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Para especialista americana, considerar critérios ESG pode determinar o futuro das empresas nos próximos anos

Por: Giuliano Gonçalves

Jornalista do portal E-Commerce Brasil, possui formação em Produção Multimídia pelo SENAC e especialização em técnicas de SEO. Sua missão é espalhar conteúdos inspiradores.

Para Marta Dalton, vice-presidente da Amyris e especialista em Data Analytics e Customer Insights, o maior dificultador para a implementação dos critérios de ESG (práticas voltadas ao meio ambiente) nas empresas é a própria empresa. “Se uma companhia quer aperfeiçoar sua estratégia focada no ESG, ela terá de se comprometer a ter pessoas para auditar, rastrear e gerenciar tudo o que é necessário para abordar os critérios para tal”, afirma. No entanto, quanto antes um negócio tiver seus processos alinhados a essas práticas, maior serão as chances de ele se destacar na concorrência.

Imagem de uma tecla verde de computador com as letras ESG

Somente no Brasil, fundos ESG captaram R$ 2,5 bilhões em 2020. Mais da metade desta captação veio de fundos criados nos últimos 12 meses, o que valida a busca por adoção rápida por parte das empresas.

Para ter ideia dessa importância, um relatório da PwC mostra que, até 2025, 57% dos ativos de fundos mútuos na Europa estarão em fundos que consideram os critérios ESG — cerca de US$ 8,9 trilhões. Além disso, 77% dos investidores institucionais pesquisados pela PwC disseram que planejam parar de comprar produtos que não seguem tais critérios nos próximos dois anos. E Dalton, que atua no ramo de produção e venda de produtos de consumo de beleza limpa (e irá palestrar no Fórum E-Commerce Brasil na próxima semana, inclusive), sabe muito bem da urgência dessa adaptação do mercado.

Um olho no peixe e outro no ESG

Em uma entrevista exclusiva para o E-Commerce Brasil, Dalton afirma que mais e mais organizações estão focando na sustentabilidade. Dentro do e-commerce, entenda como embalagens, produtos e processos mais sustentáveis. “Costumo dizer que a melhor parte do comércio eletrônico é que ele traz mais transparência. E o desafio é… Trazer mais transparência”. No entanto, no mundo da sustentabilidade, Dalton garante que o e-commerce permite que os consumidores tenham uma visão não apenas dos ingredientes, mas da história profunda por trás dos produtos e dos produtores.

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Diante dessa afirmativa, perguntamos à executiva se as marcas estão empenhadas em conectar e educar os consumidores em relação ao ESG no e-commerce. Para a sorte do planeta, Danton diz que muitas delas já trazem essa transparência para o comércio eletrônico. E isso ocorre, segundo ela, porque os consumidores estão cada mais exigentes sobre como e onde os produtos são feitos. “À medida que as pessoas se tornam mais informadas sobre os efeitos dos ingredientes dos produtos (em relação à saúde e ao meio ambiente), mais se investe no desenvolvimento de produtos limpos”.

Maiores responsáveis pela “exigência” por produtos amigos do meio ambiente, os consumidores Millennials e da Geração Z têm mudado o comércio como se conheceu até pouco tempo. Nos últimos anos, 78% e 84% destas gerações, respectivamente, declararam optar por este tipo de investimento (ESG). Somente no Brasil, segundo um estudo feito pela Morningstar, fundos ESG captaram R$ 2,5 bilhões só em 2020. Aliás, mais da metade desta captação veio de fundos criados nos últimos 12 meses, o que valida a busca por adoção rápida por parte das empresas.

Mas, como trabalhar a questão ESG no e-commerce?

Questionamos a especialista sobre como investir em embalagens e logística mais sustentável, porém, sem comprometer a agilidade e os custos de entrega. Para ela, esta questão dependerá mais do produto a ser produzido/comercializado. “A tecnologia é a base para manter a agilidade e o baixo custo dos processos logísticos, ao mesmo tempo em que pode incluir benefícios de sustentabilidade. Por isso, muitas vezes é necessário que uma empresa invista nos processos e na tecnologia muito antes de obter os benefícios de emissões mais baixas ou embalagens mais sustentáveis. Além disso, a empresa deve estar ciente de que o retorno deste investimento virá no longo prazo”, ressalta.

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Sobre o engajamento de outros perfis de consumo, tal como Geração X e Baby Boomers, Dalton destaca o grande potencial de compras desses consumidores. “São pessoas que têm uma característica de pesquisar online os produtos antes da compra. Portanto, ainda que a mídia digital não seja o cerne do processo de compra, para todas as gerações ela é um dos principais influenciadores do processo. Para este público, então, é preciso criar experiências ESG que cruzem o físico e o digital, uma vez que elas tendem a ter o melhor desempenho”.

Vale destacar que os investimentos em práticas ESG já são considerados um caminho sem volta. Um levantamento da americana RSM em 2021 aponta um aumento considerável no número de executivos de empresas de médio porte que se dizem familiarizados com o assunto. Como comparativo, o número passou de 39% no quarto trimestre de 2019 para 69% no terceiro trimestre de 2021.

Por Giuliano Gonçalves, da redação do E-Commerce Brasil