Air para os seguimentos de Fulfillment e Indústria na América Latina. Imagem: Reprodução/LinkedIn

Apesar de toda a importância, o tema embalagens ainda é pouco discutido no mundo do e-commerce. Com os novos tempos, em que velocidade e sustentabilidade se tornaram palavras obrigatórias na boa jornada do consumidor, o assunto passou a ser visto com melhores olhos.

Em maio deste ano, a Pernambucanas anunciou um ganho de até 2500% na produtividade da operação de embalagem dos produtos após automatizar processos. Os números chamaram a atenção do mercado.

Para explicar um pouco sobre como as embalagens e a sustentabilidade estão diretamente relacionadas à melhora do e-commerce, conversamos com Flávia Moreira, gerente de marketing na Sealed Air para os seguimentos de Fulfillment e Indústria na América Latina. Engenheira bioquímica com mais de 12 anos de experiência em Marketing e Gestão de Projetos, ela nos contou um pouco de suas duas paixões: embalagens e sustentabilidade.

E-Commerce Brasil: Como você enxerga o mercado de embalagens no e-commerce de hoje?

Flávia Moreira: A principal mudança que tivemos nos últimos anos é com respeito aos drivers, aos motivos que direcionam uma tomada de decisão. Esse é o principal ponto. Tem também a sustentabilidade. Hoje o consumidor é mais consciente, mais inteligente, e sustentabilidade é um critério de escolha. O mercado precisa estar alinhado ao que pensa o consumidor.

ECBR: Como as embalagens podem colaborar com a sustentabilidade do e-commerce?

FM: É um tema que eu amo! Existem algumas formas de a gente abordar a sustentabilidade no e-commerce. A primeira é discutindo as origens da embalagem, as características dela, se ela tem conteúdo reciclável seja pós-industrial ou pós-consumo, ou se aquele conteúdo terá um destino adequado.

Mas eu chamo a atenção para um outro ponto importante, que a gente precisa passar a olhar com mais rigor, que são os atributos de sustentabilidade. Isso significa que uma embalagem pode permitir uma redução de cubagem, por exemplo, o que reduz o frete agregado, reduz o consumo de combustível, e tudo isso também é sustentabilidade.

Quando a gente pensa em composição de material, temos que trazer uma visão para a economia circular. Aquela embalagem faz parte de uma economia circular? Ela está contribuindo para a redução de produção de carbono?  E tem um outro ponto que eu vejo como crucial quando falamos de sustentabilidade trazida pela embalagem no e-commerce. Quando um produto é entregue danificado, isso traz muitas dores de cabeça para o varejista e para o consumidor. Na hora, o que se pensa é que o cliente foi perdido, mas tem um impacto ambiental nisso também. Assim, a utilização de uma embalagem que impede danos está diretamente relacionada à sustentabilidade.

ECBR: Acredita que o consumidor brasileiro pode deixar de comprar de uma determinada marca ao saber que ela não se importa com a natureza?

FM: Eu vejo que sim. Principalmente nas gerações mais jovens, tem gente que deixa de comprar por conta de embalagem. Por outro lado, houve uma desaceleração disso na pandemia. O termo sustentabilidade esfriou um pouco no geral e só agora está voltando. É importante as empresas estarem bem preparadas, com soluções, com automações, porque o tema vai voltar com tudo.

ECBR: É possível criar uma marca através de uma embalagem exclusiva?

FM: Pensando em embalagem primária, eu acho importante o conjunto. Não basta só a embalagem ser sustentável, reciclável, de fonte renovável, mas a jornada do produto não refletir ou não acompanhar a característica da embalagem, Agora, se a embalagem estiver associada ao produto e tudo for de forma sustentável, sim, vejo que é possível criar uma marca em cima disso.

ECBR: É possível aumentar a receita de um e-commerce por conta das embalagens?

FM: Não tenho dúvida disso. Quando a gente fala de uma escolha de embalagem física para e-commerce, a embalagem tem o poder de traduzir aquela experiência de gôndola para a porta da casa do consumidor. É uma ferramenta muito poderosa! Pode ser através de comunicação de marca, pode ser através de uma impressão na embalagem, o varejista pode especificar a origem da embalagem, o destino e também pode customizar, se for o caso de um presente. A embalagem é uma poderosa ferramenta de conquista do consumidor, e isso reflete na receita.

ECBR: De que forma a automação de embalagens beneficia uma operação?

FM: Automação de embalagem tem como um dos principais objetivos produzir mais com menos ou com o mesmo tempo. Quando a gente pensa em aumentar a produtividade, aumenta também a capacidade e, assim, reduz mão de obra, permitindo que o processo manual possa ser aproveitado em outras áreas da operação.  Normalmente, quando você também automatiza o processo, acaba reduzindo a quantidade de insumos, e tudo isso é dinheiro. Tudo isso vai refletir na receita e na velocidade da operação.

Este texto foi retirado da Edição 65 da Revista E-Commerce Brasil, publicada em outubro de 2021

Por Gustavo Freitas, da Redação do E-Commerce Brasil

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