Preocupados com o futuro, muitos consumidores brasileiros estão controlando bem suas carteiras. Nos últimos 15 anos, o Brasil desfrutou de um período econômico estável promovido por um forte mercado de consumo. Apesar do crescimento econômico do país agora estar devagar – o apetite do consumidor por gastar se mantém. E mesmo diante desse cenário de consumo projetado para crescer devagar, no geral, as cidades do interior do Brasil estão contrariando essa tendência conforme a demanda crescente vai migrando para o interior.
Até 2020, estima-se que os consumidores das regiões interioranas sejam responsáveis por mais de 45% do crescimento do setor de varejo, ou $60 bilhões em novas compras (dada a volatilidade das taxas de intercâmbio, esses números são aproximados). Poucos varejistas do país estão preparados para capitalizar essa oportunidade de crescimento, a maioria porque estão focando seus esforços quase que exclusivamente nas cidades mais populosas e caras do país.
Essa incompatibilidade entre o local das lojas de varejo atuais e os locais de demanda futura é impressionante. Como o consumo nas localidades que lideram hoje está mais lento e a demanda de consumo muda para o interior, os varejistas precisam determinar como irão alcançar esses mercados.
Mudar-se para as cidades do interior do Brasil parece um novo desafio que pode ser difícil para os varejistas em termos de custos. Por conta da população interiorana ser menor em densidade, a demanda de consumo é mais fragmentada, tornando difícil alcançar o mínimo de fatores que alertam a presença do varejo moderno de lojas de rede (versus a tradicional loja matriz) visto em áreas urbanas. Distribuição e logística também são problemáticas.
O interior é mais difícil de alcançar e mais custoso para atender considerando os fornecedores tradicionais. Outro obstáculo é encontrar gestores locais para as lojas e representantes comerciais com as habilidades necessárias, conhecimento e educação. Finalmente, muitos varejistas não têm conhecimento dos padrões de compra, preferências, comportamentos dos consumidores no interior do Brasil, que gastam de forma diferente nas áreas urbanas no mesmo nível de impostos.
Por conta desses desafios – demanda fragmentada, alto custo da operação, falta de profissionais qualificados locais e falta de conhecimento sobre o consumidor – a maioria dos líderes em varejo deve encontrar formas de superar esses desafios.
Fonte: BCG Perspectives